STF aceita notícia crime contra ministro Ricardo Salles. Cármen Lúcia será relatora de pedido de investigação
Publicado em 17 de abril de 2021A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia foi sorteada nesta sexta-feira (16) relatora da notícia-crime apresentada pela Polícia Federal contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.
Como relatora, Cármen Lúcia poderá decidir individualmente se determina a abertura de uma investigação sobre a conduta de Salles ou se manda arquivar o pedido da PF. A ministra também pode levar o tema ao plenário do Supremo.
A magistrada também será relatora de outra notícia-crime apresentada pelo PDT, contra o ministro, por fatos semelhantes aos apontados pela PF. Não há prazo para que Cármen Lúcia tome uma decisão.
Então superintendente da PF no Amazonas, o delegado Alexandre Saraiva acionou o STF na última quarta (14) para apontar possível atuação de Salles e do senador Telmário Mota (Pros-RR) para atrapalhar investigações ambientais na Amazônia.
A denúncia está relacionada a um suposto beneficiamento de madeireiros ilegais na Amazônia, o que facilita a grilagem de terra na Região Norte.
No documento, Saraiva cita a possibilidade de ocorrência dos crimes de advocacia administrativa, organização criminosa e o crime de “obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Poder Público no trato de questões ambientais.” No dia seguinte ao envio da notícia-crime, Saraiva foi tirado do comando da PF no Pará.
No fim do ano passado, mais de 200 mil metros cúbicos no valor de R$ 130 milhões de madeira foram apreendidos na Operação Handroanthus. Salles e Telmário têm feito declarações contrárias à operação da Polícia Federal que levou à apreensão, além de defender a aparente legalidade do material e dos madeireiros investigados.
Em março, o ministro inclusive chegou a visitar a região e se reunir com os madeireiros para tratar do tema, e fez postagens em redes sociais defendendo que seja dada solução célere ao caso.
Para Saraiva, Salles e Telmário tiveram uma parceria com o setor madeireiro “no intento de causar obstáculos à investigação de crimes ambientais e de buscar patrocínio de interesses privados e ilegítimos perante a Administração Pública.”
Em nota, o senador Telmário Mota acusou o delegado Alexandre Saraiva de “buscar holofotes” com a notícia-crime, dizendo que ela é “sem fundamento e elaborada apenas para ganhar espaço na mídia e nas redes sociais” e nega ter praticado as condutas.
A TV Globo procurou o Ministério do Meio Ambiente e aguardava resposta até a última atualização desta reportagem.
G1