Acusado de matar ambulante no Metrô ‘tinha acessos de loucura’, diz ex-mulher

Publicado em 28 de dezembro de 2016

A ex-mulher de Alípio ogério Belo dos Santos, um dos homens acusados de matar o vendedor ambulante Luiz Carlos Ruas, na estação Pedro II do Metrô de São Paulo, disse ao Jornal Nacional que o ex-companheiro tem temperamento explosivo.
Segundo a ex-mulher, que não quer ter o rosto nem o nome divulgado, Alípio tem comportamento agressivo. “Ele tinha esses acessos de loucura, às vezes, chutava as coisas. Ele batia nas coisas, gritava, xingava, chamava atenção dos vizinhos nessas brigas”, disse.
A jovem espera que ele se entregue e se preocupa principalmente com a filha. “Ainda estou em choque com essa história toda, porque isso vai impactar muito na vida dela”, afirmou.
Alípio e o primo dele, Ricardo Nascimento Martins, estão foragidos. Eles tiveram a prisão temporária decretada pela Justiça.
O advogado dos suspeitos afirma que eles não vão se entregar enquanto o pedido de prisão temporária não for revogado. O governo de São Paulo oferece recompensa de R$ 50 mil por informações sobre o paradeiro deles.
O corpo do vendedor ambulante foi enterrado na tarde desta terça-feira (27) em um cemitério de Diadema, na Grande São Paulo. Sob forte emoção, parentes e amigos deram adeus a Luiz Carlos, que por mais de 20 anos vendia produtos na saída da estação na região central de São Paulo.
Os dois homens acusados de matar o ambulante estão foragidos. Luiz Carlos foi morto após tentar defender um homossexual e uma travesti que eram perseguidas pelos suspeitos.
A estação Pedro II, da Linha 3-Vermelha do Metrô de São Paulo, não contava com nenhum segurança quando o vendedor ambulante Luis Carlos Ruas, de 54 anos, foi espancado e morto por dois homens ao tentar defender uma travesti vítima de discriminação. As agressões ocorreram em frente a uma bilheteria, por volta das 20h do último dia 25, e foram registradas por câmeras segurança.
O advogado dos suspeitos havia dito que eles se entregariam à polícia nesta terça (27), mas, como até a publicação desta reportagem eles seguiam foragidos, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) passou a oferecer uma recompensa de R$ 50 mil por informações que levem à sua localização. As denúncias deverão ser feitas pelo Webdenúncia. Não é preciso cadastro e o sigilo é garantido.

Sem segurança
Conforme apurou o G1, dois vigilantes eram responsáveis pelo patrulhamento de três estações (Bresser-Mooca, Belém e Pedro II) na noite de Natal. No momento em que Ruas – também conhecido com Índio – era atacado, a dupla de seguranças “fazia rondas nas estações vizinhas”, como afirmou o Metrô SP.
De acordo com empresa, os agentes levaram seis minutos para se deslocar até o local do crime e começar os primeiros socorros. O intervalo foi suficiente para que os agressores fugissem. A vítima não resistiu aos múltiplos ferimentos e morreu pouco depois, no hospital.
Segundo o Sindicato dos Metroviários, o esquema de revezamento é prática comum na segurança do Metrô paulistano durante os feriados e também nos dias de semana, após as 22h. Na noite de Natal, outros dois vigilantes patrulhavam as estações Carrão, Penha e Vila Matilde, e uma terceira dupla era a encarregada de cuidar de Guilhermina-Esperança, Patriarca e Artur Alvim.
Neste esquema, apenas as estações com maior fluxo de passageiros, como Sé, Brás e Barra Funda, por exemplo, contam com segurança fixa. Para Alex Fernandes, coordenador do sindicato, a falta de funcionários impede um patrulhamento eficiente. “Com uma dupla para cuidar de três estações é impossível. No momento que ocorre qualquer ocorrência de natureza social, um acidente, ou a aberração que ocorreu naquela noite, não vai ter segurança”.
O Metrô SP conta, atualmente, com um quadro de 1100 vigilantes, conforme dados do Sindicato dos Metroviários. Na avaliação de Fernandes, o ideal era que a quantidade fosse aumentada em no mínimo 40%, já que com licenças, folgas e outros fatores que acabam afastando os funcionários do trabalho, apenas cerca de 350 atuam no Metrô diariamente.
“A maioria trabalha durante o dia e durante dias de semana. Ou seja, nos finais de semana e à noite, você tem 60, 70 seguranças pra cuidar de todas as estações das linhas 1, 2 e 3. Funcionários que têm de cuidar de toda a segurança do Metrô: trens, acessos, plataformas, tudo”, lamentou ele.
Por nota, o Metrô de São Paulo lamentou a morte do ambulante Ruas e disse que ajuda e confia na “atuação das autoridades policiais para que os criminosos sejam presos”. A empresa reforçou ainda que “mantém o seu compromisso de transportar cerca de 4 milhões de usuários por dia, com confiabilidade, rapidez e segurança”.
Homens que espancaram ambulante em metrô de São Paulo são identificados

Foragidos
Os suspeitos Alípio Rogério Belo dos Santos e Ricardo Nascimento Martins tiveram a prisão temporária decretada pela Justiça. Conforme informou o delegado Oswaldo Nico Gonçalves à GloboNews, os dois homens são primos, moram perto um do outro e beberam muito no dia de Natal.
As imagens das câmeras da Estação Pedro II mostram que tudo começou com a perseguição de dois homens a uma travesti. Ela passa por baixo da catraca, corre com os criminosos em seu encalço, mas consegue escapar. Em seguida, quem já aparece fugindo dos agressores é o vendedor ambulante. Ele, no entanto, cai e é atingido por repetidos socos e pontapés.
Ruas morreu no hospital e teve corpo velado no Cemitério Jardim Vale da Paz, em Diadema, na Grande São Paulo. Ele trabalhava há mais de 20 anos na saída de uma passarela para pedestres do lado de fora da estação onde foi morto.

Manifestação
Ativistas LGBTT, integrantes do Sindicato dos Metroviários e religiosos realizaram um protesto em frente às catracas da estação Pedro II do Metrô, na tarde desta terça-feira. Entre outras reivindicações, o grupo de manifestantes pediu justiça e mais segurança nas estações de metrô da cidade.
O Padre Julio Lancelotti estava entre eles e também sugeriu que a estação Pedro II, que compõe a Linha Vermelha, tenha o nome trocado para homenagear a vítima. “Na sexta-feira pretendemos formalizar essa proposta de que essa estação possa se chamar Luis Carlos Ruas”, explicou o sacerdote.
A vereadora Soninha Francine, futura secretária de Desenvolvimento Social do prefeito eleito João Doria também participou do ato. “A gente não pode deixar que as pessoas se acostumem com a notícia e esqueçam. Infelizmente, é uma coisa que acontece com casos de violência. Daqui a pouco eles são substituídos por outros. A gente precisa manter aceso esse horror. Parece algo meio sádico, mas as pessoas não podem se acostumar e esquecer”, disse ela.
G1

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