Suspeita de matar jovem grávida e tirar feto do útero confirma crime. Polícia evita invasão e linchamento na delegacia

Publicado em 15 de outubro de 2016

miriamApós se entregar à polícia, Mirian Aparecida Siqueira (foto) confirmou que matou a jovem Valíssia Fernandes de Jesus, grávida de oito meses, e tirou o feto do útero da vítima, em Pitangueiras (SP). A afirmação é do delegado Maurício José Nucci, que registrou o depoimento da suspeita na tarde desta sexta-feira (14).
De acordo com o delegado, Mirian confessou que as duas tiveram um desentendimento na tarde de quarta-feira (12) porque a adolescente havia prometido entregar-lhe o bebê logo após o nascimento, mas acabou desistindo do suposto acordo. A vítima e o bebê morreram depois da suspeita esfaquear Valíssia.
“Ela disse que mantinha amizade com a Valíssia já fazia dois anos. Elas se desentenderam, discutiram, e a Mirian acabou esfaqueando a Valíssia. Disse ainda que retirou o feto do útero porque imaginava que o bebê pudesse estar vivo, e queria o bebê para ela”, afirmou.
O delegado disse, porém, que não acredita na versão apresentada pela suspeita do crime. Em depoimento, Mirian negou que conheceu Valíssia em um ensaio fotográfico para gestantes, como afirmou a irmã da vítima à polícia.
“É uma versão dela. Uma versão que, pelas nossas investigações, não se sustenta. Ainda são necessários os exames periciais, foram requisitados exames necroscópicos, e também algumas testemunhas precisam ser ouvidas”, explicou o delegado.
Também no depoimento à polícia, Mirian disse que acreditava estar grávida do marido, mas, depois de um tempo, percebeu que não. Foi então que ela e Valíssia fizeram o suposto acordo para que o bebê da adolescente fosse entregue a ela, após o nascimento.
“Ela confirmou que imaginava estar grávida. Porém, agora, ela tem consciência que não tem uma gravidez. Ela alega que não sofre de nenhum transtorno psiquiátrico ou psicológico, não toma remédios, não usa álcool ou droga”, afirmou o delegado.
Mirian permanece detida na delegacia de Pitangueiras, enquanto a Justiça avalia o pedido de prisão temporária por 30 dias, feito pela Polícia Civil. A suspeita também disse ao delegado que lavou e escondeu a faca usada no crime.
“Ela própria assume que cometeu o crime sozinha. Ela disse que lavou a faca, retirou todos os vestígios de sangue e guardou na própria casa. Então, nós estamos fazendo diligências para recuperar essa faca”, concluiu.

valissiaHomicídio
O corpo de Valíssia foi achado pelo marido da suspeita dentro de um tambor de plástico no quintal da casa da família no fim da tarde de quarta-feira (12). O feto estava no banheiro da residência, próximo a um saco de lixo, onde estava parte do útero.
Em depoimento, o marido contou que, antes do crime, viu a mulher e a adolescente chegando ao imóvel, mas saiu em seguida. Ao voltar, encontrou Mirian lavando o quintal e não desconfiou de nada. Ele entrou, pegou a carteira e saiu novamente.
Quando voltou para casa pela segunda vez, o marido disse ter encontrado Mirian na calçada, visivelmente nervosa. Segundo ele, a mulher contou que pegou uma faca e golpeou Valíssia no abdômen, após ser agredida por ela.
Segundo o delegado, o marido também disse em depoimento que Mirian relatou ter sofrido um aborto espontâneo após ser agredida por Valíssia e que o feto no banheiro era do casal. Entretanto, não foram encontrados indícios do suposto aborto.

Falsa gravidez
A irmã da vítima, Élida Fernanda Silva Pessoa, contou que Valíssia conheceu Mirian em um estúdio fotográfico. Na tarde de quarta-feira, a suspeita foi até a casa da adolescente dizendo que iria presenteá-la com um sapatinho de bebê, que ela própria confeccionou.
Élida contou que esteve com o marido da suspeita na manhã de quinta-feira (13). O homem disse, segundo ela, que também não sabia sobre a falsa gravidez, porque a mulher tinha consultas médicas frequentes e estava comprando o enxoval do bebê.
De acordo com o delegado, a própria família de Mirian desconfiava de uma falsa gravidez, porque ela não apresentou nenhum exame durante a suposta gestação. O marido também nunca a acompanhou nas consultas de pré-natal.
Nucci afirmou que, em fotos publicadas em uma rede social, Mirian chegou a exibir uma barriga, mas, para o delegado, o volume era resultado de excesso de peso. O delegado aguarda exame de DNA do feto e análises do Instituto Médico Legal (IML) de Barretos (SP).

INVASÃO E LINCHAMENTO
Policiais precisaram jogar bombas de efeito moral e dar tiros para evitar o linchamento da suspeita de matar uma adolescente grávida e retirar o feto do útero da vítima, em Pitangueiras (SP). A confusão ocorreu durante a prisão de Mirian Aparecida Siqueira, que se apresentou à Polícia Civil e confessou o crime na tarde desta sexta-feira (14).
A suspeita não possui advogado constituído para comentar o caso. Segundo o delegado Maurício José Nucci, ela ficará presa temporariamente por 30 dias. Por questões de segurança, a Polícia Civil não informou para qual cadeia ela foi transferida.
Mirian é suspeita de esfaquear e matar a adolescente Valíssia Fernandes de Jesus, que estava grávida de oito meses, em Pitangueiras, na quarta-feira (12). Segundo a polícia, após matar a jovem de 15 anos, Mirian abriu o abdômen dela com uma faca e retirou o feto do útero. Para o delegado, a suspeita é de que Mirian tenha gravidez psicológica e pretendia ficar com o bebê da vítima.
Mirian se apresentou à Polícia Civil no final da manhã, em Sertãozinho (SP), e foi levada para a delegacia de Pitanguiras. Do lado de fora, moradores tentaram derrubar os portões e invadir o local, onde a suspeita prestava depoimento.
Para conter a tentativa de invasão, policiais, militares e civis, armados tentaram conter as cerca de 100 pessoas que estavam no local. Eles dispararam para o alto e bombas de efeito moral também foram jogadas em direção à população.
Alguns moradores tentaram avançar contra os policiais com pedaços de pau e pedras e a Força Tática da PM precisou ser acionada. Balas de borracha também foram usadas para conter o tumulto em frente à delegacia. A confusão durou 15 minutos.

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G1

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