Em carta a namorada, brasileiro condenado por elo com Estado Islâmico diz que jihad é ‘causa maior’

Publicado em 12 de abril de 2018

terror2Condenado a 8 anos de prisão na Espanha por participar de um grupo extremista islâmico, o brasileiro Kayke Luan Ribeiro Guimarães deixou uma carta de despedida à namorada antes de partir rumo à Síria em 2014. No texto, que foi reproduzido pela Justiça espanhola na sentença desta terça-feira (10), ele diz que a guerra santa (jihad) é a “causa maior” de sua partida.
“Perdoe-me por não ter cumprido minha promessa mas é por uma causa maior e você sabe (Jihad). Sempre será minha menina e a luz dos meus olhos. Não sei como me despedir de você, nem quero”, diz o manuscrito.
O brasileiro nega envolvimento com o grupo e diz que ia ao país para ajudar mulheres e crianças. Mas ele confirma ter deixado a mensagem, segundo a documentação divulgada pelas autoridades espanholas.
Kayke foi preso aos 18 anos na fronteira da Bulgária com a Turquia antes de cumprir o objetivo de se unir ao Estado Islâmico na Síria, segundo afirma a sentença da Justiça espanhola.

Mesquita
Segundo a Justiça espanhola, o documento foi encontrado na casa de seu amigo marroquino Taoufiq Mouhouch, com quem frequentava uma mesquita de Terrassa, próximo a Barcelona.
Kayke, Taoufiq e um terceiro homem, Mohamed El Gharbi, foram presos em dezembro de 2014, quando tentavam atravessar a fronteira da Bulgária com a Turquia. Ele foi levado de volta para a Espanha, onde está preso.
“Cuide bem de sua mãe e sua familia. Cuide muito dela. Tudo isso acaba muito rapidamente. O desfrutar desta vida é passageiro”, diz o texto. “Para mim, você foi meu único e verdadeiro amor e pode ser que… voltemos a nos ver e Alá sabe mais.”
De acordo com a investigação, o brasileiro jogava basquete e frequentava uma escola de dança, mas deixou de ir ao se converter ao islamismo, “não ao ortodoxo, mas ao combativo”, e se tornou membro do grupo que queria ir à Síria.

‘Abdel Hakeem’
A sentença da Justiça espanhola afirma que Kayke havia adotado o nome Abdel Hakeem, depois de sua conversão ao islamismo.
Na casa dele em Terrassa, foram encontradas fotocópias de capítulos do livro “Manual de Recrutamento Al Qaeda”, de Mathieu Guideré e Nicole Morgan.
A polícia achou também um papel em que estava desenhada a bandeira do estado islâmico com diversas armas, além de mais cópias do livro de recrutamento da Al Qaeda. O material teria sido entregue por Antonio Saez Martínez, o suposto líder da célula extremista.
De acordo com a sentença, Kayke participou de diversas reuniões e treinamentos sobre a “guerra santa violenta”, inclusive de um encontro em que Antonio defendeu a ideia de combater na Síria ou de fazer um atentado na Espanha, contra uma livraria ou sinagoga de Barcelona.
O grupo também via vídeos de execuções e decapitações feitas pelo Estado Islâmico e defendia o ato por serem infiéis, afirma a sentença. Em 26 de novembro de 2014, Kayke, Taoufiq e El Gharbi fizeram a primeira tentativa de sair do país para ir à Síria. Eles chegaram a entrar em um ônibus em Barcelona, mas desceram.
Em 12 de dezembro do mesmo ano, os três novamente se prepararam e conseguiram sair pela fronteira de La Junquera de madrugada. Eles passaram pela França, Itália, Eslovênia, Hungria, Romênia e Bulgária, onde foram detidos.

Versão de Kayke
Em declaração à Justiça espanhola, Kayke negou envolvimento com ações terroristas do Estado Islâmico, ter desenhado o símbolo do grupo e recebido o material.
Ele afirma que contou à família que iria passar uma semana na Turquia, não que planejava ir à Síria.
Ele confirma que esteve em um encontro com os outros suspeitos, mas que não foram discutidas ações terroristas. Em outro encontro, ele conta que foram avisados de que eram seguidos pela polícia.
O brasileiro também diz que tinha um tablet, recolhido pela investigação, mas que nunca pesquisou coisas sobre o Estado Islâmico nele. Mas não respondeu quando perguntado sobre visualizações de vídeos do grupo extremista, da Al-Qaeda e de atos terroristas.
G1

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