Bolsonaro diz que vive no Palácio do Alvorada “como se fosse um presidiário”

Publicado em 15 de julho de 2022

Durante agenda oficial em Juiz de Fora (MG), onde levou uma facada na campanha eleitoral de 2018, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, nesta sexta-feira (15), que “tem que correr risco”, apesar dos conselhos relacionados à sua segurança.
“Eu vivo no [Palácio do] Alvorada como se fosse um presidiário, uma prisão domiciliar, sem tornozeleira eletrônica. Fugi pelo menos umas três vezes de motocicleta. Vou fazer mais vezes? Talvez. Quando ando por aí, no meio do povo, falam para tomar cuidado, eu sei disso. Mas eu tenho que correr risco. Sou um presidente voluntário”, disse Bolsonaro aos apoiadores.
O presidente, nascido no interior de São Paulo, desembarcou na cidade mineira por volta de 9h. Em seguida, ele participou de uma motociata. “Estou conhecendo minha terra natal. Vou requerer minha certidão de nascimento aqui”, disse durante o ato com apoiadores. Na sequência, participou de um culto.
Durante seu discurso de pouco mais de uma hora, Bolsonaro lembrou do atentado que sofreu na campanha ao Palácio do Planalto em 2018. O então pré-candidato pelo PSL — hoje filiado ao PL — estava em uma manifestação quando foi atingido no abdômen por Adélio Bispo.
“Eu lembro todos os passos daquele dia. Cheguei, fui almoçar, depois vi uma praça, que tinha umas 30 mil pessoas ou mais. Procurei meu colete e não achei. Tive que cumprir uma missão, como sempre vinha fazendo ao longo de três anos e meio, já que comecei a andar pelo Brasil em novembro de 2014”, contou.
“E aconteceu [a facada]. Só me lembro que, quando vi, agarrei e falava para a segurança que alguém tinha me dado um soco. Vamos em frente. Levantei a camisa, vi um buraco e nessa região o sangue entra para dentro, não vai para fora. Me jogaram no carro e entrei na Santa Casa”, continuou.
A visita de Bolsonaro a Juiz de Fora ocorre em meio à escalada da violência a menos de três meses do pleito deste ano. Durante o fim de semana, o petista Marcelo Arruda foi assassinado a tiros pelo policial penal Jorge Guaranho, apoiador do presidente, em Foz do Iguaçu (PR).
O chefe do Executivo voltou a levantar suspeitas sobre o sistema eleitoral brasileiro, sem apresentar provas. “Aconteceu, sobrevivemos. Tivemos uma campanha no primeiro turno, algo esquisito, acho que eu ganhei no primeiro turno, mas deixa para lá. Ganhamos no segundo turno, formamos ministérios. Não tive dificuldade para escolher gente competente, apesar de muita gente ter se negado”, destaca.

Eleitorado feminino
Com alta rejeição entre o público feminino no país, Bolsonaro, que busca a reeleição, fez um discurso eleitoral com vistas às mulheres presentes na cerimônia, que reagiram às falas presidenciais.
O presidente argumentou que a maioria dos títulos fundiários concedidos pelo seu governo ao longo de sua gestão foi destinada a mulheres chefes de casa, assim como os benefícios pagos dentro do Auxílio Brasil — extinto Bolsa Família.
Após as denúncias de assédio sexual e moral por parte de Pedro Guimarães, ex-presidente da Caixa Econômica Federal, Bolsonaro lembrou que o banco público tem agora uma mulher na presidência – Daniella Marques e que disse que “a Caixa é para elas”.
Bolsonaro contou, ainda, sobre sua relação com a primeira-dama, Michelle Bolsonaro — ela não estava presente no evento. “Ela conduz as coisas lá em casa. Aliás, não sabia de muitas qualidades, cheguei a ter conhecimento depois quando cheguei à Presidência. Ela aprendeu Libras.”

Críticas ao Judiciário
Ainda na cerimônia, o chefe do Executivo voltou a criticar o presidente do TSE, Edson Fachin, e defendeu novamente que o magistrado se declare suspeito diante do pleito que se avizinha.
Bolsonaro defendeu os magistrados indicados por ele para compor o Supremo Tribunal Federal (STF) — os ministros Kassio Nunes e André Mendonça — mas reconheceu que ambos falham. “Erram, mas na maioria das vezes têm acertado. Não preciso conversar com os dois, raramente converso com eles.”
O político voltou a comentar o indulto presidencial dado ao deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), presente na cerimônia. O perdão foi dado menos de 24 horas após o STF condenar o parlamentar a oito anos e nove meses de prisão, cassar o mandato do deputado, suspender os direitos políticos dele e torná-lo inelegível pelos próximos oito anos. Bolsonaro afirmou que a graça é constitucional e que seria cumprida.
R7

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