VÍDEO divulgado por agência da ONU mostra multidão de famintos em Gaza avançando sobre caminhão que trazia comida

Uma agência da ONU divulgou na quarta-feira (30) um vídeo em que mostra uma multidão de palestinos na Faixa de Gaza avançando sobre um caminhão que trazia comida. É possível ouvir barulho de tiros, e a areia perto da multidão se mexe com os tiros.
No vídeo do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha, na sigla em inglês), “dezenas de milhares” de palestinos aparece agachada e amontoada, enquanto o comboio da ONU trafega em velocidade lenta.
“Israel estava disparando tiros de aviso a centímetros de uma multidão que estava esperando por um comboio de comida da ONU. Quando o comboio se aproximou, pessoas famintas correram em direção a ele, e os tiros não pararam”, afirmou o Ocha no vídeo, divulgado na rede social X.
Quando o comboio se aproximou da multidão, os palestinos foram para cima do caminhão de alimentos. “Uma multidão de dezenas de pessoas famintas e desesperadas nos esperava. Eles descarregaram com as próprias mãos tudo que estava na carroceria”, afirmou Olga Cherevko, uma funcionária da Ocha que estava no comboio.
A Ocha atribuiu os disparos a tropas israelenses, porém não forneceu provas para corroborar a afirmação. O governo israelense não se pronunciou sobre a acusação até a última atualização desta reportagem. Segundo a agência, ao menos uma pessoa ficou ferida no incidente e foi socorrida no local por funcionários da ONU.
Cherevko disse que o comboio — pelas imagens, foi possível ver apenas um carro à frente do caminhão de suprimentos de onde o vídeo foi gravado — havia coletado suprimentos na passagem de Kerem Shalom, e ficou parado por cerca de duas horas e meia em um posto israelense.
O vídeo corrobora a versão de “show de horrores” denunciada pela ONU sobre a situação em Gaza, em que os palestinos se encontram em um cenário de fome generalizada. A divulgação das imagens ocorre também em um momento de aumento de críticas a Israel por conta da crise humanitária sofrida pelos palestinos de Gaza.
A guerra em Gaza começou após o ataque terrorista de 7 de outubro de 2023, que matou mais de 1.200 israelenses e outros 250 foram feitos reféns. Desde então, o conflito matou mais de 60 mil palestinos, a maioria crianças e mulheres, segundo levantamento do Ministério da Saúde de Gaza —controlado pelo Hamas— corroborado pela ONU.
Pressão pela Solução de Dois Estados
A ONU afirmou nesta semana que a Solução de Dois Estados é “único caminho” para paz entre Israel e Palestina e planeja uma missão internacional na Faixa de Gaza após um cessar-fogo ser estabelecido na guerra entre israelenses e o grupo terrorista Hamas.
Em documento divulgado nesta terça, a Conferência Internacional da ONU afirmou que Gaza e Cisjordânia devem ser unificadas e, junto com Jerusalém Oriental, compor uma Palestina soberana e governada pela Autoridade Palestina, assim como delineado em resolução da ONU de 1947.
A declaração é assinada pelos líderes rotativos da Conferência — França e Arábia Saudita — e por vários outros países, como Brasil, Reino Unido, Japão, Itália, Egito, Jordânia, Canadá, além de blocos como a União Europeia e a Liga dos Países Árabes.
O grupo da ONU também afirmou que um comitê de transição de poder deverá ser estabelecido imediatamente após um cessar-fogo em Gaza, e que o Hamas terá que aceitar se desarmar.
A Conferência internacional também reiterou exigências pelo fim imediato da guerra em Gaza e pela retirada total das tropas israelenses do território palestino, além de condenar Hamas e Israel por crimes contra civis em Gaza.
O encontro foi criticado pelos Estados Unidos, que chamou a conferência de “golpe publicitário”.
“Longe de promover a paz, a conferência prolongará a guerra, encorajará o Hamas, recompensará sua obstrução e minará os esforços reais para alcançar a paz”, disse a porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Tammy Bruce.
Israel também rejeita a solução de dois Estados. No dia 7 de julho, ao lado de Donald Trump, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou que a criação da Palestina seria uma plataforma para destruir o Estado israelense.
“Vamos buscar a paz com os nossos vizinhos palestinos, aqueles que não querem nos destruir, e vamos buscar uma paz em que a nossa segurança — o poder soberano da segurança — permaneça sempre em nossas mãos”, disse Netanyahu.
“Agora as pessoas vão dizer: ‘Não é um Estado completo, não é um Estado, não é isso ou aquilo.’ Nós não nos importamos.”
Atualmente, 146 países reconhecem o Estado Palestino, entre eles o Brasil. Antes de França e Reino Unido, o movimento mais recente de reconhecimento havia sido feito por Espanha, Noruega e Irlanda, em 2024.
Foto: EPA / BBC News Brasil
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