João de Deus deixa presídio para ser internado em hospital de Goiânia

Publicado em 23 de março de 2019

O médium João de Deus deixou, nesta sexta-feira (22), o Núcleo de Custódia de Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital, para ser internado em um hospital de Goiânia, após determinação do ministro Nefi Cordeiro do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Acusado de abusos sexuais, o médium está preso há mais de três meses, mas sempre negou os crimes.
Uma ambulância chegou ao Complexo Prisional às 13h40 para buscar o médium e saiu em direção à unidade de saúde às 18h35. O veículo é acompanhado de vários carros da penitenciária. Ele chegou ao Instituto de Neurologia de Goiânia às 19h07.
Imagens mostram o médium barbudo e com a bengala que usa ao lado. Sob escolta de dois agentes penitenciários, ele deve ficar no quarto 407, que é isolado. O local tem 20metros quadrados, uma antessala, televisão, frigobar, banheiro privativo e ar condicionado.
Segundo informações de funcionários do hospital, o médium deve passar por uma bateria de exames. Mais cedo, o médico cardiologista Alberto Las Casas Júnior, que acompanha o médium, havia alertado que ele corre risco de morrer se o aneurisma que ele tem no abdômen se rompa.
A transferência foi determinada na quinta-feira (21), após pedido da defesa de João de Deus. O laudo apresentado pelos advogados foi elaborado pelo médico Alberto Las Casas Júnior. De acordo com o cardiologista, João de Deus corre risco de ter uma “morte súbita” por hemorragia caso o aneurisma que possui no abdômen se rompa. Conforme a decisão, o tratamento deve ser de até quatro semanas.
O documento do ministro também determina que, para evitar possibilidade de fuga, o médium precisa ser acompanhado por escolta policial no hospital ou usar tornozeleira para monitoramento eletrônico. A decisão também diz que o médico que o acompanhar precisa informar sobre qualquer sinal de melhora do paciente que permita que o tratamento continue na prisão.
O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) informou que vai questionar essa transferência do médium para o hospital. De acordo com o órgão, um perito ou médico público deve avaliar a situação já que, segundo os laudos feitos por profissionais do sistema carcerário, não havia necessidade da internação.
De acordo com a Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP), “durante a internação, o custodiado estará sob vigilância ininterrupta de servidores penitenciários” e ele não deve usar tornozeleira eletrônica.

Aneurisma
O médico revelou que examinou João de Deus no último dia 22 de fevereiro. Segundo o cardiologista, o paciente possui um aneurisma na aorta, de 2,5 centímetros, diagnosticado em exames feitos quando o preso deixou a penitenciária no dia 2 de janeiro, ao se sentir mal.
“Ele corre risco de morte súbita por hemorragia caso a parede da aorta se rompa, o que pode ocorrer nessa situação [no presídio], no hospital ou em casa mesmo”, explica.
João de Deus também apresentou pressão alta quando foi avaliado – 18 por 10 -, além de indícios de trombose. Ele deve passar por uma nova bateria de exames tão logo seja internado. A necessidade de uma cirurgia ainda será avaliada.

Depressão
Laudos médicos pedidos pela defesa do médium apontam que ele perdeu 17 kg desde que foi detido e que “sua saúde tem pioradoapesar da boa vontade dos funcionários do Núcleo de Custódia”, onde está detido. O documento detalha que João de Deus “passa a maior parte do tempo deitado, sem ânimo para nada”, além de dormir mal e chorar com frequência.
O psiquiatra Leo de Souza Machado, que assinou a avaliação psiquiátrica, afirmou no documento que o preso apresenta “prejuízo em domínio de memória e atenção e linguagem” e o diagnosticou com transtorno depressivo grave.
Também conforme o laudo do médico, o médium está sob uma estrutura considerada inadequada para uma pessoa de 77 anos e aconselha que ele tenha um enfermeiro ou cuidador com ele 24 horas por dia.

Pedidos de habeas corpus
A defesa de João de Deus vem tentando a soltura dele ou a transferência para prisão domiciliar. O médium teve habeas corpus negado em caráter liminar no Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO) e no STJ.
A corte especial do TJ-GO concedeu habeas corpus ao médium na denúncia por coação de testemunhas, mas ele não foi liberado porque tem outros dois mandados de prisão contra ele. O mesmo foi concedido ao filho dele, Sandro Teixeira, que responde à mesma acusação e foi solto.

Resumo do caso
• Ações na Justiça: João de Deus já virou réu três vezes por violação sexual e estupro de vulnerável. A mulher dele, Ana Keyla Teixeira, também foi denunciada no crime envolvendo os armamentos, e o filho, Sandro Teixeira, por intimidação das testemunhas;
• Apuração no MP: O órgão segue colhendo e analisando novas denúncias de mulheres que se dizem vítimas do médium.
• Investigação: Polícia Civil aguarda laudos para concluir a investigação sobre lavagem de dinheiro, devido aos mais de R$ 1,6 milhão e pedras preciosas aprendidos em imóveis do médium.
G1

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