Homem confunde sinalização de vaga para autista com símbolo LGBTQIA+ e diz: “isso aqui é PT viu”. Vídeo
Publicado em 26 de março de 2023![](https://rededenoticias.com/wp-content/uploads/2023/03/VagaPalmas.jpg)
A Polícia Civil de Tocantins vai investigar um vídeo em que um homem confunde a sinalização de uma vaga para pessoas neurodiversas – como autistas e disléxicos – com o símbolo LGBTQIA+ e faz uma série de comentários homofóbicos. A gravação foi feita em um shopping da região central de Palmas.
Nas redes sociais, as imagens geraram revolta e esclarecimentos da entidade que apoia e auxilia pessoas com o transtorno do espectro autista (TEA).
A 1ª Delegacia Especializada de Atendimento a Vulneráveis (DAV – Palmas) recebeu a denúncia e irá investigar os ataques gravados no estacionamento para identificar quem praticou, segundo a Polícia Civil. As imagens não mostram quem é o autor do vídeo.
“Aqui ao vivo, já tema vaga para pessoas neurodiversas, quer dizer, poder ser gay, lésbica, sapatão […]. Já tem aqui em Palmas […] Isso aqui é PT”, disse o autor na gravação.
A voz é de um homem, que aparentemente não conhece o símbolo atribuído às pessoas diversas, que possuem alguma condição em que o cérebro apresenta formações diferentes. São as pessoas com autismo e síndromes que podem comprometer em diferentes níveis a cognição do indivíduo.
Além dos ataques homofóbicos, o homem ainda citou que isso teria sido feito pelo Partido dos Trabalhadores (PT). O PT Tocantins se manifestou por meio de nota dizendo que considerou a atitude “nefasta”, explicou as diferenças do público neurodiverso e defendeu a comunidade LGBTQIA+.
O que diz a lei
Desde 2012 a Lei 12.764 determina que políticas públicas proporcionem dignidade, liberdade e garantia de direitos a pessoas neurodiversas, ou seja, que possuem algum comprometimento cognitivo.
“Eles são considerados também como portadores de um tipo de deficiência. A partir dessa categorização, aplicam-se a eles todos os direitos garantidos a pessoas com deficiência. Inclusive as vagas entram”, explicou a advogada Priscila Madruga.
A advogada, que é vice-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Tocantins, disse que não exista uma lei que obrigue os estabelecimentos a destinarem vagas em estacionamentos ou outros pontos a esse público. Porém as políticas públicas levam em consideração a proatividade de órgãos públicos e estabelecimentos privados para dar maior dignidade e necessidade de inclusão a essas pessoas.
“O estabelecimento privado que queira tratar, de acordo com o serviço que vai prestar, as pessoas com maior grau de igualdade e inclusão, deve pensar em disponibilizar essas vagas”, ressaltou, explicando que não são só pessoas com deficiência física que precisam desse apoio.
Para a utilização das vagas destinadas a pessoas neurodiversas, a recomendação é que a pessoa possua um cartão de identificação no veículo, assim como as que utilizam vagas para pessoas idosas ou PCD.
Defesas aos públicos afetados
O Palmas Shopping, local onde o vídeo foi gravado, fez publicações nas redes sociais explicando para o público o que é a neurodiversidade, e que pessoas que possuem essa condição não devem ser vistas como ‘deficientes’. “Elas são, acima de tudo, parte da diversidade humana”, citou o estabelecimento.
A assessoria do shopping disse que registrou um boletim de ocorrência sobre o caso nesta sexta-feira (24).
A Secretaria Estadual LGBT do Partido dos Tabalhadores no Tocantins (PT-TO) publicou nota em defesa do público neurodiverso e à comunidade LGBTQIA+.
Leia a nota na íntegra:
“Secretaria Estadual LGBT do Partido dos Trabalhadores do Tocantins
Em decorrência de um vídeo que circula em redes sociais (LGBTFOBICO), sobre uma vaga de estacionamento do Palmas Shopping, destinado às pessoas com (NEURODIVERSAS), com autor não identificado.
Neurodivergentes, além dos autistas, enquadram-se na definição, pessoas que têm dislexia, transtorno de déficit de atenção e até mesmo transtornos psicológicos, como o transtorno dissociativo de identidade.
Atos desse nível contra a comunidade LGBTQIA+, não nascem do acaso, mas do forte sentimento de desprezo que parte da sociedade nutre por nossa comunidade que, vistos como desiguais e inferiores, nos tornamos alvos frequentes daqueles/as que se sentem superiores.
Entendemos que é através da construção de um projeto de educação não heterossexista, não racista, laico e que lute pelo fim do fundamentalismo religioso que, esta sociedade será modificada.
Atitudes nefastas, como deste sujeito, demonstram a persistente truculência do ideário homofóbico e o quanto ainda se precisa avançar para que todas, todos e todes, possam exercer seus direitos com respeito e igualdade.
A homofobia direta e indireta não só atinge a população LGBTQIA+, mas também outras pessoas que de alguma maneira, se comportam fora dos padrões heterossexuais.
Nosso desejo, é o de que possamos viver de fato em um ambiente livre de todas as formas de violência, tipificando atitudes como essas, como uma violação aos direitos humanos da população LGBTQIA+ e reafirmarmos o nosso compromisso de luta.”
Foto: TV Anhanguera/Reprodução
G1