62% das indústrias projetam aumento no faturamento para 2021, revela pesquisa da CNI

Publicado em 18 de novembro de 2020

Pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) revela o impacto da pandemia do novo coronavírus na economia, estratégias adotadas para superar a crise e as perspectivas para as empresas industriais em 2021. Os dados indicam que sete em cada dez negócios industriais já retomaram pelo menos ao mesmo nível de produção (70%) e de faturamento (69%) de fevereiro, antes da chegada da Covid-19 ao Brasil.
Praticamente três quartos (73%) estão com o mesmo nível de emprego do registrado no pré-pandemia e as perspectivas para 2021 são de aumento no faturamento em 62% das empresas pesquisadas.
A pesquisa inédita, encomendada ao Instituto FSB Pesquisa, será divulgada na íntegra no 12º Encontro Nacional da Indústria (ENAI). Com o tema “Como a indústria pode impulsionar o crescimento do Brasil” e correalização do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o ENAIserá realizado nos dias 17 e 18 de novembro totalmente online, por meio da plataforma InEvent.
Construída em parceria com associações e executivos da indústria, a programação discutirá temas caros para o desenvolvimento do setor e, consequentemente, da economia nacional. Entre eles, a urgência da reforma tributária, a importância da inserção internacional e de uma nova estratégia de política industrial. A inscrição segue aberta e é gratuita.
A pesquisa a ser apresentada no ENAI mostra as estratégias adotadas pela indústria para conseguir atravessar a crise. Quando perguntados quais as duas medidas mais importantes adotadas nos últimos seis para acelerar o crescimento do negócio, 40% apontaram a busca de novos fornecedores no Brasil; 39%, a aquisição de máquinas e equipamentos; 30%, a adoção de novas técnicas de gestão da produção; e 20%, o investimento em novos modelos de negócio.
Os dados mostram que, em parte significativa das empresas, as ações adotadas surtiram efeito. Quase metade dos entrevistados afirma que hoje estão em situação melhor que antes da pandemia: 45% declaram que a produção atual é maior que a de fevereiro e 49% têm um faturamento superior ao registrado no segundo mês do ano.
Os que ainda estão com faturamento menor que no período pré-pandemia são 30% do total. Apesar de 87% das empresas terem sido afetadas pela pandemia, só 27% delas estão hoje com um nível de mão de obra inferior ao pré-pandemia.
Olhando para o futuro, os executivos industriais estão otimistas em relação a 2021. Para 55%, o próximo ano será de crescimento econômico — apenas 12% apostam em retração em 2021 — e 62% acreditam no aumento do faturamento do seu próprio negócio. Só 9% esperam queda no faturamento. Outros 28% falam em manutenção.
Com a retomada da produção e do faturamento, a maioria das empresas (52%) já registra, no mínimo, a mesma lucratividade de fevereiro – 28% com aumento e 24% com a manutenção das suas margens. Quase metade dos negócios (47%), no entanto, ainda operam com uma margem de lucro menor que antes do início da pandemia. A hipótese é que, mesmo com o aumento no faturamento, as indústrias têm sofrido com a alta das despesas com energia e insumos, por exemplo.
A CNI entregou documento estruturado com propostas para a retomada do crescimento para lideranças do governo e do Congresso Nacional em setembro. Destaque para a urgência das reformas tributária e administrativa.
“Vários indicadores mostram que, passado o pior momento da crise sanitária causada pela pandemia da Covid-19, a economia brasileira está em claro processo de recuperação. A retração foi grave, com enormes prejuízos às empresas e aos trabalhadores, mas a atividade econômica vem avançando, ainda que aos poucos. A questão que se põe, neste momento, é como acelerar essa retomada, adotando medidas para estimular um crescimento mais vigoroso e sustentado ao longo do tempo, com investimentos e criação de empregos”, afirma o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
Aumentar a competitividade da indústria nacional deve ser prioridade para o governo
Para a ampla maioria (92% dos entrevistados), o governo brasileiro deveria praticar políticas públicas para aumentar a competitividade da indústria nacional. O principal problema financeiro é majoritariamente o pagamento de impostos e tributos, citado por 78% dos executivos como um dos dois principais problemas.
Em segundo lugar estão os salários e encargos sociais (48%). Quando perguntados sobre quais serão os dois setores com maior contribuição para a retomada econômica brasileira no pós-pandemia, 75% citam a indústria e 64%, o agronegócio.
A menos de dois meses de acabar o ano, 43% dos empresários industriais apostam em crescimento da receita em 2020, na comparação com 2019. Mas 37% projetam fechar o ano com receita menor e 19% acreditam que vão empatar com 2019.
Ações do governo para tornar indústria nacional mais competitiva dividem empresários
Perguntados se consideram a própria empresa competitiva na comparação com os concorrentes, os executivos têm uma posição conservadora. Numa escala de 0 a 10, a competitividade da empresa do entrevistado é 7,3, contra 7,1 dos concorrentes nacionais e 5,6 dos competidores estrangeiros.
Há um certo ceticismo em relação ao impacto de medidas governamentais para aumentar a competitividade da indústria nacional. Dentre os entrevistados, 36% acreditam que a indústria nacional ficará mais competitiva, 26% que ficará igual e 35%, menos competitiva.
Metade dos empresários creditam mais ao governo a responsabilidade por aumentar a competitividade das empresas nacionais; 28% dizem que a responsabilidade é mais das empresas e 21%, que é de ambas as partes.
A atuação internacional das empresas sofreu leve redução durante a pandemia. Em 2019, 21% das empresas industriais entrevistas tinham exportado. Em 2020, esse percentual caiu para 18% do total. Dentre quem ainda não opera no mercado internacional, praticamente metade (48%) gostaria de expandir as fronteiras do seu negócio.
A pesquisa da CNI junto ao Instituto FSB Pesquisa entrevistou, por telefone, entre 23 de outubro e 12 de novembro de 2020, executivos de 509 empresas industriais, compondo amostra proporcional em relação ao quantitativo total de empresas do setor em todos os estados brasileiros.
Dentro de cada estado, a amostra foi controlada por porte das empresas (pequena, média e grande) e setor de atividade. A margem de erro no total da amostra é de 4,3 pontos percentuais, com intervalo de confiança de 95%.

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