PGR apura se Onyx recebeu outros R$ 100 mil por caixa 2; futuro ministro vê denúncia requentada

Publicado em 15 de novembro de 2018

Delatores do grupo J&F entregaram à Procuradoria Geral da República uma planilha que, segundo os colaboradores, comprova que o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), futuro ministro da Casa Civil no governo Jair Bolsonaro, recebeu um segundo repasse de R$ 100 mil por meio de caixa 2 em 2012.
A informação foi publicada na edição desta quarta-feira (14) do jornal “Folha de S.Paulo” e confirmada pela TV Globo. Os documentos foram entregues, segundo advogados do grupo J&F, em maio do ano passado e estão em fase de apuração preliminar. Depois dessa apuração prévia é que a PGR decidirá sobre abertura de inquérito ou arquivamento.
Onyx Lorenzoni se disse um “combatente contra a corrupção” e afirmou que a notícia “requenta uma informação do ano passado” (leia mais abaixo o que disse o deputado).
No ano passado, Lorenzoni admitiu ter obtido da empresa, para a campanha de 2014, R$ 100 mil não declarados à Justiça Eleitoral, por meio de caixa dois. Em relação a esse caso, pediu desculpas. Mas o deputado não havia dado informações sobre 2012, ano de eleições municipais e no qual ele não foi candidato.
O documento revelado pelo jornal indica o recebimento de outros R$ 100 mil em 2012, quantia sobre a qual o deputado ainda não havia dado informações. Conforme os delatores, o repasse foi feito em 30 de agosto de 2012 em dinheiro vivo.
As informações sobre 2012 foram detalhadas pelos delatores Joesley Batista, dono da J&F, Ricardo Saud e Demilton Castro em maio de 2017. A planilha “Doações-2012” foi entregue para confirmar as informações.
A apuração preliminar sobre os repasses de 2012 foi autorizada pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), em junho deste ano.

Deputado contesta
Lorenzoni comentou a reportagem do jornal “Folha de S.Paulo” nesta quarta-feira na sede do gabinete de transição de governo, em Brasília.
O futuro ministro se disse “combatente contra a corrupção” e afirmou que a informação publicada pelo jornal foi requentada.
“Agora, se requenta uma informação do ano passado, dada por alguém que eu não sei quem é, se passo na rua não sei quem é, não conheço, nunca vi”, disse.
Lorenzoni relembrou que no ano passado admitiu ter recebido R$ 100 mil em caixa 2 da JBS, valor não declarado à Justiça Eleitoral. O repasse foi referente à eleição de 2014, quando concorreu e se elegeu deputado federal.
“No episódio de 2014 eu reconheci e fiz o que uma pessoa que carrega a verdade consigo tem que fazer: nada temo, não é a primeira vez que o sistema tenta me envolver com a corrupção. Alto lá! Eu sou um combatente contra a corrupção e essa é a história da minha vida”, disse.
O deputado ainda afirmou que o jornal “Folha de S.Paulo” deseja o “terceiro turno das eleições” e disse não ter medo da publicação, do grupo J&F e de “ninguém”. Ele também reclamou de supostas tentativas de fragilização do futuro governo de Jair Bolsonaro.
Lorenzoni abordou um inquérito arquivado neste ano pelo Supremo Tribunal Federal, que investigou suposta prática de caixa 2 pelo deputado na campanha eleitoral de 2006.
Ele teria recebido, segundo delatores da empreiteira Odebrecht, R$ 175 mil não declarados. O ministro Luiz Fux arquivou o caso por “ausência de indício suficiente de conduta delitiva”.
“Qual foi o resultado [da investigação] depois de um ano e cinco meses? Provei que a planilha era falsa. Disse que nunca tive contato com a Odebrecht. Provei que o senhor Alexandrino de Alencar [ex-executivo da empresa] mentia e sei quem era o “inimigo” e não era eu”. O codinome de Onyx na planilha da Odebrecht seria “Inimigo”.
Ele afirmou que nada teme: “Quando a verdade foi dura contra mim, ela foi usada contra. A verdade para mim é um valor, do qual eu não me afasto. Tenho 24 anos de vida pública sem um processo. Portanto, eu nada temo. Vamos enfrentar isso com altivez”.
G1

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