Decretada prisão preventiva de suspeito de matar capoeirista que afirmou votar em Haddad. Bolsonaro disse que lamenta o fato

Publicado em 10 de outubro de 2018

Após audiência de custódia realizada na tarde desta terça-feira (9), a Justiça decretou a prisão preventiva de Paulo Sérgio Ferreira de Santana, de 36 anos, suspeito de matar o mestre de capoeira Moa do Katendê, durante uma discussão política na madrugada de segunda-feira (8).
A decisão foi do juiz Horácio Pinheiro. Agora, o suspeito será encaminhado para o sistema prisional, onde vai aguardar o julgamento.
Romualdo Rosário da Costa, mais conhecido como mestre Moa, de 63 anos foi esfaqueado após dizer ao suspeito do crime, que era contra o candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL) e que tinha votado no PT. Paulo foi preso e confessou o crime.
O primo da vítima, Germínio do Amor Divino Pereira, 51 anos, que ficou ferido no mesmo ataque, teve alta nesta terça-feira, e contou como o crime aconteceu.
O compositor, dançarino capoeirista, ogã-percussionista, artesão e educador na propagação da cultura afro-brasileira completaria 64 de vida no dia 29 de outubro.
O músico baiano Gilberto Gil usou as redes sociais nesta terça-feira para homenagear a vítima. O cantor destacou em uma publicação pelo Instagram, a contribuição cultural do capoeirista para o estado e outros legados.
Na segunda-feira, os cantores Caetano Veloso e Daniela Mercury também fizeram homenagens ao mestre de capoeira.
Sob muita comoção e em meio a várias homenagens, Moa do Katendê foi enterrado no final da tarde de segunda-feira (8), no Cemitério Quinta dos Lázaros, na capital baiana.
O presidente do bloco Ilê Ayê, Antônio Carlos dos Santos e o cantor Tatau, estiveram no sepultamento.
Em homenagem a Moa do Katendê, um grupo fez uma roda de capoeira do lado de fora do cemitério. Os grupos cantaram canções ao toque de berimbaus, para lembrar a importância de Moa para a capoeira, expressão cultural brasileira que mistura a arte marcial com cultura popular e música, desenvolvida no Brasil pelos descendentes de escravo.

Crime
Segundo informações da SSP, Paulo Sérgio reagiu com violência após ouvir o mestre de capoeira afirmar que o grupo com o qual ele estava votava no PT. Em seguida, Paulo saiu do bar e foi em casa, onde pegou uma faca do tipo peixeira e depois retornou para o local onde Moa estava e esfaqueou o capoeirista.
O suspeito fugiu por um beco, mas foi preso pela Polícia Militar logo após o crime. Os PMs foram acionados por testemunhas. Segundo a polícia, em depoimento, o suspeito afirmou que entrou em luta corporal com o mestre de capoeira antes de esfaquear a vítima.
“Ele [Paulo Sérgio] disse que no momento em que ele voltou para o bar, ele se embolou com a vítima. As testemunhas não confirmam essa versão. Inicialmente, eles discutiram por divergência política”, disse a delegada Milena Calmon.
Ainda conforme a polícia, o suspeito ainda disse que foi xingado e que estava consumindo bebida alcoólica desde o início da manhã de domingo. A polícia informou que ele disse que estava arrependido de ter cometido o crime.

BOLSONARO: ‘LAMENTO, UM EXCESSO’
O candidato à Presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro, disse nesta terça-feira (9) que o homem suspeito de esfaquear e matar um mestre de capoeira na Bahia cometeu um excesso. Bolsonaro lamentou o episódio, e afirmou que não tem nada a ver com o caso, pois não tem controle sobre seus apoiadores.
“Pô, cara! Foi lá pergunta essa invertida… quem tomou a facada fui eu, pô! O cara lá que tem uma camisa minha, comete lá um excesso. O que eu tenho a ver com isso? Eu lamento. Peço ao pessoal que não pratique isso. Eu não tenho controle sobre milhões e milhões de pessoas que me apoiam”, disse o candidato, adversário de Fernando Haddad, candidato do PT, na corrida presidencial.
Segundo Bolsonaro, há violência e intolerância vindas dos simpatizantes de seu adversário. “A violência veio do outro lado, a intolerância veio do outro lado. Eu sou a prova, graças a Deus, viva disso aí”, disse.

G1

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