Presidente do Haiti, Jovenel Moise, é assassinado a tiros dentro de casa

Publicado em 8 de julho de 2021

O presidente do Haiti, Jovenel Moïse, foi assassinado dentro da residência oficial na madrugada desta quarta-feira (7), de acordo com o premiê do país, Claude Joseph. A primeira-dama, Martine Marie Etienne Joseph Moïse, também foi baleada. Os autores do ataque ainda não foram identificados. As informações foram confirmadas pelas agências internacionais Reuters, EFE e AFP.
Joseph repudiou o “ato odioso, inumano e bárbaro” e pediu calma. “Todas as medidas para garantir a continuidade do Estado e proteger a Nação foram tomadas. A democracia e a República vão vencer”, afirmou.
O país passa por uma intensa crise política e econômica. Desde 2018, milhares de haitianos marcham pelas ruas do país e pedem melhores condições de vida. Os protestos começaram depois do aumento do preço da gasolina, em 2018, e causaram a renúncia do então primeiro-ministro, Jack Guy Lafontant.
Neste ano, os protestos pediam a renúncia de Moise, um empresário do setor da banana que chegou ao cargo sem experiência política.

Novas eleições
Ontem, o recém-nomeado e novo primeiro-ministro do Haiti, Ariel Henry, garantiu que sua prioridade seria a preparação das eleições, que devem ocorrer em um “ambiente favorável”, evento que parece remoto diante da atual instabilidade neste país caribenho.
“Minha missão é simples. O presidente me instruiu a criar um ambiente propício à organização de eleições inclusivas, com alta participação”, disse ele em entrevista exclusiva por telefone à AFP.
Jovenel Moïse havia nomeado o médico Ariel Henry como primeiro-ministro na segunda-feira (5). Henry é o sétimo a ocupar o cargo em 4 anos. “Hoje trabalho na formação do meu governo”, sublinhou o novo premiê, que ocupará o lugar de Joseph, nomeado em meados de abril.
O Haiti, a nação mais pobre do continente americano, é atormentado pela insegurança, especialmente por sequestros de resgate realizados por gangues. O presidente Moïse, que era acusado de inação diante da crise, enfrentava forte desconfiança de grande parte da população civil.
Nesse contexto, gerando temores de uma virada para a anarquia generalizada, o Conselho de Segurança da ONU, os Estados Unidos e a Europa já consideravam a realização de eleições legislativas e presidenciais livres e transparentes como uma prioridade até o final de 2021.
O presidente tinha estabelecido como objetivos “formar um governo aberto”, “resolver o flagrante problema da insegurança” e trabalhar “pela realização das eleições gerais e do referendo”, disse Henry.
Este referendo constitucional, inicialmente previsto para 27 de junho e posteriormente adiado em meio à crise, era promovido por Moïse, mas amplamente contestado pela oposição. O presidente era acusado de desrespeitar as disposições da Constituição em vigor.

PRISÃO E MORTE
À noite, pessoas consideradas suspeitas de participarem do assassinatos foram detidos, informou a agência France Presse citando a Secretaria de Estado. Não há informação sobre quem são esses detidos e quantos são.
As línguas oficiais do país, que vive grave crise política, econômica e social, são o francês e o crioulo haitiano.
Ele pediu à população “que se acalme” e afirmou que “a situação da segurança no país está sob o controle da Polícia Nacional haitiana e das Forças Armadas do Haiti”. “Todas as medidas estão sendo tomadas para garantir a continuidade do Estado e proteger a nação”.
Horas depois, o premiê interino decretou estado de emergência no país. Ainda não está claro quem vai assumir a presidência do Haiti, pois:
• Joseph não chegou a ser oficializado no cargo de primeiro-ministro, por isso ocupa o posto interinamente;
• O presidente da Suprema Corte, que poderia assumir a Presidência, segundo a Constituição, morreu de Covid-19 no mês passado e ainda não foi substituído.

Crise política
O Haiti vive uma grave crise política, econômica e social. Jovenel Moise dissolveu o Parlamento e governava por decreto há mais de um ano, após o país não conseguir realizar eleições legislativas, e queria promover uma polêmica reforma constitucional.
A oposição o acusava de tentar aumentar seu poder, inclusive com um decreto que limitava os poderes de um tribunal que fiscaliza contratos governamentais e outro que criava uma agência de inteligência que respondia apenas ao presidente.
Ele dizia que ficaria no cargo até 7 de fevereiro de 2022, em uma interpretação da Constituição rejeitada pela oposição. Para eles, o mandato do presidente havia terminado em 7 de fevereiro deste ano.
Em fevereiro, autoridades do país disseram ter frustrado uma “tentativa de golpe” de Estado contra o presidente, que também seria alvo de um atentado malsucedido (veja no vídeo abaixo).
Mais de 20 pessoas foram presas na ocasião, inclusive um juiz federal do Tribunal de Cassação e a inspetora-geral da Polícia Nacional.

FOTO: JEAN MARC HERVE ABELARD/EFE
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