Eduardo Bolsonaro ´exige´ anistia ampla para diálogo com os EUA, após críticas de Michel Temer

Em resposta ao ex-presidente Michel Temer (MDB), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou que não há possibilidade de diálogo com os Estados Unidos enquanto não houver “anistia ampla, geral e irrestrita”. A reação veio após Temer divulgar, nesta quarta-feira (23), um vídeo em que condena as recentes medidas do governo norte-americano contra o Brasil, mas defende o diálogo como solução para a crise. As informações são do Metrópoles.
A publicação de Temer na rede social X criticou a elevação de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros e o cancelamento de vistos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), classificando as ações como “injustificáveis e inadmissíveis” e advertindo contra “bravatas ou agressões”. Para o ex-presidente, “eventuais respostas devem respeitar os tratados internacionais e a Constituição brasileira”, ressaltando que “devemos agir e reagir como a nação livre e soberana que somos, sem excessos de ambas as partes”.
A fala, contudo, encontrou resistência no campo bolsonarista. Também por meio da plataforma X, Eduardo Bolsonaro rebateu Temer com tom desafiador: “Para haver diálogo com quem prende velhinhas inocentes, o regime tem que recuar. O primeiro passo é a anistia ampla, geral e irrestrita. Sem isso, não haverá diálogo”, escreveu o deputado, em referência direta à prisão de apoiadores de seu pai após os ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023, que culminaram na invasão das sedes dos Três Poderes, em Brasília.
Além da polêmica, Eduardo Bolsonaro é alvo de investigação da Polícia Federal, no âmbito de inquérito que tramita no STF. O processo, sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes, envolve suspeitas de coação no curso do processo, obstrução de investigação sobre organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. O deputado é acusado de ter incentivado o governo dos EUA a aplicar sanções contra autoridades brasileiras, alegando perseguição política.
Por decisão de Moraes, Eduardo teve o celular apreendido, está impedido de usar redes sociais, não pode deixar Brasília, precisa permanecer em casa à noite e utiliza tornozeleira eletrônica. A investigação inclui ainda seu período nos Estados Unidos, onde o parlamentar se afastou da Câmara e atuou na defesa de medidas de retaliação contra integrantes do STF, da Procuradoria-Geral da República (PGR) e da Polícia Federal.
A crise diplomática se intensificou no início deste mês, quando o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a aplicação de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. A decisão foi formalizada em carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que prometeu reagir com base na Lei da Reciprocidade Econômica, aprovada recentemente. O dispositivo autoriza o Brasil a adotar contramedidas em casos de ações unilaterais que prejudiquem a competitividade nacional.
Em seu apelo por moderação, de acordo com a reportagem, Temer declarou que “quando a tempestade se forma, o caminho para encontrarmos uma saída é procurando abrigo no porto seguro do diálogo”. Apesar da tentativa de apaziguamento, o discurso do ex-presidente não encontrou eco entre aliados de Jair Bolsonaro (PL), que seguem insistindo em discursos de enfrentamento institucional e exigências de anistia para os envolvidos nos atos golpistas de 2023.
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Brasil 247/Metrópoles