Tarifaço de Donald Trump reduz lucros da General Motors, maior montadora dos EUA, em US$ 1 bilhão

Os lucros da GM no segundo trimestre sofreram um impacto de US$ 1,1 bilhão (aproximadamente R$ 6,12 bilhões) devido às tarifas de Donald Trump. Ainda assim, a montadora superou as expectativas dos analistas, impulsionada pelas sólidas vendas de suas principais picapes e SUVs movidos a gasolina.
A GM, maior montadora dos EUA em volume de vendas e que detém marcas como a Chevrolet, afirmou que espera um impacto ainda mais severo das tarifas no terceiro trimestre. A empresa manteve a projeção de que os entraves comerciais podem reduzir seus resultados entre US$ 4 bilhões e US$ 5 bilhões.
Segundo a montadora, há planos para mitigar ao menos 30% desse prejuízo. As ações caíram cerca de 6% nas primeiras negociações do dia.
A receita da GM no trimestre encerrado em 30 de junho recuou quase 2% em comparação ao período homólogo, totalizando cerca de US$ 47 bilhões. O lucro ajustado por ação caiu para US$ 2,53, ante US$ 3,06 no ano passado.
A média das projeções dos analistas, segundo a LSEG, era de US$ 2,44 por ação. Já o lucro ajustado antes de juros e impostos teve queda de 32%, chegando a US$ 3 bilhões.
A GM foi uma das companhias que revisaram suas projeções anuais por conta das tarifas impostas pelo então presidente dos EUA, Donald Trump. A previsão de lucro operacional ajustado foi reduzida para uma faixa entre US$ 10 bilhões e US$ 12,5 bilhões — estimativa reafirmada pela empresa nesta terça-feira.
Mesmo com o impacto das tarifas, o desempenho operacional da GM no trimestre foi consistente. As vendas nos Estados Unidos — seu principal mercado — cresceram 7%, e a empresa manteve preços elevados para suas picapes e SUVs.
Na China, a montadora voltou a registrar lucro, revertendo o prejuízo do mesmo período do ano anterior.
Segundo analistas, a GM poderá ser obrigada a reduzir investimentos em projetos futuros ou buscar outras formas de cortar custos para compensar os efeitos das tarifas.
A Stellantis, dona da marca Jeep, alertou na última segunda-feira (21) que as tarifas devem impactar significativamente os resultados do segundo semestre de 2025. No primeiro semestre, o custo foi de cerca de 300 milhões de euros.
As ações da Ford e os papéis da Stellantis negociados nos EUA recuaram cerca de 1% na manhã de terça-feira.
Nos últimos meses, a GM adotou várias iniciativas para reforçar suas operações com motores a combustão, incluindo o aumento dos investimentos em fábricas nos EUA — o que levanta dúvidas sobre a meta de encerrar a produção de veículos a gasolina até 2035.
“Apesar da desaceleração do crescimento da indústria de veículos elétricos, acreditamos que o futuro de longo prazo é a produção rentável desses modelos, e esse continua sendo o nosso norte”, disse a CEO da GM, Mary Barra, aos analistas nesta terça-feira.
Em junho, a GM anunciou um investimento de US$ 4 bilhões em três fábricas localizadas em Michigan, Kansas e Tennessee.
O plano inclui a transferência da produção do Cadillac Escalade e a ampliação da fabricação de suas duas principais picapes. A empresa também informou que vai transferir para o Tennessee a produção do Chevy Blazer, atualmente feita no México.
A GM importa cerca de metade dos veículos que comercializa nos EUA, principalmente do México e da Coreia do Sul. A Ford, por sua vez, fabrica cerca de 80% de seus modelos vendidos no país em território americano. A divulgação dos resultados trimestrais da Ford está prevista para a próxima semana.
Com a desaceleração no crescimento das vendas de veículos elétricos, as montadoras têm concentrado esforços em fortalecer suas linhas principais de picapes e SUVs a gasolina. A demanda por modelos elétricos já dá sinais de enfraquecimento, após um avanço acelerado no início da década.
Essa tendência se acentua com o fim próximo dos incentivos governamentais para veículos elétricos. A legislação fiscal aprovada pelo Congresso prevê o encerramento, no fim de setembro, dos créditos de US$ 7,5 mil para a compra ou leasing de modelos novos e dos US$ 4 mil para usados.
Além disso, leis sancionadas por Trump eliminaram multas por descumprimento das metas de economia de combustível, facilitando a produção de veículos a gasolina.
Foto: divulgação/GM
G1