Nos EUA, Obama e Papa falam de Cuba, mudança climática e refugiados

Publicado em 23 de setembro de 2015

encontroPapaO Papa Francisco foi recebido nesta quarta-feira (23) pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, na Casa Branca, sede do governo dos EUA em Washington D.C., em uma cerimônia que marca o início da agenda do pontífice em sua primeira visita ao país. Em seus discursos, os dois líderes mundiais falaram sobre a aproximação dos EUA com Cuba, da mudança climática e da crise migratória e dos refugiados.
Em sua fala de boas-vindas, Obama agradeceu o pontífice por seu papel na reaproximação entre Cuba e os EUA. “Estamos agradecidos por seu inestimável apoio a nosso novo começo com o povo cubano, que promete melhores relações entre nossos países”, afirmou Obama.
Francisco chegou aos EUA depois de uma visita de três dias a Cuba, onde visitou Havana, Holguín e Santiago de Cuba.
Tanto o governo dos Estados Unidos como o de Cuba reconheceram o papel crucial desempenhado pelo papa nas conversas secretas que derivaram no histórico acordo anunciado em dezembro para a normalização das relações bilaterais e o reestabelecimento dos laços diplomáticos.

Mudança climática
O presidente dos EUA e o Papa também destacaram a necessidade de se discutir a mudança climática no planeta.
Obama destacou as ações do Papa contra o aquecimento global – algo que divide republicanos e democratas nos EUA. “Você nos lembra que temos uma obrigação sagrada de proteger nosso planeta, presente magnífico de Deus para nós”, disse Obama.
“Nós apoiamos seu pedido a todos os líderes mundiais para apoiarem as comunidades mais vulneráveis às mudanças climáticas e nos juntamos para preservar nosso precioso mundo para as futuras gerações.”
Em seu discurso, Francisco também falou sobre a mudança climática. “Está claro para mim que a mudança climática é um problema que não pode mais ser deixado para as futuras gerações”, disse o pontífice.
“Quando se trata de cuidar de nosso lar comum, estamos vivendo um momento crítico na história. Ainda temos tempo para fazer as mudanças, sabemos que as coisas podem mudar”, disse o pontífice em discurso na Casa Branca, reforçando o tema abordado em sua encíclica de junho sobre o meio ambiente.

Refugiados e misericórdia
Obama ainda falou sobre a mensagem de amor e esperança do Papa que inspira o mundo todo. “O porte e o espírito do encontro de hoje é apenas um pequeno reflexo da profunda devoção dos 70 milhões de católicos americanos e a maneira que sua mensagem de amor e esperança inspirou tantas pessoas em nosso país e no mundo”, afirmou Obama.
“O senhor nos lembra que ‘a mensagem mais poderosa do Senhor’ é a misericórdia. Isso significa dar as boas-vindas ao estrangeiro com empatia e o coração verdadeiramente aberto”, disse Obama em referência aos refugiados e aos imigrantes.
“O senhor nos lembra que aos olhos de Deus nossa medida como indivíduos e como sociedade não está determinada pela riqueza, o poder ou a celebridade, mas pelo bem que fazemos”, acrescentou o líder.
Francisco destacou no início de seu discurso que ele vem de uma família de imigrantes. “Como filho de uma família de imigrantes, me alegra estar em este país, que foi construído em grande parte por tais famílias”, disse Francisco.
O Papa clamou por um “reconhecimento sério e responsável” dos pobres que vivem em um sistema que os negligencia, e que os Estados Unidos construam uma sociedade “verdadeiramente tolerante e inclusiva”, rejeitando a discriminação.
Após os discursos, Francisco e Obama vão manter um encontro reservado. Eles têm posições coincidentes em questões como as mudanças climáticas e a defesa dos pobres, mas estão em desacordo sobre o aborto e o casamento homossexual.
Pouco antes da visita, Obama publicou uma mensagem de boas-vindas a Francisco no Twitter. “Seja bem-vindo à Casa Branca, @pontifex! Suas mensagens de amor, esperança e paz inspiraram a todos nós”

Convidados e segurança
Cerca de 15 mil pessoas foram convidadas para a cerimônia oficial de boas-vindas ao Papa. A polêmica lista de convidados preocupa Vaticano. Os nomes incluem um bispo que se declarou homossexual, representantes de grupo de católicos da comunidade LGBT e uma monja que dirige organização pró-aborto.
Entre fortes medidas de segurança, tanto os convidados à cerimônia como os jornalistas credenciados tiveram que fazer fila para entrar na Casa Branca.
Entre os convidados estão os prefeitos de cidades como Milwaukee, El Paso, Tampa, Las Cruces, Portland e Austin, e estudantes de institutos da área metropolitana de Washington.
Esta é a terceira visita de um papa à Casa Branca. Em 1979, o então presidente Jimmy Carter recebeu o papa João Paulo II, e quase 30 anos depois, em 2008, George W. Bush foi o anfitrião de Bento XVI.
O Papa Francisco aterrissou nesta terça-feira (22) na base aérea de Andrews, no estado de Maryland, depois de uma visita de três dias a Cuba.

Papamóvel
Ao fim da visita à Casa Branca, o pontífice percorrerá no papamóvel as ruas que rodeiam o parque Ellipse, ao sul da Casa Branca. Milhares de pessoas, em sua maioria famílias com crianças e muitos latinos, já estão nas ruas que rodeiam o parque.
Os quatro pontos de controle estabelecidos nas imediações dos locais por onde o papamóvel passará contam com uma forte presença policial e do Serviço Secreto, o corpo encarregado de proteger o presidente dos Estados Unidos e sua família.
Muitos chegam ao local através de excursões organizadas por paróquias e colégios católicos, outros pediram permissão no trabalho para poder ver o papa em sua primeira viagem oficial aos EUA e inclusive tem pessoas que levaram o computador para aproveitar o tempo de espera.
Em muitas paróquias foram oficiadas no começo da manhã missas de aurora em honra ao Papa Francisco, com homilias em inglês e espanhol, para depois partir em grupo para as zonas por onde passará o pontífice, segundo constatou a Agência Efe.
O Papa argentino, de 78 anos, encerra o dia com uma missa em uma das mais importantes igrejas católicas romanas nos Estados Unidos, a Basílica do Santuário Nacional da Imaculada Conceição.
Lá, ele vai canonizar o missionário espanhol Frei Junípero Serra, do século 18, apesar de objeções de crítico, segundo os quais Serra suprimiu culturas nativas norte-americanas na região que hoje é a Califórnia.
G1

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