Ex-candidata a vereadora em Lagoa Seca vai denunciar na Justiça Eleitoral que foi enganada pelo partido e perdeu emprego por conta da eleição
Publicado em 11 de novembro de 2024O período da campanha eleitoral e a votação no município paraibano de Lagoa Seca já passaram, mas o clima de conflito, denúncias e possíveis irregularidades ainda não acabou. O mais recente episódio envolve uma ex-candidata a vereadora pela oposição, que acabou não sendo eleita e ainda perdeu o emprego, conforme já foi falado no programa Lagoa Seca Debate no último sábado (9) embora sem a revelação de nomes, o que pode acontecer em breve.
Em um recente desabafo nos bastidores do programa, na Rádio Ypuarana FM 87,9, a ex-candidata que prefere não se identificar por enquanto, disse que teme retaliações, mas se nada for resolvido vai levar o caso a público e denunciar tudo junto a Justiça Eleitoral. A denunciante relata que foi prometido total apoio à sua campanha, mas afirma que nada foi cumprido e ela ainda acabou sendo prejudicada, com uma demissão por justa causa.
O fato é que ela trabalhava numa empresa terceirizada que presta serviço ao estado e foi orientada pelo partido a se afastar do trabalho para poder participar da campanha política, com a garantia de que caso não fosse eleita, como de fato aconteceu, voltaria ao emprego, onde já estava por três anos. Só que passada a campanha ela foi surpreendida com a demissão, justamente por ter abandonado o local de trabalho.
“Minha documentação sobre o afastamento não foi levada ao conhecimento da empresa e o partido acabou por me deixar numa situação complicada, o que resultou na minha demissão”, explicou a ex-candidata, que ao procurar a direção partidária em busca de uma solução para o problema recebeu a resposta de que nada poderia ser feito. Além disso, ela foi recrutada para a campanha para completar a cota mínima de 30% de mulheres que a legenda precisa para a campanha, não tendo, portanto, nenhum apoio de qualquer tipo durante o pleito.
Por outro lado o partido conseguiu eleger um candidato a vereador do sexo masculino, mas ele pode acabar sendo prejudicado e nem assumir o cargo caso a Justiça Eleitoral aceite a denúncia e entenda que houve irregularidade na campanha da legenda. “Ainda estou tentando resolver tudo da melhor maneira possível, ou retornando para meu emprego ou recebendo meus direitos trabalhistas, antes de denunciar tudo na Justiça Eleitoral”, comentou.
MINISTRA PRESIDENTE DO TSE
A ministra presidente do Tribunal Superior Eleitoral – TSE, Carmen Lúcia, afirmou que o temor de sofrer retaliações dos partidos muitas vezes impede mulheres de denunciarem o abandono às suas candidaturas. “A gente precisa ter canais específicos de denúncia para apuração, porque muitas não reclamam e os casos acabam não chegando ao Judiciário”, disse ela em entrevista ao Globo, no dia 30 de setembro último.
O EXEMPLO DE JACOBINA
Esses filtros foram adotados a partir do julgamento de um caso referente a eleição para a Câmara Municipal em Jacobina (BA). O tribunal entendeu que o PP incluiu quatro mulheres na chapa formada em 2020 apenas para cumprir a cota mínima de 30% de candidatas e determinou a cassação dos envolvidos, incluindo um vereador eleito. O partido alega não haver “evidências” da ilegalidade.
O mundo político de Lagoa Seca e região aguarda os desdobramentos sobre essa denúncia e a possível intervenção da Justiça Eleitoral na questão.