Estado do RJ tem o pior índice de roubo de celulares dos últimos 15 anos
Publicado em 20 de maio de 2018O Estado do Rio de Janeiro registrou o pior índice de roubo de celulares nos últimos 15 anos, se comparados os quatro primeiros meses de cada ano.
Em 2018, foram mais de 8,5 mil celulares roubados apenas entre janeiro e abril, média de 70 por dia. A cada hora, pelo menos dois celulares são roubados – sem contar os que não são notificados à polícia.
O índice é o maior desde 2013, ano em que o Instituto de Segurança Pública do Rio começou a registrar o delito. Se comparado com o mesmo período de 2013, foram 2,3 mil roubos de celulares a mais registrados no estado: aumento de 38%.
Apenas na capital fluminense, foram mais de 4,8 mil aparelhos roubados nos quatro primeiros meses de 2018. O dado corresponde a mais de 50% dos crimes registrados em todo o estado.
O G1 questionou a Polícia Militar sobre o recorde registrado no estado, mas até a publicação desta reportagem não obteve resposta.
Tragédia na Ilha
A jovem Soraia Macedo de Lemos, de 17 anos, foi uma das vítimas do crime, que teve desfecho tráfico. Ela foi assassinada na noite da última terça-feira (15), durante assalto na Ilha do Governador.
Segundo informações de policiais da 37ª DP (Ilha do Governador), pessoas que passavam pelo local no momento do crime disseram que dois bandidos armados abordaram a jovem para roubar seu celular.
Uma das hipóteses para a execução é a de que, após pegarem o aparelho de Soraia, os ladrões teriam ficado irritados por não conseguirem desbloquear o aparelho. Um deles atirou na cabeça da jovem.
Uma testemunha, no entanto, levantou outra possibilidade: a de que o criminoso teria reconhecido a vítima e, como medo de ser identificado, disparou. A Divisão de Homicídios investiga o caso.
A menina foi enterrada na quinta-feira (17) no Cemitério da Cacuia, no mesmo bairro. Após o enterro, Cristiane Rodrigues, mãe da adolescente, fez um apelo por justiça e mais segurança.
“Que essa minha dor não se repita com mãe nenhuma. Que com a vida da minha filha dê um basta, que não venha a acontecer com o filho de ninguém. Que a justiça venha. Que venha a fazer justiça de verdade e que não venha tampar os olhos. Que venha acabar por aqui”, lamentou a mãe.
Roubos milionários
Além de assaltos a pedestres e motoristas, quadrilhas têm se especializado em roubar cargas de telefones. Em uma semana de abril, duas grandes ações somaram cerca de R$ 6 milhões em aparelhos roubados.
No dia 18, três homens levaram celulares de última geração no Terminal de Cargas do Aeroporto Internacional Tom Jobim, na Ilha do Governador. A carga estava no galpão da Gol e foi transportada para o Complexo da Maré, conforme registrado pelo dispositivo de segurança dos aparelhos.
Segundo o Sindicato de Empresas de Transporte Rodoviário e Logística do Rio (Sindicarga), o lote roubado foi de aparelhos Samsung Galaxy S9 e valia US$ 1 milhão, o equivalente na época a R$ 3,4 milhões. O modelo ainda nem tinha sido lançado no Estado.
Alguns dias antes, bandidos assaltaram uma carga de iPhones na Avenida Brigadeiro Trompowski, na Zona Norte do Rio, região próxima do aeroporto. O valor da carga roubada, segundo a Polícia Civil, era de R$ 2,6 milhões.
Levantamento feito pelo sindicato aponta que os celulares roubados são distribuídos de forma pulverizada: parte é distribuída para lojas dentro de favelas, parte vai para o comércio irregular no Centro, e ainda é possível que alguns aparelhos sejam vendidos em sites.
A Polícia Civil do Rio diz que vem investigando os roubos e já identificou vários criminosos que participaram dessas ações.
A Polícia Militar declarou que continua atuando na prevenção de crimes com patrulhamento ostensivo, mas alegou que os números da violência refletem um cenário de crise, que não depende apenas da PM para ser revertido.
G1