Número de vítimas de ciclone em Moçambique e Zimbábue já passa de 300

Publicado em 20 de março de 2019

O número de mortos após a passagem do ciclone Idai por Moçambique e Zimbábue deve “crescer significativamente”, alertou a Cruz Vermelha nesta terça-feira (19). O presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse em entrevista para uma rádio estatal que o número de vítimas pode chegar a mil.
O ciclone atingiu o centro de Moçambique na noite de quinta-feira (14) e avançou rumo ao Zimbábue e o Malaui, destruindo tudo em sua passagem: estradas, escolas, casas, lojas, hospitais e até mesmo uma represa.
O número de mortes confirmadas até segunda-feira (18), segundo balanço divulgado pela agência de notícias France Presse, estava acima de 200 em Moçambique e era de ao menos 100 no Zimbábue, totalizando mais de 300 mortes nos dois países.
“Já temos mais de 200 mortos e cerca de 350 mil pessoas estão em perigo”, disse o presidente moçambicano, Filipe Nyusi. “Estamos em uma situação extremadamente difícil”.
O governo disse que 600 mil pessoas foram afetadas e 100 mil precisam de ser urgentemente resgatadas perto da cidade de Beira, a segunda maior de Moçambique, informou a BBC.
De acordo com um comunicado divulgado pelo arcebispo do município, estima-se que cerca de 140 mil famílias tenham tido prejuízos, das quais entre 10% e 20% perderam tudo. Beira e seu arredores ficaram 90% danificados ou destruídos.
“Não temos números claros sobre mortos, mas estamos olhando para áreas enormes que estão debaixo d’água. Estamos vendo quilômetros de aldeias sob vários metros de água”, afirmou Gerard Burke, do Programa Mundial de Alimentos da ONU.
No Zimbábue, o ministro July Moyo afirmou que ainda é necessário confirmar os números de mortos e que há pelo menos 217 desaparecidos.
“O número total, nos disseram que poderia ser 100, alguns dizem que podem ser 300. Mas não podemos confirmar esta situação”, disse.

Imagens de satélite
A Cruz Vermelha trabalha com a Nasa e a Agência Espacial Europeia para obter imagens de satélite que possam ajudar no resgate de vítimas.
As três organizações operam juntas para “ter uma visão completa da área e do número de pessoas presas lá”, disse à Reuters Caroline Haga, da Cruz Vermelha.

Resgates
Em Moçambique, uma zona de 100 quilômetros de extensão está totalmente inundada, segundo o ministro do Meio Ambiente, Celson Correia.
Existe um “oceano” isolando completamente muitos povoados, disse à AFP um trabalhador humanitário que não quis se identificar.
Além disso, a capacidade de algumas represas está se aproximando de seu nível máximo, indicaram várias ONGs.
O presidente Nyusi pediu para aqueles que vivem perto de rios na região que “deixam a área para salvar suas vidas”, porque as autoridades poderiam não ter outra escolha senão abrir as barragens, apesar de as terras já estarem inundadas.
Tanto em Moçambique como no Zimbabué, muitas pontes e estradas foram arrasadas pela água, complicando as operações de socorro.
Em botes infláveis ou em helicópteros, os trabalhadores humanitários continuavam a socorrer as pessoas que se refugiaram em árvores e telhados.
“Nas árvores, as pessoas têm de lidar com cobras, insetos, animais”, disse à AFP Ian Scher, presidente da organização sul-africana Rescue SA, que participa das operações de socorro em Moçambique.
Mas as operações são complicadas pela falta de helicópteros.
“Salvamos aqueles que podemos, mas muitos vão morrer”, advertiu Scher em Beira, uma cidade do centro de Moçambique. “Temos que tomar decisões difíceis. Às vezes podemos salvar apenas duas pessoas a cada cinco. Às vezes deixamos comida e vamos socorrer outras pessoas em maior perigo”, explicou.

Fotos: Philimon Bulawayo/Reuters e Rick Emenaket/Mission Aviation Fellowship/AFP
G1

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