Dois anos sem Ana Sophia: Polícia nunca investigou suspeito próximo à família, citado por testemunhas

Sexta-feira, 4 de julho de 2025. A data marca o registro de dois anos do desaparecimento da menina Ana Sophia, na oportunidade com 8 anos de idade, caso acontecido no município de Bananeiras, interior da Paraíba. Dois anos após seu sumiço tudo continua sendo um mistério, sem ninguém saber o que realmente aconteceu, e se a garota está viva ou morta.
Outra pergunta sem resposta durante todo esse tempo diz respeito à investigação em torno do caso, principalmente sobre o motivo da polícia nunca ter investigado um homem próximo à família de Ana Sophia, citado por testemunhas e apontado como alguém que teria tentado abusar não só da menina, mas também de irmãs dela. Esse homem nunca foi ouvido pela polícia, apesar do relato das testemunhas.
Pelo relato delas, o fato teria acontecido quando a menina estava na casa de uma amiguinha de escola, e entrou no quarto desse homem (pai de sua amiguinha) e logo em seguida teria saído com ´cara de choro´. Ela então voltou para sua casa, onde teria chegado agitada e dizendo que queria tomar banho. A situação causou estranheza aos familiares.
Quando desapareceu, em 4 de julho de 2023, a garota também tinha ido para a casa de uma amiguinha da escola, só que segundo os relatos da investigação, as pessoas da casa estavam de saída e ela teria iniciado o retorno para sua residência, mas nunca chegou de volta. A investigação mostra que Ana Sophia passou pela casa de Tiago Fontes (marido de uma de suas professoras) e teria entrado lá. A partir desse momento ela nunca mais foi vista, viva ou morta.

A INVESTIGAÇÃO
A polícia investigou o caso e apontou Tiago Fontes como único suspeito, e em seguida como responsável pelo desaparecimento da garota, inclusive chegando a conclusão que ele matou e escondeu o corpo da menina, sendo o crime cometido por motivação sexual. Tiago sempre negou o crime e ao ser ouvido na delegacia disse que nem viu a menina na sua casa.
Apesar das buscas feitas por bombeiros, polícia, voluntários e todo um trabalho com uso de cães farejadores, nenhum vestígio da menina foi achado nem qualquer indício do que realmente aconteceu. A casa de Tiago foi periciada, assim como seu carro, mas nada que pudesse ligá-lo ao crime descrito pela polícia foi encontrado.
Quando completou 4 meses do sumiço de Ana Sophia foi a vez de Tiago também sumir. Dois meses depois ele foi encontrado morto e com o corpo pendurado numa árvore numa região de mata também em Bananeiras. A conclusão do caso é que ele se suicidou por enforcamento. Agora o caso completa dois anos e continua no mais absoluto mistério. Diante de tudo isso, a família da menina desaparecida continua cobrando uma resposta das autoridades e não quer que o caso seja arquivado. O pedido é que haja novas investigações, inclusive sobre esse homem citado por testemunhas, mas nunca ouvido sobre o caso.

ENTENDA
O desaparecimento da menina Ana Sophia, no distrito de Roma, em Bananeiras (PB) completa dois anos nesta sexta-feira (4) e o caso continua no mais profundo mistério e com muitas perguntas sem resposta. A Polícia Civil encerrou oficialmente a investigação, produzindo um relatório de 90 páginas, mas até hoje o Ministério Público não se pronunciou sobre o caso. Resumindo: a polícia não resolveu e a Justiça não se pronunciou.
O documento entregue à Justiça mantém todas as afirmações feitas sobre o caso, ou seja, que Ana Sophia, de 8 anos, foi morta e seu corpo foi ocultado. O relatório final da investigação reafirma que Thiago Fontes é o único responsável pelo crime, tendo sido o autor material da morte da menina e em seguida pela ocultação do seu corpo.
O inquérito foi enviado antes para a Justiça por duas vezes, mas o Ministério Público devolveu, sempre pedindo mais diligências, uma vez que considerava não haver provas contra o único suspeito, apesar de todas as afirmações e certezas policiais.
Conforme foi apurado pela investigação policial Ana Sophia saiu de casa no dia 4 de julho de 2023, foi na residência de uma amiguinha de escola e em seguida teria iniciado uma caminhada de volta para casa, só que nunca chegou ao seu destino. No meio do caminho, segundo o relatório final, a menina teria entrado na residência de Tiago Fontes e a partir desse momento não foi mais vista viva ou morta e ninguém teve mais nenhuma informação sobre seu paradeiro.
Nas 90 páginas do relatório conclusivo há todo um relato da investigação, certezas e afirmações, e um passo a passo completo da dinâmica de um crime sobre o caso do desaparecimento da menina, feito pela Polícia Civil. Por sua vez, o advogado Marcus Alânio, que representa Thiago Fontes, afirma que mesmo com toda investigação, indiciamento e conclusão de que Thiago Fontes é o autor do crime não há provas contra ele. Ele também disse não saber por que o homem próximo à família da garota, e citado por testemunhas como suspeito, nunca foi investigado.
Marcus Alânio disse que continua esperando o pronunciamento do Ministério Público para se posicionar oficialmente sobre o assunto e adotar alguma providência sobre a participação, ou não, de seu cliente. Ele considera que dependendo do posicionamento do Ministério Público poderá entrar com uma ação indenizatória em favor de seu cliente, contra o Estado, já que no seu entendimento houve denúncia, acusação, imputação de crime, pressão psicológica, responsabilidade e indiciamento “tudo sem uma única prova”, o que teria levado, inclusive, Thiago Fontes a cometer suicídio.

Por Apolinário Pimentel

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