Quem é Jesus para nós?

Publicado em 26 de junho de 2016

Hoje Jesus faz a seus discípulos e a nós uma pergunta pessoal e direta (cf. Lc 9,18-24). Pergunta-nos o que o povo pensa dele e o que pensamos nós dele, quem é ele para nós. “Quem sou eu, no dizer das multidões? Os discipulos responderam: João Batista, outros, Elias; outros, um dos antigos profetas que ressuscitou.” (vv. 18-19)
O povo não sabia quem era Jesus, pensava que era um profeta. Ignorava sua grandeza, não suspeitava que estava diante do Messias, esse que foi anunciado pelos profetas, o Esperado durante séculos, o Filho de Deus feito homem.
Depois Jesus faz outra pergunta aos seus discípulos: “E vós quem dizeis que eu sou? Pedro então respondeu: O Cristo de Deus.” (v. 20) O Mestre manifesta uma especial preocupação por seus discipulos, pois eles são os que irão continuar a sua obra e levar a mensagem a todas as pessoas. Por isso é necessário que eles compreendam quem é Jesus e que conheçam e aceitem seu destino.
Segundo a chamada “esperança messiânica”, os judeus esperavam que Deus lhes mandasse seu Messias para estabelecer em Israel o seu Reino, que seria universal e eterno. Este último enviado de Deus, o Messias teria poder político, militar e social, de tal modo que seu Reino seria livre e poderoso. Isto é o que entendiam também por “Messias” os discípulos de Jesus, incluindo Pedro, quando tomou a palavra e disse: “Tu és o Messias de Deus”.
Pedro confessa que tanto ele como os discipulos reconheceram em Jesus este ultimo enviado de Deus, que em Jesus depositam eles todas suas esperanças e que dele esperam a plenitude de vida e salvação.
A opinião dos discipulos se deferencia da do povo. O povo vê em Jesus um dos tantos profetas; os dicípulos lhe reconhecem como o que traz definitivamente a salvação.
À luz deste evangelho, cada um de nós faça seu próprio exame de consciência. Quem é Jesus Cristo para mim? Devo pensar antes de responder, que não se trata de dizer com palavras bonitas aprendidas do catecismo, trata-se de responder com a vida, com o seguimento.
Em seu comportamento ou em sua conduta no trabalho, na família, na vida pública. Tendo bem presente o que Jesus espera de mim.
Somente quando reconhecemos Jesus e a sua história à luz das promessas do Antigo Testamento e da história do povo de Israel é que podemos compreendê-lo. O Cristo é o Messias de Israel.
Os primeiros discípulos de Jesus demoraram em entender, mas entenderam e atuaram em consequência. Nós, os cristãos deste século XXI, não temos nenhuna dúvida sobre o significado cristão da palavra “Messias” e comprendemos perfeitamente as palavras que Jesus disse a seus discípulos.
Mas, devemos reconhecer que ao longo da história, os cristãos temos nos negado muitas vezes a abraçar nossa cruz de cada dia e até nos acomodamos a um cristianismo morno e superficial. Não temos nos arriscado o suficiente até perder a vida por causa de nossa fé.
Quando o Papa Francisco convocou o Ano da Santo da Misericórdia, o fez a partir de uma convicção: a falta de conhecimento por parte de muitos cristãos católicos da pessoa de Jesus Cristo e, é óbvio, uma forma de revitalizar, recuperar, consolidar e chegar ao fundo das verdades mais fundamentais da vida cristã: o amor refletido na Misericórdia.
Neste século XXI, em um mundo que avança, técnica e racionalmente a um rítmo vertiginoso, os cristãos católicos temos de dar respostas não tanto às perguntas que a ciência nos propõe, mas sim, primeiro, dando testemunho do que cremos.
O Papa Francisco, já ao iniciar seu pontificado, nos indicava como pistas de atuação o sair ou caminhar, edificar e testemunhar.
È que muitos cristãos católicos não sabemos responder a muitos desafios que a sociedade nos propõe, porque, na realidade, existe um desconhecimento ou desinteresse por aquilo no qual cremos ou naquele que fomos batizados.
Provavelmente se nos perguntassem: Quem é para você tal político? Que significa para sua vida este ou aquele cantor, artista ou jogador de futebol? Qual o pensamento desse ou daquele escritor ou filósofo?
Por que admira esse apresentador ou galã de TV? Talvez, digo eu, em seguida brotariam dezenas de respostas.
Ocorreria o mesmo se nos perguntassem quem é para você Jesus de Nazaré? O silêncio, a timidez ou o bloqueio mental e verbal, possivelmente, seria a única resposta.
Neste Ano da Misericórdia, é Jesus quem nos interpela: Quem sou eu para ti? O perigo, como sempre, são as respostas fáceis e prontas: Tu és o Filho de Deus, Tu nasceste em Belém ou, quando muito, Tu morreste na cruz.
O cristão não crê em algo, mas sim, em Alguém. Um Alguém que, nos momentos mais dificeis ou felizes de nossa existência, traz valor, coragem ou gratidão.
Alguém que, com o nome de Jesus, necessita adesões firmes e não simples verdades memorizadas que denotem que nossa fé e confiança nele, não só se limita a ser batizado, ter feito a primeira comunhão, ter sido crismado ou ter sido casado pela Igreja. Crer em Jesus Cristo, isto é o decisivo.
Só a partir dessa fé em sua pessoa, o cristão descobre a verdade suprema a partir da qual poderá iluminar o sentido da vida.
Quem é Jesus para nós? Com a espontaneidade a que sempre o Papa Francisco nos acostumou nesses três anos nos diz que, os cristãos, depois de descobrir a Cristo não podemos viver com “cara de de vinagre”.
Talvez porque, entre outras coisas, não é questão de dizer com palavras quem é Cristo para mim mas sim, com o semblante, as obras e o rosto esperançado… demonstrar que, Cristo, é alguém importante e essencial em nossa vida.
Quem é Jesus Cristo para nós? A certeza da fé cristã depende da resposta a essa questão. E esta certeza encontra-se hoje questionada profundamente e de diversos modos. Aí está o pluralismo do mundo, no qual a fé se torna uma opinião privada e arbitrária. Aí está a secularização, na qual a fé se torna superficial e indiferente para muitas pessoas.
Eu creio em Jesus Cristo?, Eu o conheço?, Ainda confio nele?. Nosso coração deixa de ser cristão quando simplesmente desconfiamos dele. A resposta a essa questão é uma resposta da vida. Professar Jesus Cristo e segui-lo andam inseparavelmente juntos:
“Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia e siga-me” (v. 23). Isto é o que diferencia a fé cristã de outras religiões, é o próprio Cristo, isto é, a adesão confiante e o seguimento fiel de sua pessoa. Trata-se de uma questão de vida na comunidade cristã. Precisamos de uma resposta a essa questão, com a qual possamos viver e morrer.
Padre José Assis Pereira

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