Greta Thunberg chega a Madri para comparecer à Cúpula do Clima da ONU, a COP25

Publicado em 6 de dezembro de 2019

A ativista adolescente Greta Thunberg chegou de trem a Madri, na Espanha, nesta sexta-feira (6) para participar de uma reunião de líderes mundiais que, segundo ela, não estão conseguindo combater as mudanças climáticas, informou a agência de notícias Reuters.
Em pouco mais de um ano de ativismo, Thunberg inspirou manifestantes jovens em um movimento global exigindo ações para enfrentar o aquecimento global que, segundo cientistas do clima, pode colocar em risco a sobrevivência das sociedades industriais.
Ao descer do trem noturno Lusitania, na estação ferroviária de Chamartín, na capital espanhola, a sueca de 16 anos concluiu uma viagem organizada às pressas, incluindo uma travessia de catamarã de 21 dias pelo Atlântico (veja no vídeo abaixo), para uma conferência da ONU originalmente planejada para ocorrer em Santiago, no Chile.
Thunberg foi recebida por uma multidão de repórteres, mas não falou quando saiu do trem.
“Consegui chegar a Madri nesta manhã! Acho que ninguém me viu… De toda forma, é ótimo estar na Espanha!”, escreveu Thunberg no Twitter depois de deixar a estação .
O Lusitania, que opera diariamente, é o único trem direto entre Lisboa e Madri e leva nove horas para viajar durante a noite entre as duas capitais.
A cúpula anual começou na segunda-feira (3) com um alerta do secretário-geral da ONU, António Guterres, para que esta não seja a “geração que brincava enquanto o planeta queimava”.
Thunberg deve participar de um protesto e fazer um discurso mais tarde em Madri nesta sexta-feira.
Em setembro, Greta Thunberg disse a líderes de 60 nações que sua infância foi roubada por “palavras vazias”. O discurso teve grande impacto (veja no vídeo acima).
“Vocês roubaram meus sonhos e minha infância com suas palavras vazias”, disse Thunberg, que responsabilizou os adultos por não fazerem o bastante para proteger o meio ambiente.
A garota alertou para ecossistemas que entram em colapso. “As pessoas estão sofrendo. As pessoas estão morrendo.”
“Estamos no início de uma extinção em massa e tudo o que vocês falam gira em torno de dinheiro e um conto de fadas de crescimento econômico eterno. Como ousam?”

COP25
A Organização das Nações Unidas (ONU) abriu NA segunda-feira (2) a cúpula do clima em Madri, a COP 25. O evento vai até o dia 12. Líderes mundiais enfrentam crescente pressão, especialmente de jovens em todo o mundo, para provar que podem evitar os impactos mais catastróficos do aquecimento global.
Participam representantes de quase 200 países, totalizando quase 29 mil pessoas. O evento, que ocorre de 2 a 13 de dezembro, adotou o slogan “Hora da Ação” (Time for Action). Desde 2015, quando foi assinado um grande acordo climático global, o Acordo de Paris, as conferências do clima anuais têm se dedicado a como colocá-lo em prática.

O que está em jogo: metas mais ambiciosas
• A próxima década é um momento crítico para evitar a catástrofe global. No Acordo de Paris, o compromisso assumido foi de manter o aquecimento global a 1,5ºC acima dos níveis da era pré-industrial até o fim do século – o mundo já está, em média, 1,1ºC mais quente. Estudos recentes da ONU dizem que a meta precisa ser ainda mais rígida.
• A concentração dos principais gases do efeito estufa na atmosfera alcançou um recorde em 2018. A emissão de gases causadores do efeito estufa precisa cair me 7%, para evitar um aumento de temperatura de 3,2ºC.
• Os dois maiores emissores de gases, Estados Unidos e China, apresentam posicionamento dúbio. O presidente Donald Trump anunciou a saída do Acordo de Paris, adotado em 2015. A China vem assumindo discurso mais favorável ao combate ao aquecimento global, mas, na prática, constrói mais usinas de carvão.
• Em Paris, 70 países se comprometerem a neutralizar emissões até 2050 – mas não os maiores emissores de gases. Isso significa que esses 70 países prometeram equilibrar as emissões de carbono com tecnologias de captura de gases ou plantando árvores, por exemplo, e atingir “emissões zero”.
• Compromissos assumidos, no entanto, são voluntários. A ONU não tem mecanismos que obriguem os países a cumprirem as promessas assumidas no Acordo de Paris.
• A COP 25 é a última conferência do clima antes da década de 2020. Restam dúvidas sobre como realizar a transição para energias limpas e, mais do que isso, como financiar esse processo.
• O ministro brasileiro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse que vai cobrar recursos de países ricos na COP 25 para preservação do meio ambiente no Brasil. O Acordo de Paris prevê contribuições voluntárias dos países desenvolvidos aos países em desenvolvimento por meio de um fundo. No entanto, isso ocorre num momento em que a pauta ambiental do país vem sendo questionada: a Amazônia registra aumento no desmatamento e manchas de óleo atingem centenas de praias brasileiras, sem um culpado ou origem do óleo identificados.
• O mercado de créditos de carbono atualmente funciona somente a partir de acordos entre empresas e governos, pois o sistema ainda não foi completamente implementado. Isso também será discutido na COP 25. Além disso, está previsto debater as operações de um fundo de US$ 100 bilhões para iniciativas de financiamento entre países.

Foto: Rafael Marchante/Reuters
G1

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