Médico abandonava plantões para coordenar contrabando, diz PF

Publicado em 14 de julho de 2016

A operação da Polícia Federal (PF) para combater o contrabando de cigarros do Paraguai prendeu nesta terça-feira (12) um médico e um advogado suspeitos de liderarem um esquema criminoso. Além deles, outros nove suspeitos foram detidos. As investigações, iniciadas em 2012, apontam que o grupo chegou a movimentar R$ 1,8 milhão por dia em cigarros contrabandeados. A operação, denominada de “Pleura”, ocorre no Paraná, em São Paulo e no Mato Grosso do Sul.
Segundo a PF, o médico trabalhava em dois hospitais públicos das cidades de Santa Isabel do Ivaí e Santa Cruz de Monte Castelo, no noroeste do Paraná. O suspeito chegou a abandonar alguns plantões nas duas unidades para coordenar o contrabando de mercadorias.
“Detectamos que ele deixou alguns plantões em dois hospitais públicos e foi até os portos onde as embarcações atracavam para dar apoio e coordenar o transporte dos cigarros contrabandeados”, disse o delegado da PF, Alexander Boeing Noronha Dias.

Mandados
A Operação Pleura cumpre 21 mandados de prisão preventiva e 17 de busca e apreensão em três estados. Os mandados estão sendo cumpridos em Loanda, Querência do Norte e Capanema, no Paraná; em São Paulo, na cidade de Tupã; e em Mato Grosso do Sul, no município de Naviraí.
Seis dos 21 mandados de prisão são contra fornecedores que estão no Paraguai, segundo a PF. Eles serão incluídos na lista de procurados da Interpol.
Até as 12h desta terça, onze pessoas tinha sido presas, entre elas o médico e o advogado, que são irmãos.
“Eles já atuavam há algum tempo com o contrabando. Na casa do médico, encontramos anotações com toda a contabilidade da quadrilha, o que deixou claro a atuação deles. Já na casa do advogado, encontramos uma grande quantidade de munição”, afirmou o delegado da PF.

Rota de contrabando
Ao longo das investigações a Polícia Federal descobriu que o grupo movimentava cerca de R$ 1,8 milhão por dia em cigarros contrabandos do Paraguai.
Diariamente, 2,5 mil caixas da mercadoria eram carregadas em barcos, transportadas pelos rios Paraná ou Ivaí, e descarregadas em portos clandestinos de Querência do Norte. De lá, a mercadoria era levada por veículos pequenos até propriedades rurais da região, de onde eram distribuídas em caminhões com destino a São Paulo e cidades do interior paulista.
A Polícia Federal estima que o grupo sonegava R$ 4 milhões em tributos diariamente. Por ano, a sonegação ultrapassava R$ 1,5 bilhão.
“Com o reforço da fiscalização em Guaíra, a quadrilha passou a utilizar uma nova rota para contrabandear os cigarros. Como a região de Querência do Norte não tem um policiamento ostensivo, o grupo se sentia a vontade para atuar. Mas, após algumas apreensões de caminhões, os motoristas presos relataram que os produtos foram carregados em Querência do Norte. Tivemos vários relatos, o que nos fez investigar aquela região”, afirmou o delegado Alexander Boeing Noronha Dias.
O esquema criminoso tinha uma extensa rede de olheiros, carregadores e batedores que utilizavam armas e lanchas de apoio para viabilizar a atividade ilegal em diversas cidades, segundo as investigações.
O nome da operação “remete à membrana que protege o pulmão – principal órgão responsável pela respiração – em alusão à atividade delituosa enfrentada”, afirmou a PF.
G1

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