A Constituição não pode ser interpretada para satisfazer ninguém

Publicado em 7 de dezembro de 2020

Quando os interesses políticos estão em jogo, vale tudo. No caso, o PTB acionou o STF para que este impeça a reeleição dos presidentes da Câmara e do Senado.
Se o Art. 57 § 4º da Constituição Federal constasse de uma pergunta em concurso público para saber se é possível a reeleição dos presidentes das Casas Legislativas, naturalmente os candidatos dariam com resposta certa, baseado no texto constitucional, que não seria possível. E assim responderiam aqueles de mediana cultura.
Ora, a Carta Magna de 1988 deve valer para todos, inclusive para os próprios parlamentares. Os artigos da Constituição são para serem aplicados e não para serem interpretados ao sabor dos interesses da política dominante.
O ex-presidente do STF, Nelson Jobim, argumentou em entrevista a jornal que a reeleição no Congresso “é desconsiderar a Constituição Federal”. “Tem regras expressas na Constituição (contra a reeleição)”.
Assim, causa perplexidade o Supremo se debruçar sobre matéria incontroversa, que pode interferir no espírito do legislador ao cunhar a regra.
Se o STF decidir pela reeleição dos membros do Congresso Nacional, dando nova interpretação ao texto constitucional, fica aberta a possibilidade de serem contestadas as demais exegeses até agora feitas sobre os artigos da Constituição. A Constituição não pode ficar a mercê de interpretações para agradar interesses de quem quere que seja.

Júlio César Cardoso
Servidor federal aposentado
Balneário Camboriú-SC
juliocmcardoso@hotmail.com

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