Áudio mostra vereadores negociando valor de extorsão de ex-prefeita

Publicado em 18 de novembro de 2015

Gravações entregues ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e divulgado pela Políca Civil revelam como a tentativa de extorsão a ex-prefeita de Juranda, no centro-oeste do Paraná, ocorreu. Três vereadores foram presos no domingo (15) após receberem três cheques de R$ 25 mil da ex-prefeita Leila Miotto Amadei (PPS). A polícia acompanhou a entrega do dinheiro.

Segundo a Polícia Civil, José Theodoro Alves Neto (PTB), Nelson Richard Pinto (PSL) e Pedro Gonçalves (PMDB) foram presos em um restaurante em Campo Mourão. Para a polícia, os vereadores exigiram dinheiro de Leila para que eles votassem a favor da aprovação de contas da gestão dela em 2009. Essas contas foram aprovadas com ressalva pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-PR).
Em uma das reuniões, um ex-funcionário de Leila, orientado pela Gaeco, gravou a conversa que teve com um dos parlamentares. No áudio, um dos vereadores preso pede o pagamento de R$150 mil.

Vereador: O que fica bom pra você?
Ex-funcionário: Não…não sei…tenho que ver.
Vereador: Promessa…você sabe que a promessa é difícil de aceitar, você sabe disso, entendeu?
Ex-funcionário: Não e a Leila não é disso, afinal ela sabe disso.
Vereador: Promessa é difícil de acreditar, tem que clarear no mínimo a metade, entendeu? E a metade a gente dá um prazo sim.
Ex-funcionário: Mas, seria quanto isso em metade?
Vereador: 75. E na verdade o quanto que não vai economizar isso em transtorno, em dor de cabeça, de gasto com advogado, de perder lá na frente e de ganhar a eleição mais fácil?
De acordo com a Polícia Civil, a voz na gravação negociando a cobrança é do vereador José Theodoro Alves Neto (PTB). Os três vereadores seguem presos na Delegacia de Campo Mourãopelo crime de concussão. O advogado que defende os três parlamentares, Everton Caldeira, preferiu não se manifestar sobre o caso.

A ex-prefeita Leila Miotto Amadei (PPS) contou ao G1 que os três vereadores procuraram o ex-funcionário dela há dez dias. Logo que ficou sabendo do conteúdo da reunião, decidiu denunciá-los ao Gaeco. Por recomendação do órgão gravou a conversa do segundo encontro e marcou o dia da entrega dos cheques.

“Os vereadores disseram que as contas só seriam reprovadas se tivesse o voto de seis integrantes da Câmara. Eles estavam dispostos a optar pela reprovação, e assim eu ficaria inelegível, mas poderiam mudar de ideia se eu pagasse R$ 50 mil a cada um deles”, diz a ex-prefeita.

Leila deve ser uma das candidatas à prefeitura de Juranda na próxima eleição. Se as contas de 2009 forem reprovadas pela Câmara de Vereadores, ela não poderá entrar na disputa.

“Durante os meus dois mandatos tive problemas políticos para aprovar projetos. Os vereadores exigiam benefícios para a aprovação dos mesmos. A exigência desta vez foi à gota da água, por isso resolvi denunciar”, argumenta a ex-prefeita de Juranda.

A Câmara de Vereadores faria a primeira sessão de análise das contas da gestão de Leila Amadei nesta segunda-feira (16). Diante da prisão dos três vereadores que fazem parte da Comissão de Finanças da Casa, o presidente Celso Rodrigues Modesto ainda não sabe quando fará a votação e como ficará a situação política dos colegas. A Câmara ainda está analisando a situação.

Conforme o delegado Nagib Nassif Palma os três vereadores já tinham dois relatórios sobre as contas de 2009, um era favorável pela aprovação e outro pela reprovação. A entrega de um deles dependeria do pagamento. “Agora vamos investigar se eles tentaram extorquir outras pessoas na cidade e qual era o interesse deles ao cobrar esse dinheiro”, diz.
G1

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