Veja o que dizem os políticos citados na delação de Sérgio Machado

Publicado em 16 de junho de 2016

O ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado revelou, em acordo de delação na Operação Lava Jato, que repassou propina a pelo menos 20 políticos.
Nos depoimentos, ele cita pedidos de doações eleitorais de parlamentares de PMDB, PT, PP, DEM, PSDB e PC do B. Machado diz ainda que alguns políticos receberam também dinheiro em espécie.
O conteúdo da delação veio à tona nesta quarta-feira (15), após homologação do Supremo Tribunal Federal (STF). Em troca da colaboração, Machado pode ter a pena reduzida, se for condenado por algum crime.

Alguns destaques dos depoimentos:
– Machado diz que repassou propina a mais de 20 políticos;
– a propina, segundo ele, era paga por meio de doações eleitorais oficiais;
– alguns políticos também receberam dinheiro em espécie, diz ele;
– Machado diz que Michel Temer pediu doação de R$ 1,5 milhão para Gabriel Chalita (o pedido de doação foi revelado pelo Jornal Nacional em maio, na época sem citar o valor);
– O delator relatou que, na eleição de 1998, Aécio Neves recebeu R$ 1 milhão ilegalmente;
– e que Renan Calheiros tinha “mesada” de R$ 300 mil;
– Jucá recebeu, ao todo, R$ 21 milhões em propinas, contou o delator;
– Machado diz ter pago propina de R$ 1,55 milhão, entre 2008 e 2014, a Henrique Alves;
– o ex-ministro de Minas e Energia Edison Lobão pediu R$ 500 mil por mês;

Procurada, a Transpetro informou que analisa o conteúdo das delações de Sérgio Machado e de seus filhos, que “é vítima da prática de delitos” e que, como tal, será beneficiada pela multa a ser paga pelo delator.

A empresa ressalta ainda que “atua em conjunto com a Petrobras e colabora com os Órgãos Externos de Controle, Ministério Público e Poder Judiciário”.
VEJA, ABAIXO, O QUE DIZEM OS POLÍTICOS CITADOS POR SÉRGIO MACHADO:

Michel Temer
O presidente em exercício, Michel Temer, divulgou nota em que afirma que “em toda a sua vida pública, sempre respeitou estritamente os limites legais para buscar recursos para campanhas eleitorais”.

No texto, Temer diz que “é absolutamente inverídica a versão de que teria solicitado recursos ilícitos ao ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado – pessoa com quem mantinha relacionamento apenas formal e sem nenhuma proximidade” (leia a íntegra ao fim da reportagem).
Renan Calheiros
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) disse em entrevista que o delator “não prova nada” que possa comprometê-lo.

“Nunca autorizei ninguém para falar em meu nome em nenhum lugar. Todas as doações que recebi em campanhas foram legais e com contas prestadas à Justiça e aprovadas. De modo que eu não tenho absolutamente nada a temer”, declarou o senador.

Posteriormente, em nota, Renan acrescentou que “jamais recebeu recursos de caixa dois ou vantagens de quem quer que seja”
Jucá e Edison Lobão
Responsável pelas defesas do ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) e dos senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e Edison Lobão (PMDB-MA), o criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, afirmou que eles negam “peremptoriamente” terem recebido qualquer valor, “a qualquer título”, de Sérgio Machado.

“Esta delação tem que ser vista com muita ressalva, dadas as circunstâncias em que foi feita, para impedir a prisão de dois filhos dele [Machado]”, declarou o advogado.

Sarney Filho
Em nota, o ministro Sarney Filho chamou o ex-presidente da Transpetro de “monstro moral”, “picareta” e “marginal” que, segundo ele, “chegou ao cúmulo de gravar uma pessoa de 86 anos no leito de hospital”.
Sarney Filho disse ainda que dizer que doações oficiais, amplamente publicizadas e aprovadas pela Justiça Eleitoral, seriam produto de ‘vantagens indevidas’, pedidas por meu pai, é muito fácil para um picareta que, como ele, não teve o pudor de usar seus três filhos na roubalheira bilionária que promoveu”.
“Vi esse marginal várias vezes na casa de meu pai, de quem se dizia amigo, porém nunca conversamos nada que levantasse de minha parte a menor suspeita sobre o bandido que ele é”, concluiu o minist na nota.

Henrique Eduardo Alves
O ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, do PMDB, chamou de “levianas e irresponsáveis” as declarações de Machado.

Ele diz que nas eleições de 2008 e 2012, como presidente do partido, os “eventuais pedidos de doações foram para as campanhas municipais, obedecendo a lei vigente, sempre com registro na Justiça Eleitoral”.

Sobre suas próprias campanhas, ele afirma que as doações foram oficiais, e que as prestações de contas foram aprovadas e estão disponíveis no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O ministro diz estar à disposição da Justiça e “confiante de que as ilações envolvendo seu nome serão prontamente esclarecidas”.

PMDB
Em nota, o PMDB diz que “sempre arrecadou recursos seguindo os parâmetros legais em vigência no país”, acrescentanto que “doações de empresas eram permitidas e perfeitamente de acordo com as normas da Justiça Eleitoral nas eleições citadas”.

O texto afirma que, “em todos esses anos, após fiscalização e análise acurada do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), todas as contas do PMDB foram aprovadas não sendo encontrados nenhum indício de irregularidade”.

PT
O partido foi procurado, mas não havia retornado até a última atualização desta nota.

Francisco Dornelles
Por meio de assessoria, o governador em exercício do RJ, Francisco Dornelles, disse que não disputou eleições em 2008, 2010 e 2012. “Todas as doações relativas a eleições que disputou foram informadas e aprovadas pelos tribunais competentes”, afirmou.

Walter Alves
Em nota, o deputado federal Walter Alves (PMDB-RN) afirmou que o próprio delator ressalta que as doações eleitorais foram oficiais, “sem nenhuma troca de favor, benesse ou vantagem de qualquer natureza.
Garibaldi Alves
O senador Garibaldi Alves (PMDB-RN) afirmou em nota que o próprio delator, quando cita seu nome, afirma que as doações eleitorais “foram oficiais e sem nenhuma troca de favor, benesse ou vantagem de qualquer natureza”.
Aécio Neves
Em nota, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) diz que as acusações são “falsas e covardes de quem, no afã de apagar seus crimes e conquistar os benefícios de uma delação premiada, não hesita em mentir e caluniar” (leia a íntegra ao fim da reportagem).

Fernando Henrique Cardoso
O ex-presidente Fernando Henrique diz que desconhece os assuntos mencionados na delação de Sérgio Machado.

PSDB (Sérgio Guerra)
O PSDB divulgou nota em que diz repudiar “as falsas acusações feitas pelo delator envolvendo lideranças do partido”. Nos depoimentos, Machado cita o ex-deputado tucano Sérgio Guerra, ex-presidente do partido, morto em 2014.

Segundo o partido, as afirmações são “descabidas e contraditórias, que não guardam qualquer relação com os fatos políticos da época” (leia a íntegra ao fim da reportagem).

Teotonio Vilela Filho
O ex-senador e ex-governador Teotonio Vilela Filho diz que repudia veementemente as declarações do senhor Sérgio Machado sobre o PSDB e afirma o seu interesse pelo pleno esclarecimento dos fatos, confiante na ética, na transparência e no compromisso público que sempre pautaram a sua vida política.

Luiz Carlos Mendonça de Barros
O ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros afirmou que não participou da campanha de reeleição de Fernando Henrique Cardoso em 1998, muito menos na função de coordenador, como disse Sergio Machado.

“Nessa época, com a morte do ex-ministro Sergio Motta, fui chamado para o Ministério das Comunicações com objetivo especifico de levar a cabo o processo de privatização do sistema Telebrás. Logo após cumprir com êxito a missão, deixei o governo”, disse.

Jader Barbalho
Por meio de nota, o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) diz que “jamais recebeu favores” de Machado. “Somos incompatíveis desde que deixei o Senado, em 2001. Não falo e nem tenho nenhum tipo de aproximação com ele há 15 anos. Jamais recebi nenhum tipo de favor desse canalha. Estou à disposição da Justiça para verificação de minha conta bancária”, diz o comunicado.

José Agripino Maia
O senador José Agripino Maia (DEM-RN) afirmou, em nota, que as doações que buscou como presidente do DEM “foram obtidas sem intermediação de terceiros, mediante solicitações feitas diretamente aos dirigentes das empresas doadoras”.

Ele destacou ainda que, por ser presidente de um partido de oposição, não teria nenhuma contrapartida a oferecer a qualquer empresa que se dispusesse a fazer doação em troca de favores de governo. Agripino informou ainda que “as doações recebidas – todas de origem lícita – foram objeto de prestação de contas, devidamente aprovadas pela Justiça Eleitoral”.

Felipe Maia
O deputado federal Felipe Maia (DEM-RN) afirma, em nota, que “todas as doações recebidas foram devidamente contabilizadas e aprovadas pela Justiça Eleitoral” e diz que foi “surpreendido” com a citação de seu nome.

Valdir Raupp
O senador Valdir Raupp (PMDB-RO) diz por meio de sua assessoria que “repudia com veemência as ilações” de Machado e afirma nunca ter solicitado a ele doações para campanhas eleitorais. “Portanto, são mentirosas e descabidas as citações.”.

Cândido Vaccarezza
A defesa do ex-deputado do PT Cândido Vaccarezza classificou de “absurda” a denúncia e disse que ele nunca tratou de doações de campanha com o ex-presidente da subsidiária da Petrobras. “Quando Sérgio Machado entrou no governo federal, Vaccarezza era deputado estadual”, afirmou.

Luiz Sérgio
O deputado Luiz Sérgio (PT-RJ) afirmou que todo o dinheiro utilizado em sua campanha foi declarado à Justiça Eleitoral. “A regra hoje é financiamento privado de campanha, o que se recebe das empresas como doação é declarado. Eu fiz o que a legislação permite. A declaração à Justiça é uma demonstração clara de boa fé, quem pratica corrupção não declara doação”, afirmou.

Edson Santos
O ex-deputado e ex-ministro Edson Santos, do PT, afirmou que é “absurda” a acusação de Machado de que ele recebeu dinheiro de propina.

“Fui presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Indústria Marítima Brasileira e tive relação com a Transpetro por este motivo. Não houve nada fora do script. Não procurei Sérgio Machado para pedir propina. Minha relação pessoal com ele não chegava a esse nível de intimidade. A doação foi legal e está registrada no TSE. Estou mais pobre do que quando entrei na política. O delator está desviando o foco da investigação, quem tem milhões lá fora deve ser o foco, e não doações legais de empresas”, afirmou Santos.

Jandira Feghali
A deputada Jandira Feghali (PCdoB) admitiu, em nota, ter se reunido com Machado, mas em situações relacionadas à indústria naval. Ela diz que “todas as doações recebidas em campanhas eleitorais foram lícitas, registradas e aprovadas pela Justiça Eleitoral” (leia a íntegra ao final da reportagem).

Ideli Salvatti
Em nota, a ex-ministra Ideli Salvatti, do PT, diz que “não faz declarações a respeito de delações de réus confessos sem ter acesso ao texto”.

Ela acrescena que “as doações à sua campanha eleitoral ao governo de Santa Catarina em 2010 foram declaradas e aprovadas pelos órgãos competentes, e que sua conduta pública é regida pelos princípios da ética, moral e legalidade”.
Heráclito Fortes
A assessoria do deputado Heráclito Fortes (PSB-PI) informou que o parlamentar estava fora do país e que só vai se pronunciar nesta quinta-feira (16).

Jorge Bittar
O presidente da Telebras, Jorge Bittar, informou que ele nunca teve contato ou reunião com Sérgio Machado para pedir recursos para campanha eleitoral, e que todas as doações recebidas “foram feitas de forma legal e devidamente registradas junto à Justiça Eleitoral.”

Gabriel Chalita
Por meio de nota, Gabriel Chalita informou, por nota que não conhece Sérgio Machado e que, ” portanto, nunca lhe pedi recursos ou qualquer outro tipo de auxílio à minha campanha”. O ex-deputado também enfatizou que os recursos recebidos para sua campanha “foram legais, fiscalizados e aprovados pelo Tribunal Regional Eleitoral.”

Dimas Toledo
Em nota, o ex-diretor de Furnas Dimas Toledo diz que o delator não traz qualquer fato concreto, limitando-se à mera especulação irresponsável sem qualquer comprovação.

Ele ressalta que, mais de uma vez, “afirmou que jamais foi indicado pelo Senador Aécio Neves para qualquer função pública e que não tem conhecimento de qualquer suposto esquema de captação de recursos ilícitos em Furnas, fato de todo improvável dada a rigorosa fiscalização a que submetida a empresa”.
Luiz Nascimento
O ex-presidente da Camargo Corrêa não foi localizado.

Transpetro
A Transpetro informou que analisa o conteúdo das delações de Sérgio Machado e de seus filhos, que “é vítima da prática de delitos” e que, como tal, será beneficiada pela multa a ser paga pelo delator.

A empresa ressalta ainda que “atua em conjunto com a Petrobras e colabora com os Órgãos Externos de Controle, Ministério Público e Poder Judiciário”.

Queiroz Galvão
A Queiroz Galvão informa que não comenta investigações em andamento e diz que todas as doações eleitorais que fez “obedecem a Legislação”.

Camargo Corrêa
A Camargo Corrêa afirma que “colabora com a Justiça por meio de um acordo de leniência.”

Galvão Engenharia
A Galvão Engenharia diz que não vai comentar.

Odebrecht
A Odebrecht disse que não vai se manifestar sobre a delação de Machado.

JBS
A JBS foi procurada, mas não retornou até a última atualização desta nota.

NOTA DE MICHEL TEMER

Em toda a sua vida pública, o presidente em exercício Michel Temer sempre respeitou estritamente os limites legais para buscar recursos para campanhas eleitorais. Jamais permitiu arrecadação fora dos ditames da lei, seja para si, para o partido e, muito menos, para outros candidatos que, eventualmente, apoiou em disputas.

É absolutamente inverídica a versão de que teria solicitado recursos ilícitos ao ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado – pessoa com quem mantinha relacionamento apenas formal e sem nenhuma proximidade.

NOTA DE RENAN CALHEIROS
O Senador Renan Calheiros reafirma que jamais recebeu recursos de caixa dois ou vantagens de quem quer que seja. Todas as doações de campanhas eleitorais ocorreram na forma da Lei, com as prestações de contas aprovadas pela Justiça.
O senador não conhece Felipe Parente e nenhum dos filhos de Sérgio Machado. Mesmo se tratando de denúncia em que o depoente afirma ter “subentendido”, o senador está à disposição, uma vez que já prestou dois depoimentos e fará quantos outros forem necessários.
O senador Renan Calheiros jamais credenciou, autorizou ou consentiu que terceiras pessoas falassem em seu nome em qualquer circunstância. Por fim, o senador afirma que não indicou o delator Machado para Transpetro, como afirmou o próprio Sérgio Machado.

NOTA DO PSDB
O PSDB repudia as falsas acusações feitas pelo delator Sérgio Machado, envolvendo lideranças do partido. As mentiras ditas e que fazem referência a nomes do PSDB na articulação e recebimento de recursos de caixa 2, na campanha eleitoral de 1998, são afirmações feitas no desespero de quem está tentando se livrar da responsabilidade pelos crimes que cometeu.
São afirmações descabidas e contraditórias, que não guardam qualquer relação com os fatos políticos da época.
Delações premiadas são uma conquista da sociedade e não podem se transformar em acusações sem provas, em instrumento de manipulação da verdade e em esconderijo de interesses inconfessáveis de criminosos.
O PSDB confia que as investigações revelarão a verdade dos fatos, assim como os interesses dos que se escondem por trás das calúnias.

NOTA DE AÉCIO NEVES
São acusações falsas e covardes de quem, no afã de apagar seus crimes e conquistar os benefícios de uma delação premiada, não hesita em mentir e caluniar. Qualquer pessoa que acompanha a cena política brasileira sabe que, em 1998, sequer se cogitava a minha candidatura à presidência da Câmara dos Deputados, o que só ocorreu muito depois. Essa eleição foi amplamente acompanhada pela imprensa e se deu exclusivamente a partir de um entendimento político no qual o PSDB apoiaria o candidato do PMDB à presidência do Senado e o PMDB apoiaria o candidato do PSDB à presidência da Câmara dos Deputados. A afirmação feita não possui sequer sustentação nos fatos políticos ocorridos à época.

NOTA DE JANDIRA FEGHALI

Sobre o conteúdo do depoimento do Sr. Sérgio Machado, amplamente divulgado hoje, informo que:
1. Nunca neguei que estive em algumas ocasiões com o então presidente da Transpetro, Sérgio Machado. Foram encontros públicos, reuniões do setor da indústria naval, inaugurações, episódios vinculados aos mais de 30 anos de luta em apoio e soerguimento do setor naval e defesa de seus trabalhadores;
2. Todas as doações recebidas em minhas campanhas eleitorais foram lícitas, registradas e aprovadas pela Justiça Eleitoral;
3. Nunca conheci ou participei de qualquer conduta, ou esquema criminoso envolvendo a Transpetro e jamais aceitaria doações se pudesse supor serem de origem ilícita;
4. Repudio a tentativa de criminalizar as doações feitas segundo as leis à época vigentes, portanto legais e públicas e qualquer tentativa de vincular meu nome ao recebimento de propina;
5. O autor de tais afirmações será criminalmente processado por calúnia e difamação;
6. Se Sérgio Machado reconhece e participou de esquema de corrupção que o beneficiou, que responda por seus atos.

G1

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