‘Brasil teve sucesso onde EUA falharam’, diz jornal New York Times sobre condenação de Bolsonaro

Artigo no New York Times diz que “Brasil teve sucesso” em punir Bolsonaro, onde EUA “falharam” com Trump
O jornal The New York Times destacou a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro como um marco na responsabilização de líderes políticos por ataques à democracia. A análise foi assinada por Steven Levitsky, professor de Harvard e autor de Como as Democracias Morrem, e por Filipe Campante, professor da Johns Hopkins University. As informações são do g1.
Segundo os articulistas, a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) no Brasil contrasta diretamente com os Estados Unidos, onde o atual presidente Donald Trump, mesmo após tentar reverter o resultado eleitoral em 2020, não foi preso e voltou à Casa Branca. “Na prática, a administração dos EUA está punindo os brasileiros por fazerem algo que os americanos deveriam ter feito, mas não fizeram: responsabilizar um ex-presidente por tentar reverter uma eleição”, escreveram Levitsky e Campante, em referência à invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021.

Condenação no STF
Por 4 votos a 1, os ministros da Primeira Turma do STF consideraram Bolsonaro culpado em cinco crimes apontados pela Procuradoria-Geral da República: tentativa de golpe de Estado, organização criminosa, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. A pena totaliza 27 anos e 3 meses de prisão, além da inelegibilidade por oito anos após o cumprimento da sentença.

Tensões com os Estados Unidos
O New York Times afirmou que a condenação deve ampliar o conflito diplomático entre Brasil e Estados Unidos. O jornal relatou que a Casa Branca tentou pressionar para barrar o processo por meio de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, de uma investigação comercial e até da aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes.
“Em vez disso, vários juízes brasileiros criticaram as tentativas dos EUA de intervir ao votarem pela condenação”, registrou o veículo.

Repercussão internacional
A decisão mobilizou grandes veículos da imprensa mundial:
• New York Times: descreveu Bolsonaro como líder de uma conspiração fracassada que pretendia dissolver tribunais, dar poder às Forças Armadas e até assassinar o presidente eleito.

• Reuters: ressaltou que ele é o primeiro ex-presidente condenado por atentado contra a democracia, lembrando o voto isolado de Luiz Fux pela absolvição.

• The Guardian: afirmou que Bolsonaro tentou “aniquilar a democracia” e alertou para possíveis contestações jurídicas futuras.

• Washington Post: destacou que o julgamento divide a sociedade e que Bolsonaro segue sendo um ator político influente, capaz de indicar um herdeiro para as eleições de 2026.

• Wall Street Journal: avaliou que a decisão inflama a disputa entre Donald Trump e Lula, lembrando das tarifas impostas pelo presidente americano contra o Brasil.

• Bloomberg: apontou que Bolsonaro acusa o STF de perseguição política e citou projetos de anistia em discussão no Congresso, embora com pouca adesão no Senado.

• The Economist: relembrou a fala de Bolsonaro em 2022, quando afirmou que não seria preso, e classificou a decisão como histórica em um país marcado por golpes.

• El País: disse que o Brasil deu um “passo importante contra a impunidade”, sublinhando a pressão internacional e o voto decisivo da única ministra do STF.

• BBC: explicou que a trama golpista terminou com os ataques de 8 de janeiro de 2023, lembrando que apenas um ministro votou contra a condenação.

• Clarín: classificou o julgamento como “histórico” e destacou que Bolsonaro está em prisão domiciliar desde agosto.

Brasil 247

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