OUTUBO ROSA: reconstrução mamária resgata autoestima feminina e ajuda no processo de cura
Publicado em 24 de outubro de 2024![](https://rededenoticias.com/wp-content/uploads/2024/10/OR3.jpg)
Este mês assinala a campanha mundial do Outubro Rosa, que promove a conscientização e a prevenção sobre o câncer de mama. O Instituto Nacional do Câncer (INCA) afirma que as ações de conscientização ajudam a reduzir a taxa de mortalidade e o movimento estimula e proporciona maior acesso aos serviços de diagnóstico e de tratamento.
No Brasil, com exceção dos tumores de pele não melanoma, o câncer de mama é o mais incidente em mulheres de todas as regiões do país, além de atingirem cada vez mais cedo as mais jovens.
O cirurgião plástico André Eyler (foto), membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e da American Society of Plastic Surgeons, que atua no Nordeste e em São Paulo, ressalta que a reconstrução mamária é um procedimento de extrema relevância para a recuperação da paciente que se submete a mastectomia e atualmente é considerada como parte do tratamento integral do câncer de mama. “Há casos de remoção completa ou parcial de uma ou ambas as mamas. O método é aplicado tanto no tratamento conservador, seja nos reparos locais, quanto na simetria da mama contralateral, como na mastectomia. E a abordagem da axila na conduta dos quadros de linfonodo compõe também o aspecto cirúrgico em algumas condições”, explica.
O Dr. Eyler diz que na maioria dos casos é recomendada a reconstrução mamária imediata, porém dependerá e está sujeita a agressividade do tumor. Segundo o médico, quando é possível se realiza tudo no mesmo tempo cirúrgico, senão houver indicação, a intervenção pode ser feita em dois ou três tempos.
Tendo já realizado centenas de cirurgias plásticas oncológicas deste tipo, o especialista entende o quanto este momento produz intenso estresse para a maioria delas, assim como a grande expectativa em relação aos efeitos da reconstrução. “Com o avanço da medicina, hoje se obtém resultados cada vez mais aperfeiçoados e a mulher sente uma espécie de reintegração com seu corpo. Quando as pacientes realizam o procedimento, ficam mais confiantes no tratamento e reagem de modo mais positivo ao processo todo. O organismo em geral responde ainda com a melhora do sistema imunológico, uma vez que reduz o impacto causado pelo trauma e ameniza os quadros de depressão ou estresse”, assegura.
O médico esclarece que a técnica mais recente aplicada neste segmento é a realizada com expansores teciduais, seguido do uso de prótese. É feita quando é possível a reconstrução imediata, durante a mastectomia, sem ainda a posterior radioterapia. A prótese é colocada abaixo do músculo grande peitoral e pode ser um implante definitivo, onde se utiliza um expansor permanente. Já a Reconstrução mamária com retalhos miocutâneos de músculo grande dorsal e prótese é a mais comum de todas. Pode ser feita em reconstrução imediata e tardia e resiste muito bem à radioterapia. “Se faz à transposição do músculo grande dorsal que ocupa lugar onde seria a mama, trazendo mais tecido e ganhando espaço. O implante fica abaixo do músculo grande dorsal, que protege este”, diz o Dr. Eyler.
Existe também a reconstrução da mama com retalho miocutâneo de músculos abdominais, que não necessita de implante e consiste em transpor tecido do abdômen inferior através do músculo reto abdominal. De acordo com o cirurgião plástico, a técnica é muito eficaz quando se tem um abdômen doador, após uma abdominoplastia. O método resiste bem à radioterapia e é possível utilizar uma quantidade maior de tecido. Em casos mais raros se usa o procedimento de reconstrução mamária com retalhos micro-cirúrgicos, consideradas cirurgias de exceção, que leva um músculo à distância ligando os vasos deste a um vaso sanguíneo local. “Mas, o tempo cirúrgico é muito maior e existe um índice frequente de necrose total do retalho”, adverte.
Além do mais, tem o processo de reconstrução mamária com retalhos dermogordurosos de vizinhança e prótese, feito com retalhos fasciocutâneos regionais, que costumam. oferecer bons resultados. No entanto, não resistem à radioterapia por serem mal vascularizados. “São retalhos locais que trazem tecido de vizinhança para suprir a falta no plastrão mamário e evitam o uso do expansor”, completa.
Para o especialista a reconstrução deve ser uma opção concreta das mulheres que se submetem ao tratamento cirúrgico do câncer de mama. Entretanto, nos tumores inflamatórios e para pacientes que não podem fazê-las imediatamente por causa de problemas clínicos se tem a alternativa de esperar a resolução destes fatores. “Mas quanto mais precoce o diagnóstico mais chance de cura e a otimização do efeito estético da cirurgia. Reitero sempre que é essencial falar sobre prevenção e tratamento e estes temas são responsabilidade de todos os profissionais de saúde que cuidam da mulher”, defende.
A mama é considerada símbolo da feminilidade e uma identificação da sexualidade para muitas mulheres, além de ter função biológica na amamentação. “Em minha extensa experiência presenciei em várias pacientes que a mutilação pode trazer consequências psicológicas, comprometer a vida sexual, causar danos a sua qualidade de vida e afetar profundamente a autoestima. Após o procedimento, observei como a cirurgia exerce uma ótima influência no estado emocional e no resgate da sua autoimagem”, relata o Dr. Eyler.
Todas as mulheres que passam pela cirurgia de câncer de mama são candidatas a reconstrução mamária, já que o tratamento causa algum grau de mutilação, podendo gerar danos psicossociais. Porém, é importante informar que a reconstrução imediata nunca pode dificultar o tratamento oncológico e, por isso a equipe médica precisa analisar o caso para que o tratamento possa sempre conjugar a segurança oncológica aliada à restauração mamária.
De acordo com dados do INCA, em 2023, a estimativa foi de mais de 73 mil novos casos no país, representando aproximadamente 29% dos diagnósticos de câncer entre elas. A detecção precoce continua sendo fundamental para aumentar as probabilidades de cura e pesquisas demonstram que cerca de 95% dos casos identificados na fase inicial apresentam chances de cura. No entanto, é preciso destacar que nos estágios iniciais a doença é assintomática. Já quando surgem os principais sintomas da doença são nódulos endurecidos na mama, vermelhidão da pele da mama, alterações no mamilo, saída de líquido e secreção em um dos mamilos e pequenos nódulos nas axilas e pescoço.
O diagnóstico precoce salva-vidas e para tanto a mamografia anual é indispensável, considerada a principal técnica de rastreamento da patologia, além da indicação do autoexame mensal. Durante o mês da campanha diversas instituições abordam o tema para encorajar mulheres a realizarem a mamografia e algumas disponibilizam gratuitamente o serviço.
SUS oferece reconstrução da mama
Em 1999 foi publicada a primeira lei sobre a obrigatoriedade de cirurgia plástica reparadora da mama nos casos de mutilação decorrentes do tratamento de câncer no Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2001 a lei abrangeu a obrigatoriedade dos procedimentos nos planos de saúde. E em 2013 um projeto de lei fez obrigatória a informação e, sempre que possível, a realização da reconstrução da mama no ato operatório em que é feito o tratamento oncológico.
Serviço:
Cirurgião plástico Dr. André Eyler
https://www.drandreeyler.com/
@dr.andreeyler