Policial bolsonarista que matou tesoureiro do PT vira réu. Ministério Público entende que crime teve motivação política
Publicado em 21 de julho de 2022O policial penal federal Jorge Guaranho virou réu por homicídio duplamente qualificado do tesoureiro do PT Marcelo Arruda.
A decisão é do juiz Gustavo Germano Francisco Arguello, que acolheu a denúncia oferecida mais cedo pelo Ministério Público do Paraná.
O juiz acolheu a avaliação do MP de que Guaranho agiu por motivo fútil decorrente de “preferências político-partidárias antagônicas” e que o policial colocou a vida de mais pessoas ao efetuar os disparos no salão de festas.
“Apesar de a jurisprudência majoritária dos tribunais superiores entender que a decisão de recebimento da denúncia não exige fundamentação, cumpre observar, de modo sucinto, que o caderno investigatório possui a presença de indícios suficientes de autoria e prova de materialidade do crime tipificado no art. 121, § 2º, inciso II e III, in fine, do Código Penal, bem como que restam preenchidos os requisitos do artigo 41 do Código de Processo Penal, razão pela qual RECEBO A DENÚNCIA oferecida em desfavor de JORGE JOSÉ DA ROCHA GUARANHO”, diz trecho da decisão.
O juiz determina que Guaranho seja notificado e que o policial tem dez dias para apresentar defesa e testemunhas a serem ouvidas.
Em nota, o advogado de defesa da família de Arruda, Ian Vargas, afirmou que, “independente da tipificação legal, do enquadramento da qualificadora do homicídio, foi fundamental, o reconhecimento pelo Ministério Público de que a motivação política foi o principal elemento causador desse homicídio brutal”.
“O fato de ser afirmado que a motivação que o segundo momento, do retorno do Guaranho ao local do crime, tem total ligação com sua motivação inicial, reconhece que o motivo foi, de fato, a intolerância política. No que pese existir uma lacuna legislativa quanto a crime de ódio, restou evidente que seu assassinato representou uma violação a tratados internacionais e a constituição federal, pois o exercício do direito de expressão de sua ideológica política partidária de Marcelo foi o que motivou seu homicídio”, completou a defesa.
O crime
O crime aconteceu em 9 de julho. Marcelo Arruda foi baleado na própria festa de aniversário, que tinha como tema o PT e o ex-presidente Lula. Ao ser atingido por Guaranho, o petista revidou e baleou o policial.
Arruda chegou a ser levado ao Hospital Municipal, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. Jorge Guaranho segue internado no hospital, sem previsão de alta.
G1