Harvard apresenta proposta para proibir irmandades

Publicado em 16 de julho de 2017

irmandade2Um comitê especial da Universidade de Harvard apresentou na última sexta-feira (14) um relatório ao reitor da instituição pedindo para banir “todas as irmandades, sororidades ou qualquer outro tipo de clubes masculinos ou femininos”, sob a acusação de serem “machistas”, “violentos”, “elitistas”, instigadores do alcoolismo e do abuso de substâncias ilícitas. Comportamentos que, segundo o documento, poderiam levar à morte.
“Já em 1988, um membro da universidade argumentou que estas organizações ensinam os alunos de Harvard a discriminar e não a enfrentar de forma correta o mundo pluralista”, salientou o relatório de 22 páginas, publicado no jornal norte-americano “The Boston Globe”.
“Ano após ano essas realidades têm demonstrado atitudes anti-inclusivas, total desrespeito pela proteção dos calouros e nenhum desejo de mudar”, motivou o comitê em seu pedido de proibição.
Cabe agora ao reitor de Harvard, Drew Faust, tomar a decisão final. Ele deverá decidir se banir essas históricas organizações, que se tornaram famosas por manter em segredo seus ritos de ingresso. Se a proposta for acolhida, Harvard se tornaria a primeira universidade dos EUA a proibir as irmandades.
Criadas na Idade Média em círculos académicos europeus, as irmandades (e sororidades) começaram a fazer sucesso nos Estados Unidos com seus nomes gregos. Por exemplo, a “Alpha Epsilon Pi” de Harvard é uma das mais famosas dos EUA. Mark Zuckerberg, antes de se tornar o fundador do Facebook era tesoureiro dessa irmandade. Mas muitos outros famosos foram membros dessas organizações, como presidentes norte-americanos (Theodore Roosevelt, Franklin Delano Roosevelt, Bush pai e filho, Bill Clinton), Secretários de Estado (Condoleezza Rice), atores (Harrison Ford, Brad Pitt, Lucy Liu) e cantores (Alicia Keys), entre outros.
Financiadas pelos próprios estudantes admitidos ao ingressar nas universidades, as irmandades preveem ritos de iniciação — muitas vezes à base de álcool, comportamentos violentos, constrangedores ou humilhantes — que foram tolerados por décadas pelas instituições acadêmicas norte-americanas. Entretanto, essas “brincadeiras secretas” nos últimos anos acabaram por causar vítimas. Em fevereiro, o jovem Tim Piazza, de 19 anos, morreu na Universidade Estadual da Pensilvânia devido a ferimentos sofridos durante o ritual de ingresso em uma irmandade.
“Nossa proposta de proibir estas realidades também serve para evitar consequências dramáticas como essas”, escreveu comitê ele no relatório.
Para reforçar seu pedido, o relatório também cita pesquisas realizadas nos últimos meses no campus de Harvard: quase metade das ex-alunas relatou ter sofrido assédios e/ou abusos durante os anos de universidade, como contatos físicos não-consensuais realizados por membros das irmandades.
Entretanto, surgiram críticas à proposta de proibição das irmandades. “A liberdade de associação e de expressão são fundamentais para o desenvolvimento intelectual e espiritual dos estudantes”, afirmou Heather Kirk, porta-voz da Conferência das Irmandades Norte-americanas, uma organização que reúne as irmandades das universidades dos EUA. “É por isso que convidamos Harvard a se concentrar na criação de um ambiente acadêmico saudável e seguro que respeite os direitos dos seus alunos”, completou Kirk.
G1

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