Médica encontrada passou frio, fome, e vagou por São Paulo, diz sobrinho
Publicado em 28 de maio de 2016![](https://rededenoticias.com/wp-content/uploads/2016/05/medicaa.jpg)
A médica oftalmologista capixaba Eliza Cremasco, de 66 anos, que ficou desaparecida por quase três dias em São Paulo depois de chegar da Itália, passou frio e fome, segundo o sobrinho João Cremasco. “Ficou praticamente dois dias sem se alimentar, passou muito frio”, disse. Ela foi encontrada nesta sexta-feira (27) após ser reconhecida por uma passageira por causa da bolsa que usava, em um trem da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
Eliza foi levada pela passageira até a estação Caieiras, na Grande São Paulo, e depois acompanhada por uma funcionária da companhia até a chegada de familiares. “Ela deu um número de contato da família. Fizemos uma pesquisa na internet para confirmar que era mesmo ela e ligamos para a família. Ela estava abatida fisicamente, sem se alimentar, mas consciente. Está bem lúcida”, relatou Sônia.
VEJA POR ONDE A MÉDICA PASSOU EM SÃO PAULO
– Aeroporto de Guarulhos (cidade a Leste da capital, a 25 km do centro de São Paulo): Eliza chegou na quarta-feira pela manhã;
– Avenida Paulista (região central, a 6 km do Centro): Ela teria dormido na sofá da recepção de um hotel;
– Avenida Ricardo Jafet (Zona Sul de SP, a 11 km do Centro): Família teve notícias de que ela foi vista por lá;
– Estação Tucuruvi do Metrô (Zona Norte, a 16 km do Centro): Imagens mostram Eliza na última estação da Linha 1-Azul do Metrô;
– Linha 7 – Rubi da CPTM: Nesta sexta-feira, Eliza pegou o trem até a estação de Francisco Morato, cidade a 32 km do Centro de São Paulo, quando foi reconhecida por uma passageira e levada até a estação Caieiras, a 23 km.
No fim da tarde desta sexta-feira, Eliza foi levada para a delegacia de Franco da Rocha e depois para o Hospital Sírio Libanês, na capital paulista. “Não tinha dinheiro, cartão, sequer agasalho e se alimentou e hidratou mal. A internação é em função disso. Exames sobre a memória, segundo ele, são ‘segundo plano'”, completou o sobrinho da médica.
Segundo a família, Eliza “vagou” por São Paulo utilizando transporte público por ser idosa e ter isenção nas passagens. A médica tem lapsos de memória e estava sem documentos. “Ela foi vista no Metrô Tucuruvi, [Avenida] Ricardo Jafet, na Avenida Paulista e finalmente em Caieiras. Ela circulou incrivelmente por São Paulo”, relatou João Cremasco.
Reconhecimento pela bolsa
“Quem a reconheceu foi uma passageira que estava na mesma composição que ela. Ela a reconheceu pela bolsa. A passageira a abordou e perguntou se ela era médica, e ela começou a contar a sua história”, disse a agente operacional da CPTM, Sônia Oliveira.
Ainda na estação, Eliza relatou que tentou fazer contato com a família por um orelhão, mas não conseguiu. Ela pegou o trem na Estação da Luz, seguiu até Francisco Morato e retornou. No trajeto de volta, foi reconhecida por uma passageira. No fim da tarde, Eliza foi levada para a delegacia de Franco da Rocha e depois para o Hospital Sírio Libanês, na capital.
“Acionaram a Guarda Municipal e entraram em contato conosco”, afirmou João Cremasco, sobrinho de Eliza, logo após ser avisado sobre a localização da médica. “Ela está bem, lúcida, mas vamos levá-la para um hospital para ver o quadro clínico dela. A família está muito aliviada e agradecida à polícia Civil, Militar, guarda civil de São Paulo e de Caieiras e à imprensa.”
“Ela passou fome, estava sem recurso nenhum. Não foi agredida, em algumas situações foi assistida, um hotel a acolheu… Nós ficamos surpresos [termos encontrado] porque foram pouco mais de 55 horas, mas em uma cidade tão imensa como São Paulo”, disse o irmão da médica, o empresário Jair Cremasco.
Desaparecimento
Eliza Cremasco desapareceu na quarta-feira (25) depois de chegar de uma viagem à Itália no Aeroporto Internacional de Guarulhos e se desencontrar de uma amiga. A médica deveria embarcar para Vitória, capital do Espírito Santo. A mulher sofre de lapsos de memória, segundo seus familiares, que viajaram para São Paulo para ajudar à polícia nas buscas à médica. Para eles, Eliza deveria ter ficado desorientada.
Desde o início desta manhã as equipes da polícia estavam em diligências nos bairros onde testemunhas disseram ter visto Eliza. A investigação trabalhava com a informação de que a mulher pegou um táxi de Cumbica para a Avenida Paulista. Na quinta-feira (26) cães farejadores da Guarda Civil de Guarulhos também ajudaram nas buscas, segundo policiais.
Ela estaria tentando se hospedar num hotel, mas, como estava sem a bolsa, não conseguiu pagar a diária. Por esse motivo, teria dormido no sofá de um hotel. A bagagem foi abandonada no aeroporto e acabou recuperada por parentes.
A oftalmologista também teria sido vista próximo a estações do Metrô no Ipiranga, Tucuruvi e Parque Dom Pedro. A investigação trabalha com a informação de que Eliza teria usado ônibus para se locomover. Ela teria dito a algumas pessoas que buscava o endereço de um sobrinho, que é juiz em São Paulo.
João Cremasco, sobrinho da médica, acredita que a tia tenha ficado desorientada. “O fato de ela ter se visto sozinha, né? Depois que ela se perdeu da amiga, ela pode ter entrado num surto, pode ter acontecido alguma coisa”, disse nesta sexta-feira ao SPTV. Eliza não é casada e não tem filhos.
G1