Vigilante grava vídeo antes de morrer e diz que comprou bebê

Publicado em 28 de dezembro de 2016

O vigilante Rosimar Borges da Silva Sousa, de 38 anos, gravou um vídeo antes de morrer dizendo que comprou um bebê pelo valor de R$ 7 mil. Segundo a polícia, a suspeita é que ele foi assassinado a mando da ex-esposa por ameaçar contar à polícia sobre o registro irregular da criança, que atualmente tem 9 anos.
A ex-mulher, a professora Simone de Sousa Faria, de 43 anos, o filho dela, Hugo Sérgio Faria de Sousa Melo, de 23 anos, o pai, Sebastião Gonçalves de Faria, de 70, e o atual namorado José Tiago Alves Gomes, de 29 anos, foram presos nesta terça-feira (27) suspeitos do crime. Segundo o delegado Carlos Caetano, da Delegacia Estadual de Investigações de Homicídios (DIH), eles pagaram R$ 5 mil para Alexandre Rafael Oliveira Benevides, amigo de Hugo, cometer o crime.
No vídeo enviado para a irmã, Rosimar conta toda a história. Ele começa o relato falando que o relacionamento com a ex-mulher foi “um dos maiores erros” da sua vida. “Meu maior sonho era ter um filho. Como eu não podia ter filho, cheguei até minha mãe e falei que a Simone estava grávida e isso era uma mentira. E eu não desmenti. Desesperado, saimos em Goiânia atrás de uma garota de rua, uma prostituta que quisesse dar a criança”, disse.
O homem conta que chegou a viajar para a cidade de Mundo Novo atrás de mulheres que pudessem dar ou vender bebês. Porém, não acharam nenhuma que estivesse com o período de gestação compativel com o que Simone supostamente teria.
“Nós descobrimos uma moça que queria dar uma criança, uma noiada, e estava no mesmo tempo de gravidez, sete meses. Eu fui até a casa dela e, na época, ela me cobrou R$ 7 mil pela criança e tudo que todo o gasto com hospital seria por minha conta. E eu resolvi pagar”, contou.
Apesar do vídeo, a polícia ainda vai investigar se realmente houve o pagamento do valor ou se a criança foi obtida de outra maneira, como por sequestro, por exemplo.
O crime aconteceu no dia 4 de novembro de 2014, no Bairro São Carlos. Segundo a polícia, ao se separar de Simone, Rosimar queria contar sobre a compra do bebê. “Eles [suspeitos] queriam ocultar essa situação da criança, que não é filha legítima dela. O pai dela também tinha um interesse em um acerto trabalhista, porque devia dinheiro ao Rosimar, que trabalhou para ele. José Tiago queria substituí-lo, e o pistoleiro teve vantagem financeira. A mulher nega, mas nós temos provas técnicas muito contundentes”, disse o delegado.
Segundo Carlos Caetano, no dia do assassinato, Simone ligou para o vigilante para saber onde ele estava. “Em seguida, ela telefonou para o filho, o Hugo, para dizer onde que ele estava. Ele foi até lá com o Alexandre Rafael, que efetuou cinco disparos de arma de fogo”, contou o delegado.
Todos eles vão responder por homicídio triplamente qualificado. Sebastião, o pai de Simone, foi colocado em liberdade pela Justiça, na última semana, e deve responder também por formação de quadrilha. Já o jovem apontado como autor dos disparos segue foragido.
Com a prisão dos parentes, a criança foi encaminhada pelo Conselho Tutelar a um abrigo do Centro de Valorização da Mulher (Cevam) enquanto a Polícia Civil tenta localizar a mãe biológica.

Falsa gravidez
Simone afirmou em depoimento à polícia que ela e Rosimar sonhavam em ter um filho, mas ela não conseguia engravidar. Segundo relatou, o ex-marido conheceu uma suposta moradora de rua, que estava grávida de um menino e iria abortar o bebê, e a convenceu a dar o filho para o casal. De acordo com a Polícia Civil, a professora simulou um parto em um hospital da capital.
“A mãe biológica deu entrada na unidade para fazer o parto portando todos os documentos da Simone. Pelo que apuramos até então, elas ficaram em quartos próximos e a criança ficou com a professora logo após o parto. A impressão digital no cartão de vacinação é o da Simone. Agora, a gente vai investigar como se deu a negociação deste bebê, hoje uma criança de 9 anos”, afirmou.
Além do homicídio, Simone vai responder por formação de quadrilha, estelionato e por dar ao parto alheio o próprio, que é um crime que existia na época do fato.
G1

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