Otavio Frias Filho, diretor de redação da ‘Folha de S.Paulo’, morre em SP
Publicado em 21 de agosto de 2018Otavio Frias Filho, diretor de redação da “Folha de S.Paulo”, morreu nesta terça-feira (21), aos 61 anos, em São Paulo. Otavio estava internado no Hospital Sírio Libanês, no Centro da capital, e lutava contra um tumor no pâncreas desde 2017.
O velório será no Cemitério Horto da Paz, em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo, e a cerimônia de cremação às 14h, no mesmo local.
Casado com Fernanda Diamant, editora da revista “Quatro Cinco Um”, deixa duas filhas, Miranda e Emília, e os irmãos Luiz, Maria Cristina e Maria Helena.
Primeiro filho de Dagmar Frias de Oliveira e de Octavio Frias de Oliveira, empresário que comprou em 1962 a “Folha de S.Paulo”, Frias Filho nasceu em São Paulo no dia 7 de junho de 1957. Ele estudou direito e ciências sociais. Assumiu a direção de redação aos 26 anos, criou o Projeto Folha, o Manual de Redação e a função de ombudsman, entre outros feitos. .
Repercussão
O presidente Michel Temer disse que, sob a direção de Otavio, a Folha “tornou-se palco dos grandes debates intelectuais do país”.
A Prefeitura de São Paulo, em nota, disse que Otavio “prestou um grande serviço à cidade”.
“A Prefeitura de São lamenta a morte do jornalista e escritor Otavio Frias Filho e se solidariza com sua família, amigos e leitores. Como diretor de redação da Folha de S.Paulo, por mais de 30 anos, foi um dos grandes responsáveis pela modernização do jornalismo brasileiro a partir dos anos 80. À frente do jornal, formou gerações de jornalistas e comunicadores. Sob seu comando, a Folha tornou-se um dos principais veículos de comunicação, sem jamais deixar de dar relevância à cidade que o abriga. Otavio Frias Filho era um paulistano. Prestou grande serviço a São Paulo”.
O governo do Estado de São Paulo também enviou nota lamentando a morte.
“Governador Márcio França lamenta o falecimento do Diretor de Redação da Folha de São Paulo. O arrojo e o brilho intelectual marcaram a atuação profissional de Otavio Frias Filho. São Paulo e o Brasil estavam no centro de suas preocupações Foi com profunda tristeza que recebi a notícia da morte de Otavio Frias Filho, jornalista, diretor de redação e diretor editorial do Grupo Folha. A abordagem objetiva e apartidária da política, da economia e da cultura que ele imprimiu trouxe prestígio e reconhecimento para o jornal. Ele deixa seu nome gravado na história da imprensa nacional. Sob seu comando, a Folha de São Paulo se tornou um dos mais influentes diários do hemisfério sul. Meus pensamentos e orações estão com sua viúva, filhos e irmãos”.
O presidente do Conselho Editorial do Grupo Globo, João Roberto Marinho, divulgou a seguinte nota de pesar sobre a morte de Otavio Frias Filho:
“Convivi cerca de trinta anos com Otavio Frias Filho. Em todo esse período, pude testemunhar sua paixão por um jornalismo técnico, que levasse ao público os fatos com a maior correção possível, sempre num espírito plural. Foi um vitorioso naquilo que traçou para a Folha de S. Paulo e deixa um legado de realizações. Quero destacar o lado pessoal. Firme em suas posições, nunca abandonou seu jeito gentil, de saber ouvir, de se interessar pelo que o outro dizia, mesmo se discordasse. E um aspecto cada vez mais raro nos dias de hoje: apesar da posição de destaque, sempre preferiu a discrição, qualidade dos que sabem que a obra diz mais do que o homem. Fará muita falta, mas os alicerces que plantou dão a certeza de que a Folha seguirá sua trajetória de êxitos. Nesse instante, em nome do Grupo Globo, expresso nossos sentimentos à família e aos colegas da Folha”.
A cartunista Laerte Coutinho se manifestou nas redes sociais.
O Ministério dos Direitos Humanos manifestou nota de pesar:
“O Ministro Gustavo Rocha, ao tempo em que se solidariza com a família pela inestimável perda, ressalta que a atuação jornalística de Frias Filho muito contribuiu para consolidação de valores caros à democracia brasileira, notadamente o voto direto e a construção de uma imprensa de qualidade e que presa pela pluralidade de opiniões.”
A Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), por meio de seu presidentem, Fernando Marcelo Mendes, manifestou “imenso pesar pelo falecimento do diretor de redação do jornal”:
“Transmitimos nossos sinceros sentimentos aos familiares nesse momento de dor com a perda desse grande jornalista. Em sua trajetória, Otavio Frias Filho sempre atuou com profissionalismo, equilíbrio e ética. Como publisher de um dos mais importantes veículos de comunicação do país, buscou manter linha editorial independente, responsável e dentro de um elevado padrão jornalístico.
Otavio Frias Filho não só honrou o legado deixado pelo pai, fundador do grupo Folha, como modernizou o jornal, ampliou o alcance, estimulou a cobertura crítica e o debate de ideias. Sempre abriu espaço para o contraditório, com respeito aos direitos individuais, coletivos e ao Estado Democrático de Direito.
O Brasil perde um grande empresário, cidadão e jornalista que, por mais de três décadas, se dedicou a levar informação relevante e de qualidade a todo o país por meio das páginas da Folha de S. Paulo.”
A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) lembrou, por meio de nota assinada por Paulo Tonet Camargo, do legado deixado pelo jornalista:
“Otavio Frias deixa um exemplo de dedicação e profissionalismo pelo trabalho exercido ao longo de sua carreira, em especial, como diretor de redação do jornal Folha de S. Paulo e diretor editorial do Grupo Folha.
Merece destaque o compromisso assumido com o jornalismo, sempre pautado na ética e na defesa da liberdade de imprensa e da democracia.
A ABERT presta solidariedade aos amigos, familiares e colegas de trabalho do jornalista neste momento de dor.”
O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Claudio Lamachia, manifestou “profundo pesar pela morte do diretor de redação da ‘Folha'”, e oferece “sua solidariedade aos familiares e amigos neste momento doloroso”.
“Otavio Frias Filho conduziu a Folha de acordo com os mais elevados princípios do jornalismo, que são também fundamentais para o Estado Democrático de Direito, como amplo espaço para o contraditório e para o debate de ideias divergentes.
Diariamente, o jornal apresenta sua visão crítica sobre os fatos mais relevantes do Brasil e do mundo. Sem uma imprensa ativa e crítica, a democracia jamais poderá existir em sua plenitude.
Lembraremos sempre da dedicação e empenho de Otavio Frias Filho ao jornalismo e à democracia por meio das páginas, impressas e virtuais, da Folha de S.Paulo.”
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) lamentou profundamente o falecimento de Otavio Frias Filho. Em nota assinada pelo seu presidente, Robson Braga de Andrade, afirma que o jornalista foi “imprescindível na consolidação de uma imprensa livre, crítica, democrática e pluralista no Brasil”.
“No cargo de diretor de Redação da ‘Folha de S.Paulo’, Frias esteve à frente de um projeto de modernização e de profissionalização da imprensa brasileira que serviu, em grande medida, de exemplo para outros jornais nas últimas três décadas.
Sob sua orientação, a Folha deixou uma forte marca na história recente do país ao cobrir, com ousadia e isenção, os novos rumos da política nacional a partir da redemocratização que se seguiu ao movimento pelas Diretas Já.
De inegável competência jornalística, provada no comando do jornal e em artigos de texto preciso e elegante, Otavio expandiu seu talento para a literatura infantojuvenil e para o teatro. Na dramaturgia, investigou a alma humana em seis peças.
Neste momento de pesar, nossos pensamentos se voltam para a família e os amigos de Otavio Frias Filho, assim como para todos os funcionários do Grupo Folha, na intenção de que encontrem conforto no legado desse destacado jornalista brasileiro.”
G1