Apesar da gravação da reunião, Bolsonaro fez sinal que não ao ser perguntado se encontro estava sendo filmado. Vídeo

Publicado em 10 de fevereiro de 2024

O presidente Jair Bolsonaro sinalizou durante a reunião com ministros do dia 05 de julho de 2022, alvo de investigação da Polícia Federal, que a conversa não estaria sendo gravada. Em um dos trechos da reunião, quando se falava sobre auditoria de urnas eletrônicas, o ex-ministro-chefe da Controladoria Geral da União Wagner Rosário interrompe a própria fala para questionar se estava sendo gravado.
“Essa junção de Polícia federal, Forças Armadas e CGU tem que fazer urgente, urgente. As outras equipes, a gente chegar a um consenso assim… tem que ser, porque já não temos garantia disso. E aí já não são as Forças Armadas falando, são três instituições. A gente tem que se preparar para atuar como força-tarefa nesse negócio”, diz Rosário.
Na sequência, ele pergunta sobre a gravação. O ex-presidente Bolsonaro e Braga Netto, ex-ministro-chefe da Casa Civil, fazem sinal de negativo com o dedo.
Rosário: “A reunião está sendo gravada?”
Braga Netto: “Não”
O ex-ministro da Casa Civil olha para Bolsonaro e faz o sinal de negativo com a mão. Bolsonaro repete o mesmo sinal.
“Eu mandei gravar a minha fala”, disse Bolsonaro.
O discurso do ex-presidente ocorreu no início da reunião, antes de o microfone ser passado aos demais presentes. Ao “confirmar” que a reunião não era gravada, Wagner Rosário continua sua fala sobre a segurança das urnas eletrônicas.
“O TCU já soltou um relatório dizendo que as urnas são seguras. O relator foi o Bruno Dantas (ministro do Tribunal de Contas da União)”, falou Rosário.
Bolsonaro toma a palavra e pede aos presentes da reunião que articulassem para que órgãos como a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU), e até entidades externas como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), fizessem uma nota afirmando que seria “impossível” atingir as condições necessárias para garantir a lisura das eleições de 2022.
Por meio de nota, a OAB negou que tenham ocorrido investidas de Bolsonaro e seus aliados para legitimar o discurso contra a validade das eleições:
“Reiteramos a confiança da OAB no sistema eleitoral e nas urnas eletrônicas. Relembramos ainda todas as ações concretas tomadas pela Ordem para rechaçar as acusações infundadas feitas contra o sistema eleitoral e para defender a Justiça Eleitoral.
O ex-presidente Jair Bolsonaro e seus interlocutores nunca procuraram a OAB para pedir apoio a críticas infundadas contra o sistema eleitoral. Caso alguém pedisse apoio da OAB para essa pauta, receberia um não como resposta.
A OAB não toma lado nas disputas político-partidárias e mantém posição técnico-jurídica. A atual gestão da Ordem tem como prioridade atuar em temas do dia a dia da advocacia, como as prerrogativas da profissão. Por não assumir lado na disputa ideológica e partidária, a OAB recebe críticas de setores das diversas linhas ideológicas que tentam obter apoio da entidade para seus diferentes pleitos.”

Por que o vídeo foi gravado?
O blog questionou investigadores da PF, advogados, assessores de Bolsonaro e ministros do STF sobre o porquê de a reunião ter sido gravada.
Investigadores afirmam que isso também vai ser apurado – se foi uma ação de Mauro Cid por conta própria com a anuência de Bolsonaro.
O blog questionou assessores de Bolsonaro e sobre a gravação do video. Segundo eles, o ex-presidente diz desconhecer quem gravou – se foi Cid ou outra pessoa – e que não havia protocolo de gravação. Uma hipótese levantada no entorno de Bolsonaro é que foi uma trapalhada de Cid.
Já ministros do STF acreditam que a gravação fazia parte da estratégia bolsonarista de ter uma “documentação para história”. Nas palavras de um ministro, parte do plano de registrar o que acreditavam ser “momentos decisivos de páginas heroicas”, uma narrativa para a claque golpista.
Para alguns investigadores, o vídeo mostra que havia certeza de impunidade no núcleo bolsonarista.

VIDEO

Foto: STF/Reprodução
G1

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