PM reformado preso por estuprar crianças diz ter medo de morrer na prisão
Publicado em 18 de junho de 2024O policial militar reformado Roberto Emídio Pereira, preso suspeito de estuprar pelo menos três crianças de uma mesma família em Brasília e em Goiás, disse, em conversa com o pai das crianças que foram vítimas dele, que tinha medo de morrer na prisão.
O g1 teve acesso às mensagens em que o policial confessa os abusos contra o menino de 10 anos e diz que não chegou a machucá-lo. Roberto também tenta subornar o pai das crianças e pede que ele retire as queixas, uma vez que as penas são pesadas para policiais.
“Se for a julgamento eu não vou mentir e a pena é pesada para policiais. Risco até de morrer na cela. Tô desesperado aqui”, disse Roberto.
Quem é Roberto
Roberto Emídio Pereira tem 52 anos e foi preso na quarta-feira (12) no apartamento do filho dele, no Bairro Jardim Brasília, em Uberlândia. Conforme a PF, ele é considerado de alta periculosidade.
O policial reformado estava foragido desde agosto de 2023. A prisão foi realizada pela PF com o apoio da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco) e o Grupo de Capturas da Polícia Federal.
O advogado de defesa, Deiber Magalhaes Silva, informou que há um recurso junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) pedindo a revogação do mandado de prisão.
Por ser policial militar reformado, ele está preso no batalhão da PM em Uberlândia.
O crime
Em fevereiro de 2023, um amigo de Roberto há mais de 30 anos, denunciou à Polícia Militar que o filho de 10 anos havia sido abusado sexualmente pelo policial durante uma viagem que fizeram juntos para Caldas Novas (GO).
Segundo a família, eles convidaram Roberto para o passeio e ficaram hospedados no mesmo apartamento. Durante a estadia em Caldas Novas, o policial reformado e o menino de 10 anos dormiram na sala, sendo a criança no sofá e Roberto em um sofá-cama.
Em depoimento, o menino relatou que dormia quando sentiu o “tio Roberto” deitar ao lado, abaixar o short e cometer o abuso. A criança contou, ainda, que após o ocorrido precisou ir ao banheiro se limpar diversas vezes devido a um líquido nas nádegas.
Após a criança contar para os pais sobre o ocorrido, a filha mais velha do casal, de 17 anos, também afirmou que era abusada pelo policial desde os 10 anos e que “não era mais virgem”. Em seguida, a outra filha do amigo, de 14 anos, disse ter sido abusada algumas vezes por Roberto.
Tio, religioso e amigo da família
Roberto e o pai das crianças se conhecem desde 1991 quando serviram o serviço militar obrigatório no Distrito Federal. Segundo ele, o policial nasceu e viveu por um tempo em Pires do Rio (GO), se mudando para Uberlândia em seguida, onde ingressou na Polícia Militar do Estado de Minas Gerais (PMMG).
Até a data do crime, Roberto Emídio estava na reserva remunerada da PM e fazia parte de um moto clube de agentes da segurança pública, em Águas Claras (GO). Ele também se mostrava bastante religioso e fazia parte de uma igreja evangélica, em Uberlândia.
De acordo com o delegado da PF, Felipe Garcia, o policial se aproveitava da religiosidade para criar uma falsa reputação de bom homem e se aproximar das famílias das crianças abusadas.
Roberto mantinha uma imagem de homem tradicional e explorava o cargo na policia para ganhar a confiança das pessoas. Ele se aproveitava dos momentos que ficava sozinho com as vítimas para cometer os abusos.
Ao todo, o policial responde pelos crimes de estupro de vulnerável e ameaça.
Foto: Polícia Civil/Divulgação
G1