Homem é morto por bala perdida 5 anos após tiro deixá-lo tetraplégico

Publicado em 12 de julho de 2016

“A dor que estou sentindo é muito grande”. A frase, dita pela mãe do administrador Vanderson de Jesus Lessa da Silva, resume o sentimento por mais uma vítima de bala perdida no Rio de Janeiro. Segundo Selma Regina, 59 anos, seu filho, morto por um tiro no ombro durante confronto entre PMs e criminosos na madrugada de segunda-feira (11), na Favela Vila Aliança, em Bangu, Zona Oeste do Rio, aguardava ansiosamente pelo início em um novo emprego.
“Ele ia ser chamado para a TIM, já tinha contrato. Ligaram para ele e estava só esperando começar. O sonho dele era comprar um carro adaptado e ter uma condição de vida melhor”, afirmou Selma, amparada por parentes, durante o velório de Vanderson.
Foi a segunda vez que a violência cruzou o caminho de Vanderson: há cinco anos, quando voltava para casa após fazer uma prova, ele foi surpreendido por criminosos em Senador Camará, onde mora. Mesmo sem reagir, levou um tiro que o deixou tetraplégico. Na madrugada de segunda-feira, ele ficou no fogo cruzado entre PMs e traficantes durante um baile de rua na Vila Aliança, comunidade onde nasceu.
A operação da Polícia Militar, segundo parentes e amigos, teve a presença do carro blindado conhecido como “caveirão”. Segundo o comando do 14º BPM (Bangu), a operação foi realizada para reprimir bailes irregulares na comunidade. O corpo de Vanderson foi velado na manhã desta terça-feira (12), em Bangu.
“De diversão para gente [morador da Vila Aliança] não tem nada, só o baile. O que o caveirão vai fazer aquela hora no meio de um monte de gente inocente? O governador e o secretário de Segurança falam que eles não entram mais de madrugada em morro, mas quando é do interesse deles… Eles sabem que iam ferir inocente”, diz o primo de Vanderson, Pedro Lessa.
De acordo com parentes, o tiroteio assustou os presentes, que tentaram buscar refúgio. Muitos se jogaram no chão. Vanderson estava numa rua próxima ao local do confronto e não conseguiu ser abrigar. Baleado, ele chegou a ser levado para o Hospital Albert Schweitzer, em Realengo, mas não resistiu.
“Ele tinha ido até um canto vazio para limpar o cateter porque, por causa da cadeira, não conseguia urinar direito. Um amigo tentou tirá-lo da cadeira para protegê-lo, mas ele acabou sendo atingido”, disse outro primo, Alex Lessa.
Ex-funcionário do Metrô e da Light e desempregado, Vanderson já tinha uma nova entrevista de emprego marcada para esta semana. Apesar da dificuldade de mobilidade, continuava a vida laboral normalmente. Demitido em meio à crise, estava ansioso e esperançoso de encontrar uma nova oportunidade.
“Era uma pessoa muito boa, incentivava os outros a trabalharem também. Muita gente boa de saúde não tinha disposição que ele tinha para se divertir e para se trabalhar. Pegava trem cedo lotado para trabalhar na cadeirinha dele, sempre bem vestido”, recorda um amigo.
G1

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