Israel não aceita criação do Estado palestino e promete invadir Rafah durante o período sagrado do Ramadã

Publicado em 19 de fevereiro de 2024

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, rejeitou categoricamente o “reconhecimento unilateral” de um Estado palestino, argumentando que seria uma “recompensa enorme e sem precedentes ao terrorismo” que impediria quaisquer perspectivas de uma paz duradoura no futuro, informa o site russo RT.
Falando na Conferência dos Presidentes das Principais Organizações Judaicas Americanas em Jerusalém no domingo, Netanyahu chamou a guerra em Gaza de “a batalha da civilização contra a barbárie” e reiterou o seu objetivo de “vitória total”.
E acrescentou que há “uma coisa” com a qual “Israel não pode concordar” – uma solução de dois Estados, que a comunidade internacional tem apelado desde o início da guerra.
“Israel rejeita totalmente os ditames internacionais relativos a um acordo permanente com os palestinos”, disse Netanyahu. “Israel continuará a opor-se ao reconhecimento unilateral de um Estado palestino”, acrescentando que isto serviria como uma recompensa ao “terrorismo e impediria quaisquer futuros acordos de paz”.

ISRAEL DIZ QUE INVADIRÁ RAFAH DURANTE O RAMADÃ
Israel ameaçou invadir Rafah no período do Ramadã, caso o Hamas não liberte os reféns que mantém em seu poder desde o início da guerra, em 7 de outubro de 2023. O período sagrado aos muçulmanos começa em 10 de março.
A data, que acontece no nono mês do calendário islâmico, é marcada por muitas orações e jejum diário. O objetivo é, na teoria, aproximar os fiéis de Deus e lembrá-los do sofrimento dos menos afortunados
“O mundo deve saber, e os líderes do Hamas devem saber: se até o Ramadã os nossos reféns não estiverem em casa, os combates continuarão em todas as partes, incluindo a área de Rafah”, declarou o ministro sem pasta Benny Gantz, durante uma conferência de líderes judeus americanos em Jerusalém.
“O Hamas tem a escolha. Eles podem render-se, libertar os reféns e os civis de Gaza poderão celebrar o Ramadã”, acrescentou Gantz, um dos três membros do gabinete de guerra de Israel.
Vale lembrar que há aproximadamente 1,5 milhão de palestinos — em sua maioria são muçulmanos — em Rafah.
Esta é a primeira vez que o governo israelense estabelece um prazo para o ataque a Rafah. A região é a última cidade da Faixa de Gaza que não foi invadida por tropas terrestres desde o início do conflito.
Apesar da pressão internacional, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, insiste que a guerra não pode terminar sem a entrada em Rafah.
Gantz acrescentou que a ofensiva acontecerá de maneira coordenada com Estados Unidos e Egito para possibilitar a retirada dos civis — até o momento não foi detalhado como isso será feito.

Tentativa de trégua
O governo dos Estados Unidos, principal aliado de Israel, pressiona por uma trégua de seis semanas em troca da libertação de 130 reféns que Israel acredita que continuam em Gaza, incluindo 30 que estariam mortos.
Quase 250 pessoas foram sequestradas em 7 de outubro, quando combatentes do Hamas executaram um ataque sem precedentes contra Israel que deixou 1.160 mortos, segundo um balanço da AFP baseado em números do governo israelense.
A resposta militar de Israel deixou pelo menos 29.858 mortos, a maioria mulheres, adolescentes e crianças, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, território governado pelo Hamas.
O Conselho de Segurança da ONU pretende discutir esta semana uma nova resolução para exigir um cessar-fogo em Gaza — mas os Estados Unidos já antecipou que pode vetar o texto por considerar mais conveniente um acordo negociado de trégua com uma troca de reféns.

Foto: AFP

Brasil 247/G1

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