Os impactos da covid-19 no transporte marítimo. O setor marítimo sofreu diversas alterações com a pandemia

Publicado em 2 de setembro de 2020

Quando pensamos nos efeitos negativos que essa pandemia proporcionou para diversos setores, nunca colocamos em prioridade a situação dos trabalhadores marítimos. Por conta da quarentena, muitos tripulantes tiveram que enfrentar problemas de não conseguirem voltar para casa, por exemplo, quando identificado um caso de coronavírus na embarcação. Para se ter uma ideia, em abril deste ano, o Governo decretou a MP 945 para determinar medidas de segurança a trabalhadores portuários – que atuam em portos com a movimentação de embarque e desembarque das mercadorias – durante o covid-19, garantindo conforto caso tenham contato com o vírus. Tanto os trabalhadores marítimos quanto os portuários são de extrema importância para a indústria do shipping.

De acordo com Larry Carvalho, Defensor da Segurança Jurídica na Navegação e Comex, cerca de 97% do comércio internacional é feito por navios e todo navio só vai para algum lugar com tripulantes. “Como não pode mais entrar estrangeiros em diversos países, isso dificulta a troca de tripulantes e muitos ficam sem conseguirem sair dos navios, pois alguns portos não permitem”, complementa.

Ele ainda explica que, mesmo com esse cenário atípico e negativo, no Brasil não aconteceu redução de produtividade nas operações, inclusive todos os portos brasileiros demonstraram aumento de quantidade de navios, com restrições ao desembarque de tripulantes, mas mesmo assim todos os trabalhadores portuários continuaram atuando normalmente. “É um serviço que não pode parar, são heróis de assumir o risco para que o comércio essencial não fique desabastecidos. Caso a situação tivesse se agravado as consequências seriam tão alarmantes como o que aconteceu na greve dos caminhoneiros, se nenhum porto funcionasse, não teria produto na prateleira”, salienta.

CONFIRA ALGUMAS MUDANÇAS NO SETOR:

1- Documentação digitalizada: assim como muitas empresas precisaram se adaptar aos recursos da tecnologia para não fecharem as portas, no comércio marítimo muitos documentos começaram a ser aceitos de forma digital. “Nessa realidade, já falam de uma redução de R$ 3 bilhões de custos para não procedimentos de embarque de forma física e sim digital”, contextualiza o especialista.

2- Medidas de segurança: as medidas aplicadas nos portos não fogem muito das outras já conhecidas como uso obrigatório de máscaras, álcool em gel e termômetro para medir a temperatura. “É importante prezamos pela vida desses profissionais que se arriscam diariamente para manter tudo em dia. Além disso, durante a pandemia a ONU fez uma movimentação em que divulgou o reconhecimento dos tripulantes marítimos como trabalho essencial, para que eles conseguissem voltar ao seu país de origem, o Brasil foi um dos primeiros a adotar”, diz o especialista.

3 – Crescimento nas importações: mesmo em meio a esse cenário as exportações brasileiras cresceram, como soja, milho, manganês, minério de ferro, ou seja, commodities agrícolas e minerais. “Tivemos supersafra de commodities agrícolas, com uma qualidade pecuária bem melhor”, finaliza.

Sobre o Larry Carvalho

O Dr. Larry Carvalho é Advogado e Árbitro com uma vasta experiência em litígios, com ênfase em transporte marítimo, e um extenso registro de assessoria a clubes P&I, armadores, afretadores, proprietários de carga, agentes maritimos e operadores portuários. Durante os anos ele vem representando com sucesso uma ampla gama de clubes da P & I em disputas. No ano de 2017 foi homenageado pela Marinha do Brasil com a medalha “Amigo da Marinha” pela distinção no trabalho de divulgar a mentalidade marítima, no relacionamento com a Marinha, na defesa dos interesses atinentes à Marinha e na divulgação da importância do mar para o país.

Além de ser bastante atuante na segmento de International Trade e Commodities, aconselha importadores e exportadores em relação a legalidades de transações e em disputas com o FISCO, e atua como consultor em claims internacionais, com considerável experiência em arbitragens complexas e procedimentos do Tribunal Marítimo. Atualmente é membros de várias associações nacionais e internacionais. Inclusive,desenvolve a função de Diretor Regional da Associação Brasileira de Estudo Aduaneiro, é mestre em direito marítimo e presidente da Youngship Brasil. Saiba mais: https://bit.ly/2XCqJaG

Banner Add

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Social media & sharing icons powered by UltimatelySocial