Lula, Alckmin e movimentos sociais pedem Justiça pela execução de Genivaldo em ‘câmara de gás’

Publicado em 28 de maio de 2022

O ex-presidente Lula e o ex-governador Geraldo Alckmin protestaram nesta sexta-feira (27) contra o assassinato de Genivaldo de Jesus Santos, executado por policiais numa câmara de gás improvisada no porta-malas de uma viatura da mesma Polícia Rodoviária Federal.
Lula e Alckmin se reuniram com representantes de movimentos populares na Casa de Portugal, em São Paulo. Puxado por uma liderança do movimento negro, foi feito um minuto de silêncio por Genivaldo, enquanto Lula, Alckmin e outras lideranças seguravam cartazes pedindo justiça.
“Precisamos reagir à violência racial ou seremos mortos”, declarou Simone Nascimento, liderança do Movimento Negro Unificado, em fala diante de Lula.
Além de Lula, estão presentes Alckmin, a socióloga Janja da Silva, esposa de Lula, e representantes dos partidos da aliança, incluindo a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidente do partido, e Juliano Medeiros, presidente do PSOL.
“PRF mata”, dizia a faixa pendurada no portão de entrada da Superintendência da Polícia Rodoviária Federal (PRF), na Vila Guilherme, zona norte de São Paulo nesta sexta (27). Cerca de 100 manifestantes se reuniram na frente da sede da corporação para protestar contra o assassinato de Genivaldo Jesus, em uma câmara de gás improvisada em um camburão, em Umbaúba, no litoral sul de Sergipe.
O ativista Douglas Belchior, fundador da Uneafro Brasil, movimento que convocou a manifestação, lembrou do histórico recente da PRF e associou a letalidade dos agentes ao presidente Jair Bolsonaro.
“A PRF estava na operação que vitimou 25 pessoas na Vila Cruzeiro e, agora, assassina brutalmente Genivaldo Jesus. A PRF é a polícia preferida de Bolsonaro e a que ele mais se aproximou. Bolsonaro está radicalizando a naturalização da nossa morte”, criticou Belchior.
A vereadora de São Paulo, Elaine Mineiro (PSOL), do Quilombo Periférico, também protestou. “Não podemos prometer paz para o nosso povo, pois não existe paz pra gente. O que podemos e devemos fazer é mostrar que nós também não vamos deixá-los em paz. Queremos viver, só isso.”
“É um ataque muito forte ao nosso subjetivo, ao movimento. Se a gente não reagir agora, pode ser que este ano seja repleto de casos como este”, disse André Santos, integrante do Movimento Antirracista Dandara, do ABC Paulista. “Foi feito à luz do dia, filmado, não foi de madrugada, escondido, como foi outros casos”, complementou, em depoimento divulgado pela agência de notícias Alma Preta.

O episódio
O caso foi registrado na cidade de Umbaúba, litoral sul de Sergipe, na quarta-feira (25). Genivaldo foi morto depois de ser preso por dois policiais rodoviários federais. Ele foi colocado dentro do porta-malas da viatura da PRF e lá dentro foi montada uma “câmara de gás”, com spray de pimenta e gás lacrimogêneo. Toda a ação foi gravada em vídeo por moradores da cidade.
O sobrinho da vítima Wallyson de Jesus, que presenciou a cena, disse ao G1 que o tio tinha um transtorno mental e ficou nervoso durante a abordagem depois que os policiais encontraram no bolso dele cartelas de medicamentos.

As câmaras de gás
Durante o Holocausto, câmaras de gás foram projetadas como parte da política nazista de genocídio contra judeus. Os nazistas também tinham como alvos os ciganos, homossexuais, deficientes físicos e mentais, intelectuais e integrantes do clero. A estratégia foi usada para matar milhões de pessoas entre 1941 e 1945.
Em nota, a PRF afirmou que o homem teria “resistido ativamente” à abordagem. Os agentes, então, teriam utilizado “técnicas de imobilização e instrumentos de menor potencial ofensivo” para conter a agressividade da vítima, que passou mal no caminho para a delegacia, segundo a corporação.
Na quinta-feira (26) a PRF disse que instaurou processo disciplinar para avaliar o caso, e os agentes envolvidos no caso foram afastados das atividades.

Foto: Ricardo Stuckert
Brasil 247

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