Deu pano para manga: Senai e Embrapa criam embalagem verde para exportação da fruta

Publicado em 26 de janeiro de 2021

Quando você pensa em alguma embalagem, certamente deve se lembrar do plástico ou do papelão. Agora, dá pra imaginar uma embalagem feita com fibra de coco e mandioca? E mais, biodegradável. Sim esse produto existe e vai ser usado na exportação de manga sem casca e sem caroço.
A embalagem verde está associada a demanda de mercado por produtos mais práticos e saudáveis para consumo, além de um consumidor cada vez mais exigente nas questões ambientais.
Tudo foi desenvolvido no Campus Integrado de Manufatura e Tecnologia do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI CIMATEC), em Salvador. A iniciativa está entre as soluções tecnológicas do projeto GestFrut, coordenado pela Embrapa Mandioca e Fruticultura (BA).
Líder do projeto, a pesquisadora do SENAI Bruna Machado, explica que a Bahia é um dos maiores produtores de manga e a ideia surgiu para agregar valor e diferenciar a exportação da fruta. O projeto teve início em 2015 e finalizado no ano passado.
Foram utilizados nanocristais da celulose, provenientes da fibra de coco e do amido de mandioca. O fruto e a raiz se tornaram assim a matéria-prima da embalagem, que é degradada em menos de seis meses após o descarte.
“Algumas empresas importantes do Brasil já fizeram contato para a prospecção de projetos na área de embalagens biodegradáveis. O custo de produção é bastante acessível. E é possível estruturar uma linha de produção para atender diferentes escalas produtivas”, diz.
As pesquisas também tiveram a participação de Marina de Andrade, na época, aluna do Centro Universitário SENAI CIMATEC, do curso de Engenharia de Materiais e de Taynã Santana, que está finalizando o mesmo curso. De olho em um futuro mais saudável, Taynã espera que as embalagens verdes tenham maior visibilidade e possam um dia substituir as sintéticas.
“As embalagens verdes são promissoras e revolucionárias. Hoje em dia é possível desenvolver uma embalagem com insumos e matérias-primas naturais, com baixo custo e de qualidade equivalente aos modelos convencionais. Espero que o mercado faça essa opção. Isso vai diminuir os impactos ambientais”, afirma.
Para o coordenador do GestFrut, Domingo Haroldo Reinhardt, pesquisador da Embrapa, o projeto gerou um ativo tecnológico importante, que se enquadra nas demandas atuais por produtos ambientalmente corretos.
“É biodegradável, usa resíduos e contribui para o consumo conveniente de fruta pronta para comer, reduzindo o desperdício. Com essas vantagens, cria boas perspectivas de viabilidade econômica, podendo atrair parceiros da iniciativa privada para concluir o processo de inovação”, avalia.
Sobre a parceria da Embrapa com o SENAI, Reinhardt considera que as duas instituições têm objetivos similares, com ênfase na geração e adaptação de inovações tecnológicas em benefício da sociedade brasileira.
“A Embrapa mais na área agropecuária, e o SENAI focado na indústria. Não basta gerar um novo produto tecnológico, ele precisa evoluir. A Embrapa tem contribuído muito para o fortalecimento da cadeia produtiva da manga, que se tornou a principal fruta fresca exportada pelo Brasil. O SENAI contribui com novas formas de agregação de valor ao produto manga — uma parceria perfeita”, finaliza.

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