ONU pede aos países que mantenham promessas de acolhimento
Publicado em 18 de novembro de 2015O Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) pediu hoje (17) aos países que mantenham as promessas feitas de acolhimento de migrantes e refugiados, sobretudo dos sírios que chegam à Grécia, na sequência dos atentados de Paris.
“Estamos preocupados com as reações de alguns Estados que querem suspender os programas criados, recuar nas promessas feitas para gerir a crise dos refugiados, ou propõem erguer barreiras”, declarou uma porta-voz do Acnur, Melissa Fleming, em entrevista.
“Os refugiados não devem ser bodes expiatórios ou vítimas secundárias desses acontecimentos trágicos”, acrescentou.
O apelo é feito pela ONU depois de o Parlamento húngaro ter dado hoje “luz verde” ao primeiro-ministro Viktor Orban para avançar com uma ação na Justiça contra as cotas de distribuição de refugiados entre os Estados-Membros, decididas pela União Europeia (UE).
A Hungria, que mantém posição inflexível contra os migrantes, ergueu uma barreira de arame farpado nas fronteiras com a Sérvia e a Croácia, e é um dos principais opositores do plano de repartição de 160 mil refugiados decidido pela UE.
Na França, a líder da Frente Nacional, Marine Le Pen, defendeu a “suspensão imediata” de novas entradas de migrantes, enquanto na Alemanha, o movimento Pegida juntou milhares de apoiadores na última manifestação anti-islã.
Até quinta-feira (12), menos de 150 refugiados tinham sido efetivamente recolocados em países europeus, a partir dos pontos de chegada na Itália e na Grécia.
De acordo com o Acnur, 820.318 migrantes e refugiados atravessaram o Mar Mediterrâneo com destino à Europa neste ano.
A grande maioria – perto de 674 mil – passou pela Grécia e pelas ilhas do mar Egeu e 3.470 morreram ou estão desaparecidos, na pior crise migratória na Europa desde 1945.
“A esmagadora maioria dos que chegam à Europa foge de perseguições e ameaças ligadas ao conflito”, destacou Melissa.
A porta-voz pediu aos europeus a criação de verdadeiros centros de acolhimento – denominados hot spots – para os migrantes e refugiados na Grécia e não nas ilhas gregas do Mar Egeu, que não têm capacidade para receber e registar corretamente tantas pessoas.
Os centros vão permitir identificar corretamente as pessoas e garantir que não representam ameaça à segurança dos países de acolhimento.
Agência Brasil