Israel ataca hospital em Gaza deixando 20 mortos, incluindo 5 jornalistas. Para Netanyahu foi um `acidente´

Um ataque em sequência de Israel a um hospital no sul da Faixa de Gaza nesta segunda-feira (25) deixou 20 mortos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo grupo terrorista Hamas.
Cinco vítimas eram jornalistas da imprensa internacional. As agências Reuters e Associated Press confirmaram que funcionários foram mortos nos ataques. Eles foram identificados como:

• Hussam al-Marsi, repórter da Reuters;
• Mariam Dagga, videojornalista e colaboradora da Associated Press;
• Mohammad Salama, fotógrafo da TV catari Al Jazeera;
• Moaz Abu Taha, que prestava serviços à TV americana NBC;
• Ahmed Abu Aziz, que trabalhava para veículos árabes.

A Reuters disse que outro funcionário, o fotógrafo Hatem Khaled, ficou ferido em um dos bombardeios.
Uma transmissão ao vivo da Reuters que era feita de cima do hospital no momento da primeira explosão foi interrompida.
Imagens registraram, de dentro e de fora do hospital, o momento em que o segundo míssil atinge o hospital.
O hospital foi atingido com dois mísseis. Testemunhas disseram à Reuters que houve um intervalo entre os dois ataques: a segunda ofensiva, de acordo com os relatos, ocorreu depois que equipes de resgate e jornalistas estavam no local.
O Exército israelense confirmou o ataque e disse não ter tido jornalistas como alvo e afirmou que abriria uma investigação. “Deixe-me ser claro: as Forças de Defesa de Israel não miram civis”, disse um porta-voz do órgão.
O primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, classificou o ocorrido como um “acidente trágico”.
Israel não permite a entrada em Gaza de repórteres de agências de notícias ou grandes veículos internacionais para cobrir o conflito, o que contraria diretrizes da ONU que asseguram o direito da presença de jornalistas dentro de zonas de guerra. Para contornar a questão, meios de comunicação internacionais contratam jornalistas locais para reportarem a situação de dentro do enclave.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou “não estar feliz” com o ataque israelense: “Não quero ver isso”, disse durante coletiva na Casa Branca —os EUA são os maiores aliados de Israel. Trump fez novos apelos por um acordo para a libertação dos reféns israelenses ainda em poder do Hamas.
A Reuters lamentou a morte de Hussam al-Masri, e disse que o fotógrafo Hatem Khaled, outro palestino que prestava serviços à agência, ficou ferido no ataque. Uma transmissão ao vivo que Hussam operava foi interrompida abruptamente no momento do ataque inicial, segundo imagens da agência.
“Estamos devastados com a notícia da morte do contratado da Reuters Hussam al-Masri e dos ferimentos de outro de nossos contratados, Hatem Khaled, em ataques israelenses ao hospital Nasser, em Gaza, hoje. Estamos buscando urgentemente mais informações e pedimos às autoridades em Gaza e em Israel que nos ajudem a conseguir assistência médica imediata para Hatem”, disse um porta-voz da Reuters.
No início de agosto, outros seis profissionais da TV “Al Jazeera” morreram em um ataque de Israel. O governo israelense rompeu os laços com o veículo e acusa seus jornalistas de integrarem o Hamas, algo que a “Al Jazeera” nega.
O ataque ocorre em meio a uma intensificação da ofensiva israelense em Gaza, com o início de uma ampla operação terrestre para tomar a Cidade de Gaza e, posteriormente, a totalidade do território palestino. Tanques israelenses foram vistos se posicionando na fronteira com Gaza nesta segunda-feira.
Segundo o Sindicato dos Jornalistas Palestinos, mais de 240 jornalistas palestinos foram mortos por tiros israelenses em Gaza desde o início da guerra, em 7 de outubro de 2023.

NETANYAHU CHAMA DE “ACIDENTE”
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou nesta segunda-feira (25) que o país “lamenta profundamente” o que classificou como um “acidente trágico” no Hospital Nasser, em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza. O bombardeio israelense deixou ao menos 20 mortos, entre eles cinco jornalistas que faziam a cobertura do conflito, além de pacientes e equipes de resgate.
“Nosso conflito é contra os terroristas do Hamas. Nossos objetivos justos são derrotar o Hamas e trazer nossos reféns de volta para casa”, declarou Netanyahu em comunicado, segundo a agência Reuters.
Segundo o Escritório de Mídia de Gaza e a Al Jazeera, entre os mortos estão o fotógrafo da emissora, Mohammad Salama; o fotojornalista da Reuters, Hussam al-Masri; a repórter Mariam Abu Daqqa, colaboradora da Associated Press e do Independent Arabic; além do jornalista Moaz Abu Taha. A Reuters confirmou que sua transmissão ao vivo direto do hospital foi interrompida no momento exato da explosão.
Organizações de imprensa acusaram Israel de executar um ataque do tipo “double tap” — quando um primeiro disparo atinge o alvo e, em seguida, outro míssil atinge equipes de socorro e jornalistas que correm para o local.

Repercussão global e denúncias de crimes de guerra
A reação internacional foi imediata. O presidente francês, Emmanuel Macron, classificou o bombardeio como “intolerável”, enquanto o chanceler britânico, David Lammy, disse estar “horrorizado” e voltou a pedir um cessar-fogo imediato. O governo da Alemanha afirmou estar “chocado” e cobrou investigação independente.
A ONU destacou que hospitais e jornalistas jamais podem ser alvos em guerras. O porta-voz do Escritório de Direitos Humanos, Ravina Shamdasani, declarou que “o assassinato de jornalistas em Gaza deveria chocar o mundo não em silêncio, mas em ação”.
O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que ainda não havia sido informado dos detalhes do ataque, mas reagiu com descontentamento: “Não estou feliz com isso. Não quero ver esse tipo de coisa acontecer”.

Escalada contra a imprensa
A Al Jazeera acusou Israel de tentar “enterrar a verdade” ao mirar profissionais de comunicação, destacando que seguirá transmitindo a cobertura. A Anistia Internacional classificou Gaza como o conflito mais letal da história recente para jornalistas — pelo menos 274 foram mortos desde outubro de 2023.
O ataque ao Hospital Nasser ocorreu menos de duas semanas após o assassinato de outro repórter da Al Jazeera, Anas al-Sharif, e quatro colegas em frente ao Hospital al-Shifa.
Mais de 62 mil palestinos morreram desde o início da ofensiva israelense em 2023, a maioria mulheres e crianças. Netanyahu e o ex-ministro da Defesa Yoav Gallant são alvo de mandados de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI), acusados de crimes de guerra e genocídio.

Foto: REUTERS / Redes sociais
G1 e Brasil 247

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