ABI faz ato em apoio ao jornalista Glenn Greenwald

Publicado em 31 de julho de 2019

A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) realizou, na noite desta terça-feira (30), um ato em solidariedade ao jornalista americano Glenn Greenwald, do The Intercept Brasil. O site publicou diálogos atribuídos ao ministro da Justiça, Sérgio Moro, e a procuradores da Lava Jato.
O evento, que reuniu centenas de pessoas dentro e fora da ABI, no Centro do Rio, contou a presença de artistas, como os músicos Chico Buarque e Teresa Cristina e os atores Camila Pitanga e Wagner Moura, entre outros. O ato começou por volta das 18h30 e acabou por volta das 22h.
A ABI defende a integridade do jornalista e o direito ao sigilo da fonte e ao livre exercício da profissão.
Em São Paulo, também houve ato em solidariedade ao jornalista Glenn Greenwald e ao The Intercept Brasil. Manifestantes se reuniram no vão do Museu de Arte Moderna (Masp), na Avenida Paulista. Depois, ocuparam a faixa direita da via e caminharam no sentido Consolação. O ato também foi organizado pela ABI.
Desde junho, Glenn tem publicado os diálogos atribuídos às autoridades ligadas à Operação Lava Jato. As conversas teriam ocorrido por meio do aplicativo Telegram.
Na semana passada, a Polícia Federal prendeu quatro pessoas suspeitas de terem invadido o celular de Moro e outras autoridades. Um dos presos, Walter Delgatti, disse em depoimento que ele é a fonte que repassou os diálogos para Glenn. O site não revelou a fonte nem como obteve os registros das conversas.
Nesta terça, o presidente Jair Bolsonaro disse que considera que Glenn cometeu um crime.
Ato reúne jornalistas na Associação Brasileira de Imprensa — Foto: Raoni Alves/G1 Rio
“No meu entender, ele [Glenn] cometeu um crime. Em qualquer outro país, ele estaria já em uma outra situação. Espere que a Polícia Federal chegue realmente, ligue os pontos todos”, disse Bolsonaro.
Delgatti afirmou à PF que não recebeu dinheiro em troca dos diálogos. Também disse que se comunicou com o jornalista de maneira virtual, sem revelar a identidade.
Para o presidente, o caso envolve “transações pecuniárias” e o objetivo teria sido “atingir” a Lava Jato, Moro e ele próprio.
“No meu entender, isso teve transações. No meu entender, transações pecuniárias e, pelo que tudo indica, a intenção é sempre atingir, no caso aí, atingir a Lava Jato, atingir o Sérgio Moro, atingir a minha pessoa, tentar desqualificar, desgastar”, afirmou o presidente.
Para o presidente, jornalistas não podem se “escudar” no sigilo da fonte para divulgar informações de “origem criminosa”.
“Invasão de telefone é crime e ponto final. Não tem o que discutir isso daí. Não pode se escudar, ‘sou jornalista’. Jornalista tem que fazer seu trabalho. Preservar o sigilo da fonte, tudo bem. Agora, uma origem criminosa, o cara quer preservar um crime, invadindo a República, desgastar o nome do Brasil”, concluiu Bolsonaro.
O artigo 5º da Constituição Federal, que trata dos direitos e deveres do cidadão, estabelece que “é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional”.
Em uma rede social, Greenwald escreveu nesta segunda-feira uma mensagem em que cita incisos do artigo 5º e diz que alguém poderia “mostrar ao presidente Jair Bolsonaro o que a Constituição garante”. “Acho que seria útil”, completou o jornalista.
No fim de semana, Bolsonaro já havia afirmado que “talvez” Glenn seja preso. A declaração gerou reação de associações ligadas ao jornalismo.
Fotos: Raoni Alves/G1 Rio

G1

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