Onda de protestos contra governo Netanyahu toma conta de Israel após descoberta de corpos de reféns em Gaza

Publicado em 2 de setembro de 2024

Uma onda de protestos tomou conta de Israel neste domingo (1º), após a confirmação de que o exército recuperou os corpos de seis reféns, no sul da Faixa de Gaza. Milhares de israelenses se manifestaram nas ruas, pedindo que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu adote novos esforços para recuperar os reféns mantidos sob o poder do grupo terrorista Hamas em Gaza.
Muitos culpam o governo por não conseguir chegar a um acordo de cessar-fogo na guerra contra o Hamas para a troca de reféns sequestrados pelo grupo terrorista nos ataques de 7 de outubro de 2023 –essa é uma demanda da maioria dos israelenses desde o início do conflito, segundo pesquisas. Apesar disso, Netanyahu também tem apoio significativo em sua estratégia sem concessões contra o Hamas, mesmo que isso prejudique acordos pelos reféns.
A onda de protestos deste domingo (1º) contra o governo é uma das maiores do tipo desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, mas o país segue profundamente dividido.
As negociações por um cessar-fogo com troca de reféns se arrastam há meses desde o primeiro acordo, em novembro de 2023. Uma nova rodada de negociações, mediadas pelos Estados Unidos, Catar e Egito, está em curso, porém diferenças significativas entre as partes ainda permanecem.
“Nós realmente achamos que o governo está tomando essas decisões para sua própria conservação e não para as vidas dos reféns, e precisamos dizer a eles: ‘Parem!’”, disse Shlomit Hacohen, um morador de Tel Aviv, à Associated Press.
Em Jerusalém, estradas foram bloqueadas, com manifestações do lado de fora da residência do primeiro-ministro. Na principal rodovia de Tel Aviv, manifestantes bloquearam a passagem, segurando bandeiras com fotos dos reféns mortos.
O maior sindicato de Israel, o Histadrut, convocou uma greve geral para segunda-feira, a primeira desde o início da guerra. O chefe do sindicato apelou a todos os trabalhadores civis para se juntarem à greve, com o intuito de pressionar o governo por um acordo para recuperar os reféns israelenses restantes.
O líder da oposição e ex-primeiro-ministro Yair Lapid também convocou israelenses para se juntar à manifestação em Tel Aviv. Além dele, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, se manifestou publicamente, pressionando Netanyahu por um acordo.
Para o Fórum de Reféns e Famílias Desaparecidas, que anunciou as manifestações deste domingo, o “atraso, sabotagem e desculpas” do governo israelense são culpados pelas mortes dos reféns.
“Um acordo para o retorno dos reféns está sendo discutido há mais de dois meses. Se não fosse por atrasos, sabotagem e desculpas, aqueles cujas mortes soubemos esta manhã provavelmente ainda estariam vivos”, disse a organização.
Com a morte dos seis reféns, estima-se que cerca de 101 prisioneiros israelenses e estrangeiros ainda estão em Gaza, mas Israel acredita que pelo menos um terço dessas pessoas estão mortas.

Negociações por acordo se arrastam há meses
Após a confirmação da morte dos seis reféns, Netanyahu disse que Israel não descansaria até pegar os responsáveis. “Quem mata reféns não quer um acordo”, declarou.
O Hamas ofereceu libertar os reféns em troca do fim da guerra, da retirada das forças israelenses e da libertação de muitos prisioneiros palestinos, incluindo militantes de alto escalão. Izzat al-Rishq, um alto funcionário do Hamas, disse que os reféns ainda estariam vivos se Israel tivesse aceitado uma proposta de cessar-fogo apoiada pelos EUA, que o Hamas disse ter concordado em julho.
O presidente dos EUA, Joe Biden, declarou que está “devastado e indignado” com a notícia da morte da israelense-americana Goldberg-Polin, de 23 anos, e dos outros reféns.
“Os líderes do Hamas pagarão por esses crimes. E continuaremos trabalhando dia e noite por um acordo para garantir a libertação dos reféns restantes”, disse ele em um comunicado. Segundo o líder estadunidense, ele “ainda está otimista” sobre um possível cessar-fogo.
As negociações por um acordo se arrastam há meses, mediadas pelos Estados Unidos, Catar e Egito.

Foto: Mahmoud Illean/AP
G1

Banner Add

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Social media & sharing icons powered by UltimatelySocial