Em depoimento, chefes do Exército e da Aeronáutica dizem ter recebido de Bolsonaro propostas de plano golpista
Publicado em 27 de novembro de 2024O relatório final da Polícia Federal aponta Jair Bolsonaro (PL) como figura central em uma suposta conspiração golpista destinada a impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A investigação, que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), baseou-se principalmente em depoimentos de ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica. Segundo informações divulgadas pelo O Globo, os militares relataram terem recebido diretamente de Bolsonaro propostas de um plano de golpe de Estado.
Após a derrota eleitoral em 2022, o ex-mandatário teria convocado reuniões no Palácio da Alvorada com os chefes das Forças Armadas e Paulo Sérgio Nogueira, à época ministro da Defesa.
O inquérito aponta que Bolsonaro apresentou um documento com hipóteses de instaurar Estado de Defesa ou de Sítio e iniciar uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).
Entre os depoimentos colhidos está o do general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, que afirmou ter sido contrário às ideias golpistas de Bolsonaro. Freire Gomes afirmou que o ex-mandatário chegou a apresentar duas versões de uma minuta golpista a ele.
“Em outra reunião no Palácio da Alvorada, em data em que não se recorda, o então presidente Jair Bolsonaro apresentou uma versão do documento com a decretação do estado de defesa e a criação da comissão de regularidade eleitoral para ‘apurar a conformidade e legalidade do processo eleitoral’”, consta no registro do depoimento.
O tenente-brigadeiro Baptista Jr., ex-comandante da Aeronáutica, também relatou ter tido acesso às versões da minuta. Em depoimento, disse acreditar que o golpe teria avançado se não fosse a resistência do então comandante do Exército.
“Em uma das reuniões dos comandantes das Forças com o então presidente após o segundo turno das eleições, depois de o presidente da República, Jair Bolsonaro, aventar a hipótese de atentar contra o regime democrático, por meio de institutos previstos na Constituição, o então comandante do Exército, general Freire Gomes, afirmou que caso tentasse tal ato teria que prender o presidente da República”, informou o registro do depoimento.
O Globo/Brasil 247