PMDB questiona protesto contra Temer na Virada; Haddad vê censura

Publicado em 24 de maio de 2016

viradaO prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), afirmou na manhã desta terça-feira (24) que críticas de parlamentares do PMDB na Câmara Municipal sobre manifestações contrárias ao presidente em exercício, Michel Temer, durante a Virada Cultural neste final de semana são “censura”. A bancada do PMDB ingressou com uma representação ao procurador-geral de Justiça, Gianpaolo Smanio, contra o suposto uso da máquina pública para incitar a população contra Temer.
“O argumento de que a responsabilidade por esses protestos cabe aos artistas não se sustenta, tendo em vista que estavam ali sob o patrocínio de dinheiro público, que não tem cor partidária, credo religioso ou convicções religiosas”, diz a representação assinada pelos vereadores George Hato, Nelo Rodolfo e Ricardo Nunes (PMDB).
Durante shows, artistas mostraram faixas “Fora Temer” e a frase “Temer Jamais” foi exibida em um telão durante a apresentação do cantor Criolo. Também uma folha de papel com “Temer Jamais” foi exibido por integrantes do Nação Zumbi. Várias pessoas do público também exibiam esta folha.
“Eu não posso censurar, o PMDB tá pedindo censura. Primeiro quer extinguir o Ministério da Cultura, depois quer introduzir a censura na cultura. Está ficando cada vez mais difícil com a classe artística. Vamos reconhecer que a extinção do Ministério da Cultura gerou no Brasil inteiro mobilizações que não têm nada a ver com a prefeitura, é um elemento político. E não sei se já está confirmado a recriação. Enfim, a classe artística se insurgiu contra esta medida no Brasil inteiro e no momento em que acontece a Virada, você vai censurar o artista. Não tem como fazer isso”, disse o prefeito durante coletiva sobre a Parada Gay nesta terça.
“A gente contrata artista não é por viés ideológico. Todo mundo é contratado por São Paulo, Lobão já fez show na Virada na minha gestão, Leci Brandão, Criolo, tem de tudo na Virada e a liberdade de expressão do artista sobretudo, censura não dá””, completou.
O prefeito afirmou que a exibição nos painéis durante as apresentaçãoes são de controle do artista. “O que ele vai cantar, o que ele vai dizer no palco, como a plateia vai reagir. Nada passa por censura. A não ser que se crie uma instância de censura? O PMDB está propondo uma instância de censura? Acho que é factóide política, querer fazer graça, aparecer do que outra coisa”.

Criolo
Teve tom de culto engajado e pregação de “paz & amor” o show que o messiânico Criolo fez neste domingo (22) na Virada Cultural. Perto do fim da apresentação do rapper, o telão ao fundo do Palco Julio Prestes exibiu por cerca de 30 segundos a mensagem “Temer jamais”.
O próprio rapper, contudo, não chegou a citar políticos em nenhum de seus discursos (optou por falar de “amor, cidadania” etc.). Apenas pediu que o DJ repetisse um sampler em que se ouvia: “Quando o colarinho branco dá o golpe”.
Já seu parceiro de cena, MC Dan-Dan, mostrou uma folha de sulfite com a mesma mensagem “Temer jamais” (depois ainda gritou “Fora!”) e também exibiu uma faixa em que se lia “ocupa tudo”.
Coube a Dan-Dan, por sinal, as falas mais abertamente engajadas, protestando contra homofobia, racismo e machismo. Tudo “por amor”, segundo ele, que mencionou defender ainda as ocupações nas escolas.
Criolo entrou usando uma camisa comemorativa do Corinthians com a frase Democracia 1982. Mais tarde, ele faria um momento Beyoncé ao sair do palco e mudar o figurino. A nova camiseta tinha a frase “Ainda há tempo” estampada.
Acompanhado apenas de Dan-Dan e de um DJ, o rapper foi celebrado o tempo todo pelo imenso público diante do Palco Julio Prestes. O povo só parou de cantar junto para gritar “Fora, Temer” de tempos em tempos, sem que Criolo comentasse diretamente o assunto.
G1

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