Chapecoense: pilotos falaram sobre pouco combustível mais duas horas antes de avião cair, mas continuaram voo normalmente

Publicado em 28 de abril de 2018

A Aeronáutica Civil da Colômbia apresentou nesta sexta-feira (27) as conclusões do relatório final do desastre do avião da Chapecoense, apontando que, 40 minutos antes do acidente, a aeronave já estava em emergência por falta de combustível e a tripulação nada fez, mesmo tendo indicação na cabine, como luz vermelha e avisos sonoros.
Os investigadores chegaram a essa conclusão ao analisar a caixa-preta, que contém gravadores de dados de voz e de voo.
A investigação concluiu também que o avião tinha 2.303 quilos de combustível a menos do que deveria levar para a viagem. Segundo as normas internacionais, um voo deve ter combustível para chegar ao aeroporto de destino, mais o suficiente para um aeroporto alternativo, caso haja problemas, e ainda mais 30 minutos de reserva.
O mínimo para cumprir os regulamentos internacionais naquele voo era um total de 11.603 quilos de combustível, segundo a investigação. Mas a aeronave da Lamia tinha apenas 9.300 quilos de combustível.

Sem escala
O avião da empresa Lamia caiu levando a delegação do time catarinense no dia 28 de novembro de 2016, deixando 71 mortos. A investigação confirma que o combustível do avião era insuficiente para o voo entre Santa Cruz, na Bolívia, e Medellín, na Colômbia.
O acidente ocorreu por esgotamento de combustível como consequência da falta de gestão de risco apropriada pela Lamia, afirmou a autoridade de aviação civil colombiana, que classificou a situação como algo “inconcebível de acontecer”.
Sem o combustível, os motores pararam de funcionar e o avião planou até bater.

Entre as principais conclusões apresentadas na Colômbia estão:
• 40 minutos antes do acidente, o avião já estava em emergência e a tripulação nada fez. Houve indicação, luz vermelha e avisos sonoros, na cabine. “A tripulação descartou uma aterrisagem em Bogotá ou outro aeroporto para reabastecer”, diz o documento.
• o controle de tráfego aéreo desconhecia a “situação gravíssima” do avião.
• a tripulação era experiente, com exames médicos em dia.
• o contrato previa escala entre Santa Cruz e o aeroporto de Medellín, mas a empresa planejou voo direto.
• a Lamia estava em situação financeira precária e atrasava salários aos funcionários. A empresa sofria de desorganização administrativa.
• a Lamia não cumpria determinações das autoridades de aviação civil em relação ao abastecimento de combustível. Quando foi apresentado o relatório preliminar, já havia sido destacado que o piloto estava consciente de que o combustível que tinha não era suficiente. O piloto, Miguel Quiroga, “decidiu parar em Bogotá, mas mais adiante mudou de ideia e foi direto para Rionegro”, onde o avião caiu.
• A Colômbia deve melhorar controles sobre voos fretados.

A Aeronáutica Civil colombiana reforçou que o relatório final não se destina a apontar culpados para que sejam punidos, mas esclarecer as circuntâncias do acidente para permitir que sejam adotadas medidas preventivas que evitem novos acontecimentos como o da tragédia da Chape.
O relatório final conta com dados que o preliminar não tinha, como a análise das caixas pretas e documentos relativos à situação da empresa.
G1

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