Doméstica tem casa incendiada após se recusar a fazer sexo com ex-marido

Publicado em 25 de janeiro de 2016

Uma campanha nas redes sociais pretende ajudar uma empregada doméstica que teve a casa incendiada após ela negar sexo ao ex-marido na frente do filho de 5 anos no Jardim Santa Eudóxia, em Campinas (SP). Mesmo com ele já preso, Regina Aparecida Domingos, de 39 anos, ainda se diz em choque com o drama ocorrido na primeira quinzena de janeiro.
“Agora, eu estou mais tranquila que ele está preso, mas o trauma que eu vivi. Eu morro de medo quando eu vejo um carro na rua, fico em choque, é difícil. Acho que eu vou ter que sumir”, conta a moradora que se diz segura apenas longe de casa. Segundo a vítima, eles estavam casados há 14 anos e se separaram após o marido se comportar, frequentemente, de forma agressiva.

Ameaças
A empregada doméstica lembra que, no dia do crime, foi ameaçada pelo ex-marido ao chegar em casa após o trabalho.
“Eu cheguei do serviço umas 16h e ele me ameaçou, falou que ‘ia acontecer’. Minha vizinha foi me chamar e ele xingou ela de tudo quanto é nome. Aí, ele me agarrou, me levou pro quarto e queria fazer sexo […]. Peguei um colchãozinho e fui com o meu menino perto de uma construção”, explica.
Regina e o menino conseguiram fugir após a ameaça e não sofreram ferimentos. No mesmo dia, o homem de 57 anos foi preso e levado ao 10º Distrito Policial, no Jardim Proença.
De acordo com ela, o ex-marido sempre foi agressivo, mas há um ano as ameaças também passaram a serem direcionadas aos filhos. “Antigamente, a gente ia tocando, porque eu sou uma pessoa a favor da família. Só que o fim foi quando ele chegou em casa falando do nada para o meu filho mais velho que ia dar muito tiro na cabeça dele”, lamenta a emprega doméstica.

Doações
Em solidariedade à vítima, estudantes da PUC-Campinas, que integram o coletivo feminista ‘Acácias’, decidiram criar um evento para arrecadar roupas, calçados, alimentos, utensílios domésticos, móveis e material escolar para a moradora. Ela perdeu tudo após o incêndio na residência.
A universitária Ingrid Paulino, de 22 anos, contou que soube do caso e, incorformada com a situação, resolveu juntar amigas do coletivo para fazer as arrecadações.
“Temos alguns móveis que vão ser retirados na quarta-feira [27], com ajuda também de outra moça que tem uma Kombi e se disponibilizou para pegar. Temos bastante doação de roupa, calçados, alimentos para serem retirados”, explica Ingrid.
O grupo organizou uma planilha para a retirada das doações em vários pontos da cidade. A vestibulanda Lorena Dourado, de 18 anos, soube da campanha por meio de um grupo no Facebook e começou a ajudar. O evento da mobilização contava até a manhã deste sábado com pelo menos 328 pessoas confirmadas.
Para Ingrid, além de ajudar Regina, a importância da campanha é o fortalecimento entre as mulheres. “Doações de dinheiro serão efetuadas diretamente na conta corrente da Regina. O que é lindo é que tem gente de outros estados e se mobilizando a favor de uma causa nobre. Enche meu coração de esperança”, destaca Lorena sobre a iniciativa.

Apoio dos vizinhos
Segundo Zélia Mazini, vizinha de Regina, ela voltou a morar em casa cinco dias após o incêndio. “Um pessoal ajudou ela a retirar as coisas queimadas de um dos cômodos, e ela conseguiu dormir lá. Doaram algumas roupas, cama e colchão. Levaram até uma televisão pequena para ela e os filhos”, conta.
A vizinha de Regina ainda falou que eles arrumaram a fiação da casa e levaram comida para a vítima e os filhos. “Pelo menos tem um cômodo para ela e os filhos dormirem. Essa semana um pessoal da rua vai ajudar a limpar o restante, tem bastante entulho, tem um quarto que não dá nem pra entrar”, afirma Zélia.

Investigação
De acordo com a Polícia Civil, o ex-marido da vítima usou um lubrificante automotivo para atear fogo na residência. Na noite de 11 de janeiro, uma segunda-feira, ele teria queimado um colchão na tentativa de matar Regina e o filho mais novo, que estavam na casa.
Ainda segundo a corporação, na manhã da terça-feira ele voltou a incendiar a casa, mas foi amarrado pelo filho mais velho até a chegada de uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Após ser atendido, o mecânico fugiu e se escondeu em um bar, onde foi preso em flagrante. Ele foi indiciado por tentativa de homicídio, danos e violência doméstica.
G1

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