O profundo desentendimento entre o presidente Javier Milei e sua vice-presidente Victoria Villarruel, que nem sequer se falam, aprofunda a crise atual do governo argentino, destaca reportagem da Prensa Latina.
Milei atacou Villarruel, chamando-a primeiro de “traidora” e, mais recentemente, de “traidora bruta”. O porta-voz presidencial Manuel Adorni acaba de dizer que ela “não faz mais parte do governo”.
A Casa Rosada não esconde mais a ruptura e a crise política que eclodiu. O porta-voz confirmou à imprensa que Milei “acredita que a vice-presidente não está na gestão há muito tempo” e que também não está envolvida “no dia a dia”.
Assessores de Milei chegaram a dizer que a vice-presidente não faz mais parte do projeto político La Libertad Avanza (LLA).
A ministra da Segurança, Patricia Bullrich, que segundo rumores estaria buscando cargos como Chefe de Gabinete ou Ministra da Economia, também se juntou à ofensiva contra Villarruel, que, como vice-presidente da Nação, também atua como chefe do Senado argentino.
A crise eclodiu há duas semanas, depois que a vice-presidente permitiu a discussão e aprovação na Câmara Alta de leis inconvenientes para o presidente, que ameaçou vetá-las após se recusar a negociar investimentos sociais e públicos.
Essas iniciativas incluem o aumento das pensões, a manutenção da moratória das pensões, o aumento dos fundos para famílias com membros deficientes e a distribuição das contribuições do Tesouro Nacional e sua parcela correspondente da receita do imposto sobre combustíveis entre as províncias.
No mesmo dia, Milei chamou Villarruel de traidora pela primeira vez em um discurso diante de corretores da bolsa.
A vice-presidente respondeu que, se Milei quisesse economizar dinheiro, deveria parar de fazer viagens desnecessárias e distribuir o orçamento do governo de forma mais eficaz, além de retirar fundos dos cofres abarrotados da Secretaria de Inteligência do Estado.
Mais recentemente, Villarruel questionou no Instagram a preparação das listas de candidatos do LLA para as eleições legislativas na província de Buenos Aires em 7 de setembro, um processo liderado por Sebastián Pareja sob a supervisão de Karina Milei, Secretária Geral da Presidência e atual líder do Partido Libertário.
A vice-presidente fez coro à opinião de Claudio Venchiarutti, advogado e apoiador da ex-presidente Cristina Fernández, que considera os ataques contra ela uma “cortina de fumaça política decadente, que busca claramente desviar a atenção de listas fracas e negociações fracassadas.
O advogado foi além, apontando que as listas da LLA de Buenos Aires são dominadas por uma “casta” de “pessoas pouco apresentáveis, incapazes de resolver os problemas estruturais que assolam o país”.

Brasil 247