Polícia descarta que menino tenha sido jogado de apartamento em SP

Publicado em 18 de setembro de 2015

Câmeras de segurança do prédio em Taboão da Serra, na Grande São Paulo, onde o menino Gustavo Storto, de 5 anos, morreu após cair do 26º andar mostram que a mãe não estava no apartamento no momento da queda do filho, segundo a Polícia Civil, que descarta que a criança tenha sido jogada. As investigações indicam que a morte foi acidental.
“Não havia ninguém na casa naquele momento além da criança. Então, dentro dessa linha, através de uma demonstração matemática não tinha como ela ser jogada. Nenhuma linha é descartada, mas tudo aquilo que conseguimos matematicamente nos mostra que essa hipótese é a menos viável de todas”, disse o delegado Gilson Leite Campinas.
Apesar disso, a mãe Juliana Storto deve responder por homicídio culposo, quando não há intenção de matar, motivado pela negligência. A mãe informou à polícia que deixou o menino dormindo sozinho e foi buscar o namorado na Estação Morumbi da CPTM, na Zona Sul de São Paulo. Quando chegou, encontrou as luzes acesas e duas cadeiras no box do banheiro. Ao olhar para baixo, viu o garoto no estacionamento.
“Foi uma omissão relevante, é um abandono agravado. Tenho que trabalhar com dados concretos, vou apresentar ao MP os fatos concretos. O tipo penal quem vai decidir é a Justiça.”
A criança caiu perto da meia-noite, quando ela não estava mais no prédio – a mãe saiu às 22h54 e voltou à 0h, segundo as imagens das câmeras de segurança. A polícia diz que ela retornou cerca de 10 minutos após a queda. Segundo as investigações, a gritaria relatada por testemunhas foi o desespero da mãe quando percebeu que o menino havia caído.
A polícia acredita que a criança pode ter acordado com os fogos ou a comemoração durante os jogos de futebol na noite desta quarta-feira (16). A janela do banheiro era a única do apartamento sem tela e foi de onde, segundo os peritos, o menino caiu.
O delegado destacou que “não houve nenhum tipo de discussão ou briga nesse dia”.
“Tudo encaminha para o indiciamento por homicídio culposo. Ela tinha o dever de cuidar da criança, então, ela não cuidou. Vamos ver a configuração do relacionamento familiar dela, ambiente de trabalho, o ambiente escolar da criança. Isso me indica a relevância da omissão e do abandono.”

Família do pai
Os pais da criança estavam separados há três ou quatro meses, segundo a polícia. A família do pai de Gustavo, Giovanni Storto, também acredita em acidente. “Foi um acidente, mas foi negligência. Deixar sozinho é revoltante”, afirmou o tio, Giuliano Storto, durante o velório.
Ele definiu o menino como “muito inteligente e com vontade de viver” e contou que Giovanni adorava levar o filho para o jogo do São Paulo. Segundo Giuliano, o casamento do irmão com a mãe começou em 2009, e a separação ocorreu em junho deste ano. O casal ainda não havia se divorciado oficialmente, mas estavam vendo os papéis. “Nem a chave do apartamento ele tinha mais”, disse.
O pai foi ao Instituto Médico Legal (IML) de Taboão da Serra para liberar o corpo na manhã desta quinta. “Ele é lindo”, disse Giovanni Storto, muito abalado. No IML, ele estava acompanhado da mãe, avó do menino, chorava muito e não quis gravar entrevista. O corpo de Gustavo foi enterrado no Cemitério de Itapevi, também na Grande São Paulo, às 16h50.
O edifício fica na Avenida Aprígio Bezerra da Silva, perto da Rodovia Régis Bittencourt. O SPTV mostrou que a janela do banheiro de apartamento vizinho, igual a do apartamento de Gustavo, tinha 1,60 m de altura, e 60 cm de largura. Duas cadeiras, uma maior embaixo, e uma menor, infantil, em cima, foram encontradas próxima à janela.

Testemunhas
A Polícia Civil já ouviu nove testemunhas sobre o caso: três policiais que atenderam a ocorrência, dois funcionários do prédio, sendo um deles o porteiro que trabalhava no edifício na noite de quarta, dois moradores, a mãe do menino e o namorado dela.
Um vizinho de Gustavo, que mora três andares abaixo, disse que ouviu uma gritaria pouco antes da queda na noite desta quarta-feira.
“Eu estava assistindo o jogo, tinha acabado de terminar o jogo, fui para a sacada tomar um vento, vi o movimento, daqui a pouco eu escuto uma gritaria e um silêncio. De repente, eu vejo o corpo caindo e espatifando no chão”, disse o vizinho Reinaldo Costa Júnior, que mora três andares abaixo do apartamento do menino.
“Eu e minha irmã descemos para tampar o corpo porque tinha criança embaixo, para não ver o estrago. A gente desceu correndo, pegou uma manta, tampou o corpo e foi chamar o segurança”, completou o vizinho.
Outro vizinho, o professor Fábio Garcia Kiss, do 1º andar, também estava assistindo ao jogo de futebol, e disse que ouviu “um barulho seco”, “muito grande”. “Uma vizinha gritou’ pelo amor de Deus’, eu desci e encontrei o corpo no estacionamento”, disse.
Tanto Fábio como Reinaldo afirmaram que o menino estava vestido, com tênis e segurava uma mochila ou lancheira. A Secretaria da Segurança informou que a lancheira foi apreendida. “Nós ouvimos uma gritaria e criança chorando. Pensamos que era normal, mas eu estava na cozinha e meu filho falou: mãe, olha lá embaixo, um corpo”, disse a vizinha Sueli Andrade Dantas ao SPTV.
Inicialmente, dois vizinhos disseram ao SPTV que ouviram uma briga entre a mãe e o namorado antes do acidente. Mas, por meio de nota, a Secretaria da Segurança informou que uma pessoa que deu entrevista sobre a briga desmentiu em depoimento.
G1

Banner Add

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Social media & sharing icons powered by UltimatelySocial