Médico cubano é convidado para assumir secretaria da Saúde no Rio Grande do Sul

Publicado em 20 de novembro de 2018

A vida do médico cubano Richel Collazo mudou nos quatro anos em que trabalha na pequena Chapada, no Norte do Rio Grande do Sul. Desde 2014, quando chegou ao país pelo Mais Médicos, ele fez amizades e se casou. Na semana passada, diante da notícia da saída de Cuba do programa, foi convidado pelo prefeito a tornar-se secretário da Saúde. Feliz pelo reconhecimento, o caribenho diz que não planeja deixar a cidade, mas está indeciso em relação ao convite.
“Seria um pouco difícil eu assumir. Tenho medo de assumir essa secretaria, até por ser um pouco complicada também”, pondera o médico, com um português fluente apesar do sotaque. “Como eu sou casado aqui, não preciso retornar a Cuba, e a ideia é ficar. No primeiro plano, seria como médico. Caso eu não consiga continuar como médico, e estejam criadas todas as condições, porque não depende só de mim aceitar a secretaria, aí poderia pensar nessa possibilidade”, acrescenta.
Na última quarta (14), o Ministério da Saúde Pública de Cuba anunciou a decisão de deixar o programa Mais Médicos, criado durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff, justificando que houve “declarações ameaçadoras e depreciativas” do presidente eleito, Jair Bolsonaro. No Rio Grande do Sul, a decisão deve afetar cerca de 1,8 milhão de pacientes.
Ainda que revele temor e prefira continuar na medicina, Collazo também deixa clara a felicidade que sentiu por ter sido lembrado pelo prefeito Carlos Catto (PDT) para assumir a pasta. “Foi uma noticia muito boa para mim e fico muito grato a ele por reconhecer o meu trabalho”, declarou.
Com cerca de 10 mil habitantes, Chapada tem apenas três médicos. Quando Richel deixar de atuar devido à decisão do governo cubano, serão apenas dois. O cubano tem esperanças de seguir atuando normalmente pelo Mais Médicos, para cumprir o contrato que tem com o programa até 2020, mas não descarta passar pelo Revalida, exame que viabilizaria a atuação como médico no país. “Caso seja exigido o Revalida para todos os médicos, não vai ter outro jeito”, diz.
Collazo chegou ao país em 2014, depois de trabalhar por dois anos na Venezuela. Passou por aulas de português e sobre o sistema de saúde brasileiro antes de chegar a Chapada, onde diz ter sido bem recebido pela população.
“Depois do primeiro mês aqui no município, chegou meu carimbo e comecei a exercer minha medicina. A partir dali tudo mudou, a população começou a me conhecer”, conta. Em 2016, casou-se com Graciela. “Fomos nos conhecendo pouco a pouco, começamos a sair juntos e, mais na frente, decidimos nos casar e formar nossa família”, disse.

Otimismo do prefeito
Apesar do receio do cubano, o prefeito de Chapada diz estar otimista por uma resposta positiva para seu convite. “Pelo que eu senti e vi, ele deve aceitar”, afirmou Catto.
Com cerca de 10 mil habitantes, Chapada tem apenas três médicos. Quando Richel deixar de atuar devido à decisão do governo cubano, serão apenas dois. Por isso, o prefeito pretende manter o cubano atuando pelo Mais Médicos até o dia 24 de dezembro.
“Vamos manter ele como medico até os 47 do segundo tempo, pois o que eu preciso realmente é de médicos. No momento em que não der mais, vamos nomear ele como secretário”, disse Catto.
G1

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